PROTEUS EDUCAÇÃO PATRIMONIAL 22 ANOS

PROTEUS EDUCAÇÃO PATRIMONIAL 22 ANOS

sábado, 21 de maio de 2011

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL - PROJETOS

PROJETOS DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL




A ESTAÇÃO CENTRAL DO RECIFE NOS TRILHOS DA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL:

http://www.eca.usp.br/turismocultural/6.Esta%C3%A7%C3%A3o_Central_Recife_Josilene.pdf






RELATÓRIO DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL EM PIRANGUINHO:
http://issuu.com/phcpiranguinho/docs/relatorio-educacao-patrimonial-piranguinho


Programa Regional de Educação Patrimonial da Fronteira Meridional


do RS (Memoriar).


Relatório Final (1ª parte): cidades de Aceguá, Arroio Grande, Bagé, Capão do Leão, Cerrito e Jaguarão:
http://www.ufpel.edu.br/ich/memoriaemrede/wp/wp-content/uploads/2010/09/CERQUEIRA_Fabio.pdf


IDENTIDADE E HISTÓRIA

http://www.posgrap.ufs.br/periodicos/revista_forum_identidades/revistas/ARQ_FORUM_IND_1_2/GT_03.pdf


EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NO CEMITÉRIO:

http://biblioteconomiaepatrimonio.blogspot.com/2008/06/educao-patrimonial-no-cemitrio-da-santa_24.html

quarta-feira, 18 de maio de 2011

PATRIMÔNIO CULTURAL - HOSPITAL DE ENTRE RIOS

HOSPITAL CASSIANO CAMPOLINA



INFORME HISTÓRICO
Autores: Carlos Henrique Rangel, Cristina Pereira Nunes e Lilian Oliveira


Introdução


Desde os primeiros agrupamentos humanos, o cuidado com os doentes sempre foi visto como uma responsabilidade da vida comunitária. Inicialmente as organizações religiosas da antiguidade assumiram para si o cuidado dos enfermos. No entanto o surgimento de instituições médicas especificamente dedicadas ao abrigo e tratamento de doentes aconteceu em Roma, ainda que os motivos fossem econômicos e militares.

Com a ascensão do cristianismo, surgiram os primeiros hospitais de caridade, que combinavam as funções médicas e sociais. Posteriormente as atribuições foram claramente definidas principalmente no século XII, em Constantinopla (Império Romano do Oriente), onde o hospital adquiriu um caráter institucional, apresentando serviço de ambulatório e enfermarias cirúrgicas.
No ocidente , o desenvolvimento do hospital como instituição foi mais lento. A maneira como as ordens monásticas medievais cuidavam de seus irmãos doentes, influenciaram a sociedade , uma vez que estendiam a assistência aos peregrinos e viajantes.
Aos poucos, a iniciativa na criação de estabelecimentos hospitalares foi se diversificando. Reis , rainhas, clérigos poderosos, comerciantes ricos, irmandades e a municipalidade passaram a assumir instituições, visando o atendimento de doentes, pobres, velhos e indigentes sem contudo perder o caráter filantrópico e espiritual característico do período medieval.


Mudanças sociais e a prosperidade das cidades afetaram a organização das instituições. As autoridades municipais passaram a assumir a administração dos hospitais, cabendo à igreja o atendimento aos enfermos.
A partir do século XVII, a concepção do hospital como local para tratamento de doentes foi ampliada, passando a ser utilizado como centro de estudos e ensino de medicina. Nos séculos XVIII e XIX, influências políticas e sociais favoreceram o desenvolvimento de hospitais em toda a Europa e Estados Unidos, principalmente em função do mercantilismo. A questão da saúde passou a ser vista como uma questão nacional de desenvolvimento. Ainda assim, os hospitais fundados neste período não foram empreendimentos governamentais, sendo frutos dos esforços voluntários de cidadãos, doações e subscrições.
No Brasil, durante o período colonial até meados do século XIX, a assistência hospitalar ficou a cargo de instituições como as Santas Casas de Misericórdia e unidades filantrópicas ou militares. A partir da segunda metade dos oitocentos, surgiram as primeiras casas de saúde particulares no Rio de Janeiro com finalidades terapêuticas e até mesmo lucrativas, que influenciam na reorganização das Santas Casas de Misericórdia, devido principalmente à disciplinização do ambiente hospitalar e eficiência do funcionamento .
Neste contexto, se insere o hospital Cassiano Campolina, nascido da visão do grande fazendeiro Cassiano Campolina, que juntamente com seus amigos e colaboradores resgatou o espírito filantrópico e humanitário que permeou a história das instituições hospitalares, aliando-o à medicalização e organização.


O hospital de Entre Rios de Minas, representa juntamente com o antigo Instituto do Radium (Hospital Borges da Costa) em Belo Horizonte, um testemunho da modernização médica mineira nos primeiros anos da década de 20. Sua importância se destaca ainda mais por ser o único em funcionamento, mantendo praticamentente intacto o belo projeto arquitetônico de Edgar Nascentes Coelho.


Cassiano Campolina , o fundador


Filho do Major José Caetano da Silva Campolina e de D. Francisca de Paula Ferreira, Cassiano Antônio da Silva Campolina, nasceu no antigo distrito de São Bras do Suaçuí, em 10 de julho de 1836.
Aficcionado por cavalos e encenações das Cavalhadas, tornou-se conhecido por possuir em sua fazenda do Tanque, os melhores animais da região.

Segundo Sérgio Beck, por ocasião da inauguração da linha férrea de Queluz (Atual município Conselheiro Lafaiete), Cassiano Campolina ficou encarregado da organização e comando do Partido Cristão da Cavalhada realizada para homenagear D. Pedro II, presente ao evento. Neste dia no entanto, a esperada vitória dos cristãos não ocorreu. Os mouros comandados por outros fazendeiros, emocionados com a visita do soberano, venceram a competição. Cassiano assumiu a responsabilidade pela derrota do Partido Cristão, atribuindo-a ao fato de serem seus animais quase exclusivamente de andadura, prometendo obter animais mais fortes para uma desforra no futuro. A partir de então, passou a selecionar cavalos visando não só às competições da Cavalhada, mas ao comércio. Percebeu o mercado para animais de maior porte e agilidade, destinados principalmente à tração e a montaria. Depois de vários anos de percistente trabalho, de seleção através de cruzamentos de várias raças, surgiu na Fazenda do Tanque, o cavalo denominado “Campolina”, nova raça de grande porte, agilidade e força, que atendia as exigências do mercado nacional .


Quando faleceu, em 26 de julho de 1904, Cassiano Campolina era um conceituado fazendeiro, solteiro e sem herdeiros diretos, rico em posses e amigos.


O Testamento


Algum tempo antes de sua morte, na Fazenda do Tanque, Cassiano teria confidenciado a seu amigo Joaquim Pacheco de Resende, que em seu testamento havia constituído a ele e a João Ribeiro , seus herdeiros universais. Surpreso, Joaquim Pacheco pediu a anulação do testamento solicitando outro, no qual os bens estariam destinados à fundação de um hospital em Entre Rios.


Acatando a sugestão do amigo, no dia 22 de fevereiro de 1903, Cassiano fez e assinou novo testamento, deixando a maior parte de seus bens para a construção de um grande hospital que levaria seu nome, destinado a suprir a carência do município e da região.


Conforme o documento, foram nomeados testamenteiros, em primeiro lugar, João Ribeiro de Oliveira e em segundo e terceiro respectivamente, João Baptista de Oliveira e Sousa e o Tenente-Coronel Joaquim Pacheco de Resende. Para a fundação, instalação e patrimônio do Hospital Cassiano Campolina, foram destinados todo o dinheiro em “moeda metálica, papel, apólices do governo e quaesquer outros títulos públicos ou particulares que representem valor pecuniário”, somando 750 : 000 $000. A execução da obra ficaria a cargo da Associação do Pão de Santo Antônio e no caso de sua extinção, o testamenteiro convidaria trinta homens “de reconhecida probidade” para elegerem o Provedor dentre os testamenteiros. Para o orçamento e planta do edifício e suas dependências ficaria reservado em apólice a quantia necessária para o patrimônio que seria inviolável, usando-se os juros para a sua conservação e custeio. A administração seria exercida por seculares eleitos pelo Conselho.


Na visão do benfeitor , o Hospital, sem fins lucrativos, atenderia qualquer enfermidade , inclusive a loucura. Os pobres receberiam tratamento gratuito, tendo preferência na admissão, em primeiro lugar, os do município de Entre Rios, os do Estado de Minas Gerais e por último o de outros Estados da União e os estrangeiros. Os doentes que pudessem pagar teriam acomodações decentes e separadas, a preços módicos.



