PROTEUS EDUCAÇÃO PATRIMONIAL 22 ANOS

PROTEUS EDUCAÇÃO PATRIMONIAL 22 ANOS

domingo, 3 de maio de 2009

Se Eu Fosse Você
Autor: Carlos Henrique Rangel

Se eu fosse você
Cuidaria de mim
E dos meus
E dos meus lugares
E minha memória
E minha história...
E o que lembra minha história...
Para ser mais “Eu”
Quero dizer, “Você”...

Se eu fosse você
Não seria você...
Seria eu em você...
Você se perderia
No meu “Eu”...
Não Seria “Você”...

Se eu fosse você...
E não sou... Graças a Deus!
Para o seu bem
E o meu...
E o da humanidade...

O melhor
Seria... E é
Que você seja “Você”
Em toda sua sabedoria
E eu seja “Eu”
Com a minha falsa modéstia...

Em nossa singularidade
A certeza da diversidade
Da renovação...
Da compreensão...
Da transformação consciente...
Da preservação dos “Eus”
No contexto coletivo.



Cotidiano o Espírito do Lugar
Autor: Carlos Henrique Rangel

As meninas passaram sorrindo.
Duas crianças e uma adolescente...
O carro virou a esquina...
A moça loura passou a mão no cabelo...
O velho com a flor...

O vento soprou e uma flor voou sobre o carro.
Uma buzina tocou...
A mãe xingou a criança...
E o velho com a flor...

O homem de preto olhou.
Outro carro virou.
A música ... Era linda...
A moto berrou...
E o velho com a flor...

O namorado beijou a menina.
Um carro vermelho desfilou sua beleza.
A farmácia fechou...
E o velho com a flor...

A polícia olhou.
Um menino correu.
Uma cerveja chegou...
Gente com compras...
Uma bíblia na mão...
Um moço de óculos escreveu...
E o velho com a flor...
Uma moça passou.
Um moço mexeu...
Mãe e filha...
Moço e moça...
Carro...
Um jovem andou.
Outro carro passou.
Um neném chorou...
Outra folha voou...
Nuvens de chuva...

Na esquina
O VELHO COM A FLOR...


Consideração
Autor: Carlos Henrique Rangel

Não sei sempre o que pensam.
Não sei muitas vezes
o que consideram.
Sei o que penso
E o que considero...
Que pode ser
O que pensam
E consideram...

Ou não...

Muitas vezes
O que considero
E penso
É o que considera
O meu grupo
Os que estão comigo
Naquele espaço.
Outras...
Não...

Mas o que considero
E penso e gosto
E que também
Os meus
Gostam, pensam
E consideram
É bom e queremos
Que fique
Para que outros
Depois de nós
Considerem, gostem
Pensem, repitam,
Melhorem
E transmitam.

Provocação
Autor: Carlos Henrique Rangel

TODA PRODUÇÃO CULTURAL
É DIGNA DE PROTEÇÃO?

E a produção em si?
É digna de proteção?

Proteger o quê?
Proteger como?
Proteger por que?
Por que quero?
Por que outro quer?
Por que muitos querem?
Um grupo quer?

TODA PRODUÇÃO CULTURAL
É DIGNA DE PROTEÇÃO?

Por que sim?
Porque não?
Quem decide?
Eu?
Você?
Nós?
O culto?
O oculto?
O de fora?
O de dentro?
O alienígena?

TODA PRODUÇÃO CULTURAL
É DIGNA DE PROTEÇÃO?


Mineiro
AUTOR: Carlos Henrique Rangel


Quando nasci
um anjo negro
Me disse: Vai Carlos
ser mineiro no mundo.
EU FUI...
e na corrida pelos quatro cantos
do mundo mineiro
tento mineirar o mundo...
Por que Minas
já disseram: São Muitas...
cercadas de Brasil
por todos os lados...
E de Mundo...

Mas o mundo mineiro,
de uais e trens
de palavras escondidas
e sotaque de poeta
é um só em sua
diversidade.

Quando nasci
um anjo branco e cabelos dourados
com olhos de diamante
e mãos de ferro
disse: Vai Carlos,
mineirar o mundo,
diga a todos o que é
que o mineiro tem...
E tem: ouro na lembrança.
Medos barrocos.
Igrejas aos montes
e montes... Verdes
E montes de ferro e café...
E leite...
E tem mineiro,
esse ser tão brasileiro...

Quando nasci
um anjo vermelho me disse:
Vai Carlos,
ser um mestiço mineiro...
EU FUI.


Velhas
Autor: Carlos Henrique Rangel

Havia um Rio.
E no Rio havia velhas
E no Rio das Velhas
Havia peixes
E ao redor,
onças, pacas, cutias...
E o verde das matas
E o ouro...
E o ouro...

Havia um Rio
com velhas...
E depois
Homens e bateias...
Homens e mulheres
E crianças
E igrejas
E roças
E cidades...

Havia um Rio
que foi das velhas
Que foi dos peixes...
Que em seu redor
um dia teve matas
com onças
com pacas
E cutias...
Agora...
cidades
E seus vestígios...

Há um Rio
de nome Velhas
com velhas histórias
com velhas lembranças...
Sem peixes
Sem mata
Sem onça, pacas, cutias...
Sem ouro...
Levando ao Mar
o descartável
o podre
o nojento
do mundo ao seu redor...
Ainda há um Rio...
De nome Velhas
Resistente
Persistente
paciente ... Doente...
PACIENTE...

Ainda há um Rio...
E ao seu redor, gente
Até quando?

Nenhum comentário:

Postar um comentário