Quanto a posse da Fazenda do Tanque, sua grande propriedade, Cassiano Campolina resolveu:

“Deixo em legado ao meu testamenteiro o Tenente-Coronel Joaquim Pacheco de Rezende ou a seus filhos, si eu a elle sobreviver, a minha fazenda denominada - Tanque - com os seus retiros e bem-feitoria, moveis, animaes de criar e de trabalho nella existentes, por occasião de meu fallecimento (excepção de alguns objetos, que deixo como lembraça material e que constarão de uma lista que deixo separada deste), como onus delle legatario ou seus successores, entrarem com a quantia de 250:000$000,livres de direitos nacionaes, em 10 prestações eguaes e annuaes, sendo a primeira no primeiro mez de Janeiro, logo depois do meu fallecimento e as demais nos Janeiros seguintes, cujas prestações serão incorporadas ao fundo patrimonial do Hospital, creado por disposição deste testamento; e si o legatario ou seus sucessores não acceitarem o legado assim clausulado, serão os ditos immoveis, moveis e semoventes vendidos em hasta publica, podendo os terrenos e os animaes serem divididos em lotes afim de facilitar a acquisição dos licitantes, e o producto da venda terá o mesmo destino acima indicado, isto é, será incorporado ao fundo patrimonial do Hospital, deixado por disposição deste testamento.”



A Irmandade


Após a sua morte, pouco mais de um ano depois da elaboração do testamento, iniciaram-se os esforços para fazer cumprir os desejos do grande criador de cavalos.
No dia 24 de agosto de 1904, em reunião realizada na casa do testamenteiro João Ribeiro de Oliveira, os irmãos da Associação do Pão de Santo Antônio, votaram pela desistência dos encargos solicitados em testamento por Cassiano Campolina, considerando principalmente que a organização e fundação de um hospital de caráter leigo extrapolava as suas funções estritamente religiosas. Uma vez que o documento previa a nomeação de trinta homens para assumirem as funções em caso de empedimento da associação do Pão de Santo Antônio, ponderaram que não havia prejuízo ao intento humanitário.


Cinco dias depois foi realizada uma nova reunião para a organização da Irmandade encarregada da construção do Hospital Cassiano Campolina. Aurélio Ribeiro de Oliveira apresentou um projeto de Estatutos que após discussão, foi aprovado e transformado em lei pelos vinte e quatro irmãos presentes.
Pelos Estatutos, o futuro Hospital Cassiano Campolina teria como fim, prestar socorros médicos-cirúrgicos aos doentes pobres que o solicitassem, dando preferência em primeiro lugar aos da cidade e município de Entre Rios, em segundo aos de outros pontos do Estado e em terceiro e quarto lugares aos outros Estados e aos estrangeiros. O Hospital prestaria socorros aos doentes que pudessem tratar-se em seus domicílios e àqueles que pudessem pagar e quisessem utilizar os seus serviços mediante pequena remuneração.


O patrimônio da nova instituição hospitalar e tudo sobre ele, ficaria a cargo da Irmandade constituída por trinta homens escolhidos pelo Testamenteiro, com cargo vitalício, perdendo o lugar por morte, renúncia, “condenação em pena infamante” e ou em caso de incapacidade física ou moral. Os novos irmãos seriam eleitos secretamente por maioria absoluta de votos.
O hospital seria administrado por uma diretoria composta de um Provedor, um Secretário, um Tesoureiro e oito irmãos, constituindo a “Mesa Administrativa”. Ao Provedor e Presidente da Mesa caberia dentre outras atribuições, presidir e dirigir as sessões da Irmandade e da Mesa Administrativa, representar a Irmandade em juízo ou fora dele, fiscalizar os encargos do Tesoureiro e Secretário, executar e fazer executar os Estatutos e deliberações da Irmandade.
Esta Mesa Administrativa passaria a se reunir no segundo domingo de cada mês, para discutir assuntos relativos à Administração da Irmandade.


Segundo os Estatutos o patrimônio do Hospital ficou constituído por imóveis que dessem renda e por fundos públicos da União e do Estado de Minas, divididos em duas partes. Uma disponível a juízo da Mesa Administrativa ou da Irmandade e outra denominada patrimônio inviolável, formado por bens imóveis que dessem renda ou por fundos públicos inalienáveis doados ao Hospital pelo fundador e outros. O legado de Cassiano Campolina, seria convertido em apólices inalienáveis do Estado, deduzida a parte necessária para a fundação do Hospital. A receita adviria dos juros de apólices e títulos diversos, alugueis, pensões de doentes, renda da farmácia , donativos, subvenções dos poderes públicos e dinheiro em conta corrente.
Para a construção do Hospital foi criada uma Comissão, composta pelo Provedor, Tesoureiro, Secretário e mais um irmão, que teriam de prestar contas mensalmente à Mesa Administrativa, podendo despender 300:000$000, ( trezentos contos de réis).
Nesta primeira reunião da Irmandade na qual se aprovou os Estatutos, foram eleitos para a Mesa Administrativa o Monsenhor Antônio da Silva Leão como Provedor, Aurélio Ribeiro de Oliveira como Tesoureiro e Alfredo Ribeiro de Oliveira como Secretário. Para compor a Comissão Construtora designaram o Dr. Arthur Ribeiro de Oliveira . Para mesários foram nomeados o Dr. Balbino Ribeiro da Silva, João Ribeiro de Oliveira, João Baptista de Oliveira e Sousa, Tenente-Coronel Joaquim Pacheco Resende, Com. dor Francisco Ribeiro de Oliveira, Coronel, Joaquim Ribeiro de Oliveira, o major Francisco Bernardes de Moura e Esperidião Ribeiro de Oliveira.



A construção do Hospital



Em 3 de janeiro de 1905, a Mesa Administrativa, visando a construção do Hospital, adquiriu por 1:500$ 000, o sobrado e terrenos do irmão João Baptista de Oliveira e Souza, situados na Rua da Batalha. Os terrenos anexos foram comprados mais tarde, a Herculano Pacheco, Mariano Vaz e outros.


Em 26 de dezembro de 1905, a sessão extraordinária da Irmandade aprovou a proposta do mesário Dr. Balbino Ribeiro da Silva para elaboração de um contrato entre a Irmandade e a Câmara Municipal, para trazer a água potável à cidade, necessária para a construção e manutenção do Hospital, despendendo para esse fim a quantia de 60:000$000. Nesta reunião aprovou-se a autorização para que a Comissão Construtora iniciasse a contratação dos serviços para a elaboração da planta e orçamento do Hospital, podendo dispor da quantia máxima de R. 5: 000$000.



O Dr. Arthur Ribeiro , membro da Comissão Construtora, contratou os serviços do renomado arquiteto Edgar Nascentes Coelho para a elaboração do Projeto que foi concluído em 6 de março de 1906, “satisfazendo todos os requisitos da sciencia médico cirúrgica e da hygiene” Visando o início das obras, foi assinado no mês de julho de 1906, um contrato de locação de serviços com Marçal Pacheco de Souza para o fornecimento de oitocentos mil tijolos. A pedra fundamental do edifício foi solenemente lançada em 6 de dezembro do mesmo ano.


O contrato com a Câmara Municipal foi lavrado nas notas do Cartório do 1º ofício em 12 de janeiro de 1906, obedecendo as cláusulas contidas na Lei n.º 108 de 15 de janeiro do mesmo ano. Para os serviços de abastecimento d’água, a Câmara contratou Dr. Ludgero Dolabella, que captou a água da Serra do Gambá a 10 250 metros. Os trabalhos iniciados em junho sob a direção do Sr. Marçal Pacheco de Souza, foram concluídos em 10 de outubro de 1906.


Segundo o Sr. Arnaldo de Oliveira Rezende, ex-Provedor do
Quase um ano depois de iniciadas as obras, a Comissão Construtora havia consumido nos esforços para a obra, a quantia total de Rs 175:363$934. A enfermaria geral dos homens estava engradada e pronta para receber o telhado . Todo o edifício, inclusive a fachada principal bastante adiantada, foi travado a ferro. Devido ao eleva o preço do cal e seu grande consumo, iniciou-se a exploração das imediações em busca de jazidas de pedra calcária.
Acatando as observações do médico operador, Dr. Hermenegildo Villaça, a Comissão, em acordo com o mestre de obras Sr. Antônio de Paula Nunes, alterou o projeto original aumentando a altura do pé direito, mudando o lugar da sala de operações e acrescentando dez quartos no espaço das duas áreas centrais.
Em 19 de julho de 1908, o Mestre de Obras, Antônio de Paula Nunes se retirou dos serviços, ficando a direção da obra a cargo de Francisco Santos . Neste ano, os serviços prosseguiam bem, apesar do número insuficiente de operários. O prédio estava todo coberto, “embarrotado e com o guarnecimento e revestimento externo”. A Comissão reclamava das despesas com materiais como telhas, tabuas de cedro, cal e com o transporte deste material considerado caro. Entretanto, apesar das dificuldades, a Comissão conseguiu concluir a construção do grandioso mausoléu para o fundador , Cassiano Campolina, em frente ao Hospital , no cemitério da Matriz. Na década de 60, a Prefeitura Municipal conseguiu junto a Arquidiocese de Mariana, a doação da área do cemitério para construção da atual praça existente em frente ao Hospital. Devido a esse fato a Irmandade pensou em transferir o Mausoléu de Cassiano Campolina para os jardins internos do Hospital ou até mesmo para o outro cemitério. No entanto, foi construído no local um monumento em mármore, com um busto do fundador , sob o qual se encontram seus restos mortais.
No ano de 1909, as dificuldades quanto a mão de obra persistiam, mas a Comissão já previa o funcionamento do Hospital para os primeiros meses do ano seguinte.A Irmandade aprovou para isto, verbas para a manutenção das irmãs Caridade, capelão, médico, enfermeiras, criadas, alimentos, material cirúrgico, utensílios e alfaias para a capela.



O Hospital . Primeiros anos



A inauguração do Hospital aconteceu em 1910. Segundo Antônio Venceslao Dutra, (que trabalhou com o pai José Dutra na olaria fabricando tijolos para sua construção), a festa aconteceu num domingo e contou com a presença de pessoas de todas as localidades vizinhas, como Piracema, São Brás do Suaçui, Lagoinha, Jeceaba, Serra, Desterro e outros.A abertura foi feita pela Banda dos Baêtas , sob a regência do Capitão Severino Salustiano da Silva. Após missa realizada pelo Monsenhor Antônio da Silva Leão, houve uma queima de fogos, e a noite, uma quadrilha encerrou a festa.
Como previsto pela Irmandade, em 1910, iniciou-se um serviço provisório de enfermaria, atendendo-se a 08 doentes. O Dr. Balbino Ribeiro da Silva, foi contratado para os primeiros serviços médicos, recebendo naquele ano 500$000. As obras, no entanto, persistiram. Faltava acabamento das salas de operações e a fachada da Capela e o término das obras da enfermaria das mulheres.


Para a pintura da Capela, foram contratados os serviços do pintor e construtor Francisco Tamietti, especializado em pinturas de marmorizados, estuques, paisagens e retratos , com grande atuação em Belo Horizonte onde já havia realizado trabalhos no Teatro Municipal, no salão nobre da antiga Escola Normal, no forro da sala de sessões do Senado Mineiro, dentre outros. Quanto as pinturas realizadas no hall, refeitório, sala da Provedoria e Tesouraria, não foram encontradas informações sobre autoria.

O contrato para a locação dos serviços das Irmãs Servas do Espírito Santo, foram assinados entre a Irmandade e a Superiora, Irmã Walburgis Semitez em 1º de fevereiro de 1912. Pelo acordado as Irmãs teriam dentro do Hospital, uma área reservada com quartos de dormir e sala de jantar sujeitos a clausura. A Irmã Superiora teria autoridade sobre os empregados subalternos e as Irmãs não tratariam de moléstias sifilíticas ou parturientes, cabendo estes serviços a enfermeiros. Cada Irmã receberia para suas despesas particulares, 40$000 Rs, pagos mensalmente. O capelão apresentado pela Diocese prestaria serviços aos doentes e celebraria missa diária na Capela do Hospital. No dia seguinte á assinatura do contrato, chegou a primeira turma de Irmãs para os serviços.


Em 1913, estava concluída a parte “essencial” do Hospital, faltando pequenos detalhes como a instalação de dois portões que fechavam o quintal , pequenas janelas na parte baixa e o andar térreo. A clínica médica esta sob a responsabilidade do Dr. Balbino Ribeiro da Silva, que contava com o auxílio do estudante do sexto ano, Sebastião Leão e do farmacêutico Francisco Franco.
O serviço interno de atendimento aos doentes, era exercido até outubro de 1913 por três Irmãs Servas do Espírito Santo: A Superiora Ângela, Irmã Servacia e Irmã Theodolina. A partir aquela data contava com os serviços da Irmã Osvina. Assim, sem diminuir o número de atendentes, uma das Irmãs passou a cuidar da Farmácia toda importada da Alemanha, inaugurada em 8 de junho daquele ano. Foram atendido em 1913, 1089 pacientes externos, além de internados 230 doentes. Destes internos, 176 eram do município de Entre Rios e o restante de Suaçui, Serra do Camapuã, Gil, D. Silvério, Conquista, Piedade dos Gerais, Desterro, Santa Ana do Morro do Chapéu, Casa Grande, Bonfim, Rio do Peixe, Diamantina, Passa Tempo, Congonhas, Raposos, S. Gonçalo da Ponte, Itaúna, Contagem, Lagoinha, Conselheiro Lafaiete, Santo Amaro, Paracatu e até mesmo um paciente belga. No ano de 1914 foram 1492 o número de atendidos externamente, tendo sido internados 201 doentes. Devido a falta de segurança, neste ano foram iniciadas a instalações das portas e janelas no pavimento térreo.

Quanto à luz elétrica, tão importante ao funcionamento do Hospital, os estudos do Padre João Luiz Espechit, determinaram que a cachoeira situada em terras do Senador Francisco Ribeiro de Oliveira podia produzir força suficiente para a iluminação de toda cidade. A Mesa Administrativa do Hospital autorizou ,em 28 de março de 1914, o Provedor Cel. Joaquim Ribeiro de Oliveira, a firmar um contrato com a Câmara Municipal para o serviço de instalação da luz pública na cachoeira situada em terras a serem adquiridas ao Senador Francisco Ribeiro.
No dia primeiro de abril de 1914, o Presidente da Câmara Marçal de Oliveira e Souza, foi autorizado a entrar em acordo com o “Hospital Cassiano Campolina para o serviço de iluminação pública e particular à cidade, por meio de energia elétrica”. Segundo a ata de reunião, o Hospital entraria com a quantia de 30:000$000, para os cofres da Câmara Municipal e esta faria o serviço de iluminação a cidade. Pelo acordo, o Hospital teria “sempre direito à luz necessária a serventia da casa, jardins e dependências durante a noite, independente de pagamento ou quaesquer outras obrigações”. O Hospital também teria durante 15 anos, o direito de conceder luz elétrica a particulares e a indústrias (apenas durante o dia). A Câmara teria direito ao excedente da luz fornecida à instituição hospitalar para a iluminação das ruas e prédios públicos e particulares, cabendo-lhe o serviço de construção, manutenção e reparos. Entretanto não foram encontradas informações sobre a realização deste serviço. Somente em março de 1919, o Hospital teria terminada a instalação elétrica em todas as suas dependências.


Apesar de inaugurado em 1910, o prédio ainda não havia sido abençoado. No dia 5 de fevereiro de 1915, ocorreram dois eventos importantes: a benção do prédio pelo Arcebispo Dom Silvério gomes Pimenta e a inauguração , no salão da Irmandade, do retrato do fundador da instituição, Cassiano Campolina, tendo como paraninfos da cerimônia os irmãos Joaquim Ribeiro, Dr. Balbino Ribeiro da Silva e também D. Maria Augusta Ribeiro Rezende.

No ano de 1916, a clinica médica cirúrgica, sob a responsabilidade do Dr. Balbino , passou a contar com os serviços não remunerados do Dr. José Eduardo Resende. Neste ano foram internados 300 doentes e atendidos externamente, 2465 pacientes. Os cômodos do porão foram quase todos cimentados e as paredes revestidas. Neste ano, o Dr. Balbino foi eleito Provedor do Hospital para o quadriênio de 1917-1920.
Os primeiros reparos no prédio aconteceram no ano seguinte (1917), quando foi renovado o pavimento da cozinha, devido ao apodrecimento dos barrotes e assoalhos que sustentavam os ladrilhos. Estes, foram substituídos por cimento armado assentado sobre trilhos de bitola larga.
Em janeiro de 1917, o Dr. José Eduardo Rezende, que vinha prestando serviços gratuitos ao Hospital, foi elevado a médico auxiliar . Este médico ficou no Hospital até 1921, quando se transferiu para Belo Horizonte.

No ano de 1918, o Hospital teve especial importância para a região, prestando serviços aos acometidos pela Gripe Espanhola e aos sobreviventes de um grande acidente de trem ocorrido na Estrada de Ferro do Cocuruto. Vale salientar que, no caso da Gripe Espanhola, dos 1000 casos da cidade, foram internados 70 doentes no Hospital , tendo falecido apenas 02 destes. Em todo o município o número de óbitos chegou a 270.
Com relação as questões que permeavam o seu pleno funcionamento, destaca-se a energia elétrica, vital para suas atividades. A iluminação do Hospital continuava a ser um grande problema . Em 1918, o Provedor , Dr. Balbino Ribeiro reclamava que a instituição vinha despendendo anualmente uma boa quantia para “não ter luz de espécie alguma”. Depois de tentar várias possibilidades, o Dr. Balbino conseguiu com o Senador Ribeiro de Oliveira, o aproveitamento da queda do Rio Camapuã por ele oferecida para a captação da energia elétrica “de maior vulto, bem mais dispendiosa e pouco remunerada para o capital nella empregado”, conseguindo por fim melhorar a iluminação do Hospital. Antes dependente de lâmpadas de “gaz acetylene” ou lampiões de querosene, a iluminação foi inaugurada em 1º de março de de 1919, quando foram terminados os serviços em todas as dependências graças aos esforços do padre Agostinho Yaensch da Sociedade do Verbo Divino, auxiliado pelo padre Leopoldo Pfad. Em 16 de fevereiro de 1920, com a instalação de uma nova turbina, ocorreu uma significativa melhora na iluminação do Hospital.
Quanto ao atendimento, em 1919 o Hospital auxiliou no tratamento das vítimas da epidemia da Gripe Espanhola no distrito do Rio do Peixe, enviando medicamentos elaborados em sua farmácia. Cuidou também, dos casos de varíola que irromperam na cidade de Entre Rios, , isolando os doentes em suas casas.


A Consolidação do Hospital



O Dr. Balbino foi reeleito Provedor em 26 de dezembro de 1920, para o quadriênio 1921-1924. Neste ano, empreendeu pequenos reparos de conservação do Hospital e reconstruiu a cobertura destinada ao depósito de lenha que se encontrava danificada. Outras obras ocorreram no ano de 1921 : foram reconstruídos os dois alpendres das enfermarias cujas cobertas de madeira foram substituídas por outras feitas de ferro galvanizado. O assoalho da sala de jantar foi consertado, sendo abertos novos respiradouros . O canal de cimento passou a ser de manilhas.
Em 28 de novembro de 1925, a diretoria clínica foi assumida por Gastão Ribeiro de Oliveira, que substituiu o Dr. Balbino após 15 anos a frente dos serviços médicos, continuando porém, a trabalhar sem ônus para o Hospital . Em 1929 o Dr. Balbino transferiu-se para Belo Horizonte.
As obras no prédio dignas de registro no final da década de 20 foram : a construção de uma pequena dependência para fins comuns e reparos no muro do pomar e aviário ocorridas em 1927, pinturas e reparos nas 131 venezianas, pinturas e envernizamento do altar, portas da capela; colocação de dobradiças em todas as bandeirolas das janelas da capela, corredores e quartos; reparadas todas as ramificações de esgotos; construção do portão e cobertura que dá acesso para coberta de lenha; abertura de uma porta e diversos arcos no porão ocorridas em 1929. O aparelho de raio ultravioleta de propriedade do Dr. Gastão foi instalado em março de 1929 de acordo com o contrato com o Hospital.
A década de 30 foi marcada pela realização de um grande melhoramento no Hospital: a construção do laboratório para exames e de uma nova sala de operações, uma vez que a existente fora condenada por cirurgiões visitantes e pelos médicos da casa. Com recursos de 20:000$000 emprestados por Dr. Gastão Ribeiro, e planta do engenheiro Luiz Gonzaga Ribeiro de Oliveira, a sala foi construída por José de Azevedo Laranjeira, sendo concluída em 25 de dezembro de 1932 . Segundo o médico João Rezende Alves, que iniciou sua vida profissional no Hospital em 1932, a iniciativa para a construção da nova sala, que deveria ser toda de vidro para facilitar a entrada de luz, fora sua.

Ainda em 1932, foram substituídos os engradamentos de madeira das platibandas por outros feitos de cimento armado. Os cômodos do andar térreo, foram adaptados para depósito. Porém a situação econômica do Hospital impedia a realização de reformas das enfermarias e sala de jantar. As subvenções Estaduais e federais eram insuficientes , assim como os donativos.


Em 11 de agosto de 1935, o Dr. Gastão e seu auxiliar, Dr. João Baptista de Rezende Alves, foram substituídos pelos doutores José Dias Baptista e Décio Guanabarino. O último ficou até novembro deste ano, sendo substituído pelo Dr. Otavio Augusto de Avellar.O movimento do serviço interno neste período foi de 322 novas internações, somadas a 33 que existiam do ano anterior. Deste total, 300 saíram com alta ,falecendo 30. Permaneceram 1936, 26 doentes.

O GINÁSIO



Com o objetivo de ampliar os seus serviços de assistência social, o Hospital Cassiano Campolina resolveu criar um ginásio, que funcionaria como instituição paralela e autônoma, sem fins lucrativos. O Edifício para abrigar o educandário seria construído com empréstimo de Cr$ 300.000,00 em apólices de Cr$1.000,000, amortizáveis em 15 anos pelo sistema Price, em terreno próprio da Irmandade, situado avenida da Batalha.
O lançamento da pedra fundamental do Ginásio denominado Nossa Senhora das Brotas, ocorreu em abril de 1947, com a presença do Cônego Galdino Malta, do Dr. Manoel Maria Paiva de Vilhena, Juiz de Direito e diretor do Ginásio, do Prefeito José Lob Sobrinho, do Promotor de Justiça Dr. Francisco de Paula Ferreira e Costa Neto e de grande número de pessoas da comunidade.
As aulas do curso de adaptação do Ginásio foram instaladas em 14 de julho, no salão da Casa Paroquial, ministradas por Elisa Vilhena e Olga Teixeira de Oliveira. Segundo relatório do Provedor Alberto Ferreira de Resende, o Secretário de Educação colocou a disposição do Ginásio, o “velho prédio” do Grupo Escolar para o seu funcionamento provisório.
Mais tarde, a Comissão encarregada de obter um prédio para o Ginásio, optou por alojá-lo definitivamente no prédio do Grupo. Em 1955, o patrimônio do Hospital foi acrescido com a doação pelo Estado do prédio do Grupo .Em 9 de setembro de 1956, tendo em vista a necessidade de dotar a cidade de Entre Rios de Minas e região de um ginásio oficial, a Irmandade deliberou pela entrega do prédio ao patrimônio do Estado, recebendo uma compensação no valor de Cr$300.000,000.


ANOS DE MUDANÇAS


Na década de 40 , a situação financeira do Hospital se mostrava deficiente. Subvenções e doações não conseguiam suprir o déficit da Instituição. A Lei Municipal de n.º 15 de abril de 1948 foi solução encontrada para minimizar os problemas financeiros uma vez que concedia ao Hospital subvenção anual, de 50% da taxa de água arrecadada na sede do Município. Neste ano o déficit do Hospital foi deCr$23.561,010, que foi complementado com a subvenção federal, para melhoramentos no prédio.
Em 1950 o serviço clínico-cirúrgico do Hospital era dirigido pelo Dr. José Celso Biagioni. O movimento neste ano foi de, 533 doentes internos , dos quais 114 ocupavam quartos particulares. Sob a provedoria de Alberto Ferreira de Resende, foi construído o necrotério e realizados pequenos reparos no prédio.

Segundo o atual Provedor, Jorge de Souza Resende, nos anos 50, Entre Rios era praticamente constituída de uma única rua: a principal. Nascia onde hoje é o Fórum e vinha até o Hospital. Depois do Hospital não havia muitas casas. Dentro dos terrenos do Hospital havia um campo de futebol (cedido ao Ribeiro da Silva Sport Club ). Ainda conforme o relato do Sr. Jorge, o cemitério que existia em frente ao Hospital era o mais antigo e menor preferindo a população um outro maior que existia na cidade.
Em abril de 1958, a Mesa Administrativa aprovou o orçamento para compra de material a ser usado na instalação da energia elétrica da CEMIG, substituindo a energia captada na região. Em junho deste ano, o Arcebispo de Mariana, Dom Oscar de Oliveira, desejando fundar um ginásio na cidade obteve a autorização da Mesa Administrativa para aproveitar o título do ginásio de Nossa Senhora das Brotas que pertencia ao Hospital.
Na década de 60, continuaram os problemas financeiros da Instituição. Em 1966 sua situação delicada era corroborada por fatores como o alto custo dos medicamentos, o aumento da indigência e a falta de solidariedade da população em geral para com as instituições de caridade. Ironicamente neste ano, o Prefeito de Entre Rios, Archimedes de Souza Resende, pelo Decreto n.º 77, instituiu como “Dia do Hospital” a data de 15 de setembro, em reconhecimento ao seu papel para a cidade e região.
Em 1969 a situação financeira foi regularizada devido a multa de atrasados com o INPS ter sido suprimida pelo Governo Federal. Neste ano encaminhou ao Conselho Nacional de Saúde, o pedido de registro e declaração de utilidade pública da Instituição , para a isenção da parte do recolhimento que compete ao empregador. Com o FUNRURAL, foi assinado um convênio para atendimento ao trabalhador rural e seus dependentes que passou a vigorar em maio, beneficiando os municípios de Lagoa Dourada, São Bras do Suaçui, Jeceaba e Desterro. Este convênio rendeu ao Hospital uma lavanderia, concedida pelo fomento hospitalar do FUNRURAL. Outra providência visando a melhoria dos serviços do Hospital, foi o registro na Legião Brasileira de Assistência - LBA, que permitiu a construção de uma maternidade, cujo projeto foi realizado pelo engenheiro Orlando de Andrade Resende. Dotada de instalações adequadas esta obra conseguiu a captação de 50% do custo total da obra.


Na década de 70, os esforços para diminuir as despesas financeiras foram implementados. Os Provedores buscaram convênios entre o Hospital e a Escola de Medicina para conseguir estagiários mediante bolsa e receberam contribuições das cidades vizinhas, da CEMIG, apoio da Cúria Metropolitana de Mariana, Imprensa Oficial, Cooperativa Agropecuária de Entre Rios de Minas e de pessoas físicas diversas. Infelizmente, em 1971, após anos de colaboração, as Irmãs de Caridade saíram do Hospital sendo substituídas por apenas uma enfermeira em caráter de experiência.
A tradicional festa do “Dia do Hospital”, realizada todo o dia 15 de setembro , tornou-se uma fonte de renda para a Instituição através dos seus atrativos como barraquinhas, leilões de gado, missa e procissão.
Entre os anos de 1974/75, foram feitos reparos nos sanitários, substituído o piso comum por concreto armado, rebaixado o forro com lage pré-fabricada, reformada e pintada a parte do prédio destinada às Irmãs.
Em 1976, o engenheiro Afonso Miranda de Resende, concluiu a reforma dos conjuntos sanitários da maternidade e da enfermaria feminina . Neste ano, iniciaram-se os trabalhos de construção de banheiros e sanitários nos quartos da ala masculina. A rede elétrica foi toda reformada com o auxílio do Governador Aureliano Chaves, intermediado por Dom Oscar de Oliveira. O arcebispo de Mariana, grande benfeitor do Hospital foi responsável por parte dos recursos adquiridos pela Instituição, o que possibilitou a melhor conservação do prédio. Em 1979, forma ampliados e totalmente reformados os banheiros da enfermaria masculina; pintados e reformados a Sala de Raio X; os consultórios, a sacristia e os quartos; trocada a instalação hidráulica e renovado todo o telhado.
Nos anos 80, o patrimônio do Hospital foi aumentado com a doação de Dom Oscar de ampla sala no 7º andar do Edifício Amália Tabuada em Belo Horizonte e outra em testamento por Alda Augusta Monteiro de Barros, no Edifício Benjamim Couto, também na capital mineira. Continuaram as reformas no prédio: adaptação de três dependências do porão para almoxarifado, reconstrução total dos banheiros da enfermaria feminina, sala de enfermagem e sala de preparo de material, construção da sala de curetagem, troca da rede de esgoto e das demais instalações das dependências do porão, pintura e troca do telhado do laboratório, reforma do ambulatório e de todo o telhado da enfermaria masculina e substituição dos portões de entrada.
Devido às obras da Ferrovia do Aço e da AÇOMINAS, a população da região aumentou consideravelmente, refletindo no volume de atendimentos do Hospital. Assim, em 1980 tem-se um total de 3.744 internamentos, sendo 1013 pelo FUNRURAL, 1635 pelo INAMPS,88 particulares, 31 pelo IPSEMG e 1517 indigentes. O serviço médico possuía três médicos e o laboratório contava com dois bioquímicos.
Os recursos adquiridos no Dia do Hospital em 1984, através de leilão de mais de 60 cabeças de gado, renderam ao Hospital cerca de 12 milhões de cruzeiros, que foram empregados nas obras do prédio. Em 1985, foi reformado 50% do telhado do prédio principal, com substituição parcial da madeira e troca de telhas em algumas partes. Foram substituídos 400m2 de forro, criada uma cobertura de 24m2 para a instalação de uma serra circular para carpintaria e corte de lenha para cozinha. Dois novos banheiros foram construídos nos corredores para atender ao público.
As pinturas decorativas foram objeto de atenção da Mesa Administrativa que pediu ajuda do IEPHA/MG. Em 1984, técnicos desta Instituição visitaram o Hospital atendendo à solicitação do Provedor , Engenheiro Afonso Miranda Resende, constatando que o estado geralde conservação do prédio era bom. Os forros e pinturas das paredes dos corredores, de influência “arte nouveau” estavam em precário estado de conservação, em franco processo de escamação. Segundo os técnicos Massimiliano Fontana e Reinaldo Guedes Machado, o Provedor solicitou a indicação de pessoal especializado para o trabalho de restauração das pinturas murais e assessoria técnica dos trabalhos. A contração seria a cargo do Hospital.


Uma nova viagem dos técnicos do IEPHA/MG ocorreu quase dois anos depois, em junho de 1986, para retomar os contatos visando a prestação de assessoria técnica para a elaboração do projeto de restauração “integrado às necessidades do Hospital, na melhoria do atendimento público” dos quatros municípios a que servia. Nesta visita, os técnicos apresentaram o projeto de restauração das pinturas decorativas em forros , ornatos e paredes, salientando que não tinha um caráter oficial , por tratar-se de um projeto e orçamento de serviços a serem contratados pelo Hospital.


O técnico M. Fontana encontrou “o Hospital com as obras de pintura interna e externa em fase de conclusão, tendo sido substituídos os forros dos corredores, do refeitório e vestíbulo do 2º pavimento. Para a pintura interna não foram raspadas as pinturas decorativas. Foi aplicada massa corrida, nivelada e pintada a óleo. Esses trabalhos foram executados, sem assistência segundo o Provedor, em virtude da demora da definição solicitada ao IEPHA em novembro de 1984”.


O técnico ainda enfatizou em seu relatório a necessidade de se tombar o prédio e solicitou que não fossem substituído os forros originais restantes para que fosse possível a restauração.
Depois de 12 anos sem os serviços de Irmãs de Caridade, no dia 7 de fevereiro de 1985, o Hospital recebeu três Irmãs Franciscanas de Allegany - EUA, que atenderiam nos serviços internos. O Hospital contava neste ano com 06 médicos. O serviço de enfermagem, graças ao curso de enfermagem ministrado pela Irmã Jeanne Elaine Durkin, iniciado no dia 8 de fevereiro, era formado por 01 enfermeira , 02 técnicos , 17 atendentes e 01 auxiliar. No Laboratório, foram mantidos convênios com os 02 bioquímicos, com o Laboratório Tafuri de Belo Horizonte, que realizava exames complementares e mais específicos. O número de internados em 1985 chegou a 4229 doentes, sendo a maioria do INAMPS(1734) e FUNRURAL (1722).
Em 1987, as instalações do Posto de Saúde foram transformadas em Laboratório de Análises Clínicas e o prédio do antigo Laboratório passou a ser velório, após algumas modificações. As pinturas do hall de entrada foram restauradas.


No mesmo ano o Hospital continuou a receber contribuições das prefeituras de Entre Rios de Minas, Desterro de Entre Rios, de Dom Oscar de Oliveira e da Cooperativa Agropecuária de Entre Rios de Minas, bem como de diversos anônimos. Apesar das transformações ocorridas no sistema previdenciário do país, o Hospital Cassiano Campolina mantinha-se fiel aos seus objetivos, atendendo aos necessitados nas mesmas condições que os pacientes conveniados.


Segundo o Dr. Jorge de Souza Resende, atual Provedor do Hospital, “até 1988 só era atendido pelo INPS quem tivesse carteirinha”. Com a criação do SUS (Sistema Único de Saúde), pela nova Constituição, “a saúde passou a ser dever do Estado e direito de todos”.


Em 1994, tendo em vista a renovação e uma organização mais aprimorada, a Irmandade decidiu conhecer hospitais que pudessem ser modelos de administração e organização a serem seguidos. Inicialmente, procuraram a Fundação Hospitalar Ouro Branco e em seguida, a Associação de Hospitais de Minas Gerais.


Tendo obtido boa acolhida do Dr. Carlos Eduardo Ferreira, Diretor Presidente da Associação de Hospitais, agendaram uma visita do Diretor Executivo daquela Associação, Dr. Luiz Carlos Albernaz ao Hospital Cassiano Campolina, com o objetivo de fazer um levantamento preliminar “da atual situação da instituição, visando corrigir distorções e/ou falhas estruturais e organizacionais de modo a permitir aos órgãos superiores da instituição, formularem em programa de modernização administrativa no que diz respeito a aspectos de estrutura, processos e resultados”.


O relatório da visita realizada em 24 de maio de 1994, levantou várias questões:


- A inexistência de regimento do corpo clínico;

- Problemas a serem analisados no demonstrativo das contas de resultados de 1993;

- Insuficiência de funcionários para o atendimento;

- Falta de uma chefia de nível superior no setor de enfermagem;

- Falta de farmacêutico;

- Necessidade urgente de uma reformulação estrutural/organizacional com implantação de estrutura - rasa;

- Instituição de mecanismos de controle eficazes e outras medidas gerências e normativas;

- Grande evasão de recursos devido a Falta de controle dos gastos com medicamentos, materiais e equipamento, tendo o Hospital grande prejuízos por Falta de controle eficazes;

- Necessidade de um plano diretor de informática para a utilização plena dos equipamentos existentes;

- Implementação de um plano de saúde para a comunidade como forma alternativa de receita;

- Falta a de controle de infecções hospitalares;

- Necessidade de revisão dos serviços de terceiros, contratos e convênios;

- Inexistência administrativa comprometida com os objetivos descritos no Estatuto.
O relatório de L.C. Albernaz, foi lido em Assembléia da Irmandade realizada em 29 de maio de 1994, mas os problemas por ele levantados não foram discutidos. Foram votados no entanto, a taxa sobre os serviços cobrados dos clientes pelos médicos do Hospital. Aprovou-se a taxa de 15% dos serviços prestados a partir de 1 de junho de 1994, para que não ocorresse a evasão dos médicos, passando após seis meses a 20%. Neste ano o Hospital contava com 50 funcionários, número insuficiente para o atendimento aos 78 leitos existentes.
O Hospital atendeu em 1997, 1.482 pacientes internos, sendo 1.251 pelo SUS, 121 particulares, 73 pelo IPSEMG, 27 pela UNIMED, 8 pela FASBEMGE e 2 da PMMG. Neste ano, foi discutida pela Mesa Administrativa a necessidade de transformar o Hospital em patrimônio histórico do Estado. A Mesa se manifestou favorável ao projeto de reforma que previa a manutenção da fachada em sua integridade, sendo sugerido que se procurasse apoio para o tombamento do prédio.
De acordo com as informações do Provedor Jorge de Souza Resende, atualmente os médicos alugam os consultórios do Hospital por R$ 200,00 (duzentos reais) mensais, dando consultas particulares, sendo no entanto obrigados a atender convênios e pacientes do SUS.
Ainda segundo J. S. Resende, o Hospital não tem ambulância e em caso de urgência recorre à Prefeitura. O Raio X é terceirizado de uma firma de São João Del Rei.
Na gestão deste Provedor, realizaram-se reformas na enfermaria feminina. Em 1996, o Banco do Brasil, doou a quantia de R$ 96.544,19, com a qual foram adquiridos, camas, colchões, equipamentos cirúrgicos, maca, dois computadores, geladeira, além de novos equipamentos para a farmácia.

Aos 87 anos de atuação, o Hospital Cassiano Campolina chega no limiar do século XXI como o único remanescente das instituições pioneiras da modernização médica do Estado, preservando sua beleza arquitetônica, sobrevivendo às crises financeiras e às mudanças políticas que transformaram a saúde, adaptando-se a nova realidade, sem contudo perder o caráter asssistencialista idealizado pelos fundadores.

A cidade de Entre Rios de Minas e o Estado de Minas Gerais, muito devem a esta Instituição, símbolo dos mais altos ideais humanos, que no mundo globalizado são cada vez mais raras.


1906

6 /MARÇO - CONCLUSÃO DO PROJETO DE EDGAR NASCENTES COELHO.

6/DEZEMBRO - LANÇAMENTO DA PEDRA FUNDAMENTAL.

1907 - ALTERAÇÃO DA PLANTA ACATANDO AS OBSERVAÇÕES DO MÉDICO

OPERADOR DR. HERMENEGILDO VILLAÇA, EM ACORDO COM O MESTRE DE OBRAS ANTÔNIO DE PAULA NUNES : alterando a planta aumentando o pé de direito, mudando o lugar da sala de operações e acrescentando dez quartos no espaço das duas áreas centrais.


1908 - CONCLUSÃO DO MAUSOLÉU DO FUNDADOR NO CEMITÉRIO MATRIZ, EM FRENTE AO HOSPITAL .
1910 - INAUGURAÇÃO DO HOSPITAL.

PINTURAS NA CAPELA realizadas POR FRANCISCO TAMIETTI.
1913 - CONCLUÍDAS A PARTE ESSENCIAL DO HOSPITAL.


8/JUNHO - INAUGURAÇÃO DA FARMÁCIA IMPORTADA DA ALEMANHA.


1915


5/FEVEREIRO - BENÇÃO DO PRÉDIO POR D. SILVÉRIO GOMES PIMENTA.


1917 M- PRIMEIROS REPAROS NO PRÉDIO : TROCA DOS BARRETES E SOALHO QUE SUSTENTAVAM OS LADRILHOS . PAVIMENTO DA COZINHA TODO REMODELADO.: LADRILHOS SUBSTITUÍDOS POR CIMENTO ARMADO., ASSENTADOS SOBRE TRILHOS DE BITOLA LARGA.
1918 -

1/MARÇO INAUGURAÇÃO DA LUZ ELÉTRICA.
1920 - RECONSTRUÇÃO DA COBERTURA DESTINADA A DEPÓSITO DE LENHA QUE SE ENCONTRAVA DANIFICADA., RECONSTRUÇÃO DE DOIS ALPENDRES DAS ENFERMARIAS QUE TIVERAM AS COBERTAS FEITAS DE FERRO GALVANIZADO EM SUBSTITUIÇÃO À MADEIRA COBERTA DE LONA.. REPARADOS OS SOALHOS DA SALA DE JANTAR SENDO ABERTOS NOVOS RESPIRADOUROS.
1927

CONSTRUÇÃO DE UMA PEQUENA DEPENDÊNCIA PARA FINS COMUNS E REPAROS NO MURO DO POMAR.

1929

ABERTURA DE DIVERSOS ARCOS NO PORÃO.

1932

25/DEZEMBRO - CONSTRUÇÃO DA SALA DE OPERAÇÕES LABORATÓRIO . PROJETO DO ENGENHEIRO LUIZ GONZAGA RIBEIRO DE OLIVEIRA.
1974/75 - REFORMA DOS SANITÁRIOS

1976 - CONCLUSÃO DAS REFORMA DOS SANITÁRIOS DA MATERNIDADE E DA ENFERMARIA FEMININA.

1985 - CONSTRUÇÃO DE UMA COBERTURA DE 24 m2. PARA A INSTALAÇÃO DE UMA SERRA CIRCULAR PARA TRABALHOS DE CARPINTARIA E CORTE DE LENHA.
1987

POSTO DE SAÚDE FOI TRANSFORMADO EM LABORATÓRIO DE ANALISE CLINICAS E O LABORATÓRIO TRANSFORMADO EM NECROTÉRIO.

REFERÊNCIAS DOCUMENTAIS

1 - ROSEN,Gedge. Da política médica à medicina social... pgs. 47a 75


2 - Revista Medica de Minas Gerais...jan/mar. 1993. pags. 54 a 57.

3 - História de Cassiano Campolina, 1836-1904.


4 - Historia de Cassiano Campolina. 1836 -1904.

5 - Hospital Cassiano Campolina.n.p.


6 - CARTÓRIO DO 1º Ofício ... 22 de fevereiro de 1903

7 - LIVRO de Atas da Associação do Pão de Santo Antônio ... 24 de novembro de 1906. pags. 25v a 27.


8 - LIVRO de Atas da Irmandade do Hospital ... 4 de novembro de 1906

9 - LIVRO de Atas da Irmandade do Hospital... 4 de novembro de 1906.


10 - HOSPIATAL Cassiano Campolina. Relatório...8 de dezembro de 1906. pag. 3

LIVRO de Atas da Irmandade do Hospital Cassiano Campolina. 26 de dezembro de 1905. pags. 18 a 18v.

HOSPITAL Cassiano Campolina. Relatório ...8 de dezembro de 1906 pags. 4

ENTRE RIOS. Contrato ... 15 de julho de 1906.

Idem nota n.º 12

RESENDE, Arnaldo...24 de março de 1998.

RELATÓRIO ... 8 de dezembro de 1907. pags. 2-3


LIVRO de Atas da Irmandade... 19 de julho de 1908. pags.40v -41.

RELATÓRIO... 8 de dezembro de 1908. pags1 a 3.

LIVRO de Atas ...14 de fevereiro de 1960. pag.13v.

RELATÓRIO... dezembro de 1909.

ARQUIVO Paroquial . Pasta de Jornais e Reportagens Históricas ...julho de 1974.

RELATÓRIO...1910.

RESENDE,Conceição . Entrevista, 26 de março de 1998.


DICIONÁRIO Biográfico...1997.pag.256.

ENTRE RIOS.Contrato de locação de serviços...1 de fevereiro de 1912.

RELATÓRIO...13 de janeiro de 1918. pag.8

RELATÓRIO...1914. pags. 1 a 21.

RELATÓRIO ...24 de janeiro de 1915. pag.3

LIVRO de Atas da Irmandade...4 de março de 1914. pag.67.

LIVRO de Atas da Irmandade ...26 de março de 1914.pags. 66-66v.

LIVRO de Atas da Câmara Municipal...1 de abril de 1914.


LIVRO de atas da Mesa Administrativa...5 de fevereiro de 1915.pags 1-2

RELATÓRIO ...24 de janeiro de 1917.pags 4 a29.

RELATÓRIO ...13 de janeiro de 1918.

REZENDE , Conceição. Entrevista, 26 de março de 1998.

RELATÓRIO ...12 de janeiro de 1919. pags. 5 a 7.

RELATÓRIO...11 de janeiro de 1920.pag.5.

RELATÓRIO...9 de janeiro de 1921. pag.9.


RELATÓRIO ...11 de janeiro de 1920. pag.5

RELATÓRIO ...9 de janeiro de 1921. pag.7 a 9

RELATÓRIO...8 de janeiro de 1922. pag.11.

RELATÓRIO ...10 de janeiro de 1926. pags. 5-6.

RELATÓRIO ...26 de janeiro de 1930. pag.6

RELATÓRIO ... 8 de janeiro de 1928. pag.9

RELATÓRIO ... 26 de janeiro de 1930.pag.6

RELATÓRIO ... 1929-1932.pags. 2 a 4.

ALVES,João Resende. Entrevista, 28 de março de 1998.

RELATÓRIO ... 1929-1932. pags 2 a 4.


RELATÓRIO... 12 de janeiro de 1936. pags. 4 a 10.

RELATÓRIO ...12 de janeiro de 1936. pags. 4 a 10.

ATA da Irmandade...13 de janeiro de 1943.pags 1 a 19v.

RELATÓRIO ...1948. pag. 8.

ATA da Irmandade ...9 de setembro de 1956. pags. 61 a 63.

LEI n.º 15 de abril de 1948. pags. 25,26.


RELATÓRIO...1949. pag. 8.

RELA’TORIO ...1951. pags. 6 a 20.

ATA da irmandade ....1935.pag.56.

ATA da Irmandade.... 3 de abril de 1958.

ATA da Irmandade... 14 de junho de 1959.

RELATÓRIO ... 1966. pag. 1

RELATÓRIO ... 1970 pags.3 a 7.

ATA da Irmandade... dezembro de 1959.

RELATÓRIO ... 1970 pags.3 a 7.



RELATÓRIO ... 1972. pag.3.


ATA da Irmandade ... 12 de dezembro de 1971. pag. 76v.

RELATÓRIO...1975/1976.

RELATÓRIO ...1977.

RELATÓRIO... 1979.

RELATÓRIO ...1980. pag.3

RELATÓRIO ... 1980. pags.3 a 5.

ENTRE RIOS notícias n.º. pag.2


RELATÓRIO...1985. pags. 6 a 9.

IEPHA/MG. Relatório de viagem. 26 de novembro de 1984.

IEPHA/MG. Relatório de viagem. 5 de junho de 1986.

RELATÓRIO ... 1985. pags. 6 a 9.

RELATÓRIO...1987. pags. 6 e 7.


77 - ATA da Irmandade... 1965-1995 pags 83v a 87 v.

 78 - HOSPITAL Cassiano Campolina. Movimento Hospitalar.1997.

PATRIMÔNIO CULTURAL - O TEMPO DE UM BEM CULTURAL

O TEMPO DE UM BEM CULTURAL

Autor: Carlos Henrique Rangel
Quanto tempo precisa ter um bem para ser considerado patrimônio cultural?

Ora, se uma comunidade o reconhece como tal ele o é.

Não serei eu a dizer que não.

A dizer que merece reconhecimento e proteção.

Um bem cultural deve falar a um grupo, comunidade ou nação.

Deve dizer algo que seja parte vital para a sobrevivência e autoestima do grupo, comunidade ou nação.

Não importa quanto tempo tenha e sim quanta motivação há.

Seja ela artística, arquitetônica, histórica, vivencial, sentimental ou outra que possa existir e que seja cara ao grupo, comunidade, nação.
Cabe aos interessados decidirem o que lhes interessa para sua continuação.
Cabe aos órgãos de proteção e seus conselhos respeitarem essa decisão.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

PATRIMÔNIO CULTURAL - SITES INTERESSANTES

Sobre os limites da preservação do patrimônio moderno: duas



polêmicas recentes em Salvador, BA
Priscila Gonçalves Santos
Graduanda na FAU/UFBA. Bolsista de Iniciação Científico
gs.priscila@gmail.com

Marco Aurélio A. de Filgueiras Gomes
Professor Titular da FAU/UFBA
marcoafg@ufba.

http://www.docomomonortenordeste.com.br/artigos/TC_SEC1_9.pdf



PATRIMÔNIO CULTURAL MATERIA E IMATERIAL


PATRIMÔNIO CULTURAL DA NAÇÃO: TANGÍVEL E INTANGÍVEL
Paulo Fernando de Britto Feitoza
http://www.revistas.uea.edu.br/old/abore/artigos/artigos_2/Artigos_Professores/Paulo%20Feitoza.pdf



PATRIMÔNIO CULTURAL E SALA DE AULA

http://www.brejo.com/b8/ler.coluna.php?ArtID=494

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL - PROJETO

Educação Patrimonial “Gincana Cultural – Álbum de Figurinha”


Autor: Carlos Henrique Rangel

I - Apresentação:

“A Educação Patrimonial é um processo permanente e sistemático centrado no patrimônio Cultural, como instrumento de afirmação da cidadania.

Objetiva envolver a comunidade na gestão do Patrimônio, pelo qual ela também é responsável, levando-a a apropriar-se e a usufruir dos bens e valores que o constituem.”(IPHAN).

A Educação Patrimonial é um trabalho permanente de envolvimento de todas as partes que compõem a comunidade, visando a preservação dos marcos e manifestações culturais, compartilhando responsabilidades e esclarecendo dúvidas, conceitos, divulgando trabalhos e seus resultados dos trabalhos.

Este projeto tem como premissa básica a promoção da universalização do conhecimento das questões referentes ao Patrimônio Cultural, assegurando assim às comunidades uma verdadeira participação na construção de sua identidade e na proteção do acervo. Utilizando um espaço cultural reconhecido do povo, pretendemos incentivar o conhecimento dos vários monumentos que compõem o conjunto arquitetônico da cidade.
II – Justificativa:
A escola e o seu ambiente é o principal canal de transmissão de valores e de formação dos novos cidadãos e a utilização desses espaços consagrados permitirá o resgate da autoestima da comunidade que o vivenciam.
Com esse Projeto de Educação Patrimonial, pretendemos valorizar, conhecer ou reconhecer o magnífico espaço cultural representado pela cidade, patrimônio reconhecido da comunidade local.



III – Público-Alvo:
1 – Corpo docente e discente das escolas mineiras.


IV - Objetivos:
O principal objetivo deste trabalho de Educação Patrimonial é o envolvimento dos professores, alunos e comunidade na preservação do acervo cultural representado pelo Conjunto Arquitetônico e urbanístico.

Este Projeto de Educação Patrimonial pretende estabelecer um vínculo efetivo e permanente entre, a prefeitura e a comunidade escolar na valorização deste acervo cultural local, uma vez que, a preservação é responsabilidade de todos aqueles que vivenciam os saberes, fazeres e lugares que formam o rico emaranhado cultural.

O Projeto visa implementar, apoiar e assegurar a continuidade de ações de caráter cultural-educativo na escola voltadas para a identificação, valorização e proteção dos bens culturais, possibilitando experiências que permitam a valorização da cultura e memória da sociedade. A transmissão, apropriação e reflexão crítica dos conteúdos, sobre educação, cidadania, memória e patrimônio cultural material e imaterial, estarão implícitos na transversalidade do currículo escolar.

Desta forma pretendemos:

- Estimular a apropriação e o uso, pelos alunos, professores, pais de alunos e vizinhança, do Patrimônio Cultural que detém e usufruem.

- Estimular o diálogo entre a sociedade e os órgãos responsáveis pela identificação, proteção e promoção do Patrimônio Cultural, propiciando a troca de conhecimento acumulados sobre estes bens culturais.

- Levar as questões relativas à preservação do patrimônio Cultural para dentro da escola cooptando o corpo docente para serem os agentes multiplicadores.

- Estimular a alto estima dos vários segmentos sociais através valorização e reconhecimento de suas produções culturais.

- Propiciar o fortalecimento da identidade cultural individual e coletiva.

- Promover o estudo sobre os bens culturais e seus problemas, buscando soluções.

- Incentivar a participação das comunidades nas decisões referentes à conservação, preservação e revitalização dos marcos culturais.

- Tornar acessível aos indivíduos e aos diferentes grupos sociais, a leitura crítica dos bens culturais em suas diversas formas e significados.

- Experimentar e desenvolver metodologias de Educação Patrimonial, que permitam um processo contínuo de conhecimento e compreensão e avaliação dessas ações.

- Planejar atividades de aproximação e investigação do Patrimônio Cultural que envolvam segmentos das comunidades.
V – Metodologia:
“A educação patrimonial permite à comunidade reapropriar-se de lugares, histórias, objetos, monumentos e tradições que foram ou são importantes do seu ponto de vista. Para que ocorra esta reapropriação, o poder público pode promover propostas de aprendizagem que atraiam a atenção de pessoas de todas as idades, inclusive de aluno desde o ciclo fundamental. De uma forma lúdica e prazerosa, possibilita às pessoas que adquiram e registrem conhecimentos novos. As escolas que adotam este tipo de metodologia conseguem provocar em seus estudantes um interesse grande para o aprendizado. No caso de este trabalho ser desenvolvido com crianças, em geral é feito um repasse destes conhecimentos novos para os outros membros da família”.
Patrícia Laczynski.
O Projeto de Educação Patrimonial “Gincana Cultural - Álbum de figurinha” visa integrar a cultura e educação através dos conteúdos pertinentes, desenvolvendo ações com a comunidade escolar referente ao seu Patrimônio Cultural, tendo como objeto a apropriação do grande espaço de lazer, cultural e político que representa a cidade e seus bens culturais.

Essa relação vem resgatar e fortalecer a identidade cultural dos indivíduos, valorizando as manifestações da culturais locais. A escola é o pólo de operacionalização deste processo.
Para a alcançarmos os objetivos propostos, as ações serão divididas em duas fases e seis ações especificadas a seguir.
ETAPA I
- Preliminar:

1- Escolha das escolas e comunidades a serem trabalhadas.

- Escolha de uma escola para piloto do projeto por sorteio, utilizando a mídia.

- Definição das atividades e do cronograma.

- Preparação do material didático a ser trabalho: folhetos explicativos, boletins Informativos, Álbum de figurinhas e as figuras.

- Definição dos locais onde serão entregue as figuras. Poderá ser feita em conjunto: Prefeitura, Conselho Municipal e corpo docente.

ETAPA II: Contatos e Divulgação.

Conhecimento e sensibilização

- Envolvimento dos professores, dos alunos e pais.

- Reunião com a direção da escola e com os professores para apresentação da atividade.


ETAPA III: Palestras

Conhecimento e sensibilização

- Oficina para o preparo dos professores quanto a conceitos e a metodologia a ser utilizada e apresentação das atividades a serem realizadas.

Carga horária: 16 horas.

- Divulgação do Projeto: Utilização dos meios de comunicação disponíveis para a divulgação do Projeto em todas as suas etapas.(rádios, televisão, jornais).

- Distribuição de folhetos explicativos, boletins Informativos, etc.



Etapa IV

Abertura e inicio da Gincana

- A gincana terá a duração de uma semana.


Premiação dos três primeiros colocados.

- Serão definidos três prêmios para os ganhadores da Gincana Cultural.



ETAPA V: Organização e Avaliação dos trabalhos.

- Organização e avaliação dos resultados dos trabalhos através dos produtos obtidos, visando à realimentação e continuidade das atividades com escolha de novos bens culturais materiais ou imateriais.

- A gincana poderá ser estendida para atender aos turistas, envolvendo a Secretaria de Turismo local e agencias de viagens com uma abordagem diferenciada.


ETAPA VI: Relatório Final. Documento final

- Produção de Relatório de Avaliação e Conclusão referentes às etapas desenvolvidas, contendo a documentação das atividades.(relatórios, registros fotográficos e audiovisuais)

FASE II

Consolidação - Continuidade do Projeto

- Após a avaliação do Projeto, será definido novo cronograma para a continuidade dos trabalhos.

- Após o piloto, atividade poderá ser permanente, com novas versões do álbum para ser trabalhado com os alunos e os turistas.



Estratégias Metodológicas:



Visando estimular o conhecimento dos Conjunto Arquitetônicos, utilizaremos a construção de um álbum de figuras composto de um mapa do Núcleo Histórico e de 12 fotografias dos prédios e espaços que tenham siginifcados como suporte de bens imateriais com as conseqüentes informações históricas a respeito.

A gincana cultural tem como fim a montagem deste álbum de figuras através de um teste/pesquisa sobre os edifícios e espaços.

Poderão ser utilizadas figuras dos bens culturais materiasi e imateriais mais significativos e mesmo de bens culturais pouco valorizados:



Como funciona a Gincana Cultural:
1 - Cada aluno ou grupo de alunos receberá o pequeno álbum de figuras vazio.

Para sua conclusão, ou seja, sua montagem com as 12 figuras terão que realizar pesquisas para responder perguntas específicas contidas nas próprias figuras.

2 – A primeira pergunta se refere a um bem, por exemplo: a “Igreja” e está contida no próprio álbum no espaço destinado a sua figura. Os alunos terão que responder a pergunta e apresenta-la a uma pessoa definida previamente, localizada no interior do bem cultural.
3 – O próximo passo é responder à pergunta contida na parte posterior da figura da “Igreja” referente a um outro bem cultural, por exemplo, o “Museu”. O aluno terá que pesquisar a resposta e de posse dela deverá se encaminhar até ao Museu e procurar uma pessoa previamente definida. Somente receberá a figura correspondente se a resposta estiver correta.
4 – Esse procedimento se repetirá para todas as figuras até que seja preenchido todo o álbum.

5 – Ganha a gincana, o grupo ou aluno que primeiro concluir o álbum de figuras.


Materiais / Equipamentos Necessários:

A - O material de apoio:

1 – Boletins Informativos, textos, álbum e fotos .

2 – Planta de orientação para os alunos.Que pode está anexada ao album.


B - Equipamentos:

Retro projetor, Projetor de slides, Tela de projeção, tv e vídeo cassete, Datashow, Transparências.



VI - Produtos advindos do trabalho de Educação Patrimonial:

- Montagem do álbum de figuras.

- Relatório de depoimentos de alunos e professores sobre a Gincana Cultural e sobre os bens culturais com sugestões para novas atividades.


Obs: um cronograma deve ser montado conforme metodologia  em voga no Estado de Minas Gerais.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL CONTO - HISTÓRIA DO BRASIL

HISTÓRIA DO BRASIL - A HISTÓRIA DO VOVÔ

Autor: Carlos Henrique Rangel


Paulinho é um menino como tantos outros. Tem um pai trabalhador, uma mãe carinhosa e uma irmã mais nova com quem nem sempre se dá bem...
Durante o dia o pai e a mãe ficam fora trabalhando. Paulinho e Rita, sua irmã, estudam de manhã.
A tarde ficam com os avós.
Somente a noite a família se reuni, assistindo televisão após o jantar.
Nesta noite estavam todos reunidos assistindo novela. Mas uma mudança aconteceu na rotina da família: Em um dos melhores momentos da novela a luz acabou.

- O que foi isto? - Perguntou o Sr. Manuel o pai de Paulinho.
- Deve ser algum fio que rebentou... Vou buscar as velas. – Disse a vovó Maria.
- Que chato, logo agora... – Reclamou Rita.
- Logo, logo volta, você vai ver... – Falou o Vovô Carlos tranqüilizando a menina.
Vovó Maria acendeu uma vela e a sala se iluminou.
- O que vamos fazer agora enquanto a luz não volta? – Perguntou Paulinho.
- Eu vou dormir. – Disse o Senhor Manuel.
- Eu também. – Disse a Vovó.
- Meninos, vocês deveriam fazer o mesmo... – Disse a Mamãe Lúcia.
- Ah mãe, ainda é cedo... – Choramingou Rita.
- Deixa Lúcia, agorinha mesmo a energia volta... Enquanto isso vou contar uma história para os meninos. – Disse o Vovô.
- Uma história? – Perguntou Paulinho.
- Sim.

- Mas que história? – Perguntou Rita.

O vovô Carlos ficou pensativo por alguns segundos...

- Vou contar para vocês a história do Brasil.
- História do Brasil? – Perguntou Rita.
- É, sua boba, a história do nosso país. – Completou Paulinho.
- Isso mesmo... Posso começar? – Perguntou Vovô Carlos.
Os meninos concordaram.
- Bem, no início só existiam aqui nesta terra, as florestas, os animais das florestas e o homem da terra e suas aldeias...
- Homens da terra? – Perguntaram as crianças quase ao mesmo tempo.
- Sim, meninos, as terras do Brasil eram ocupadas por vários povos de pele avermelhada chamados mais tarde de índios. Viviam em aldeias, caçavam os animais das florestas, plantavam seus alimentos...
- Então os índios já viviam aqui? – Perguntou Rita.
- Sim, os índios são os primeiros moradores do Brasil. – Respondeu o Vovô.

- Eu já vi um índio na televisão. Ele não usava roupas, tinha o corpo todo pintado... – Falou Paulinho.

- Esses índios que viviam aqui eram como este que você viu. – Completou o Vovô.
- Existem muitos índios, Vovô? – Perguntou Rita curiosa.
- Existem muitos índios de diferentes tribos. Mas antes existiam muito mais. – Respondeu o avô das crianças.
- Por que não tem mais tantos índios como antes? – Perguntou novamente a menina.
- Vou continuar a história e logo você vai saber... Bem, como eu estava contando, os primeiros moradores foram os índios. Depois... Depois vieram outros homens chamados portugueses. Homens brancos de terras distantes, de um lugar chamado Portugal...
- Portugal? – Perguntou Rita.
- É um país, não é? – Quis saber Paulinho.
- Sim, Portugal é um país que fica do outro lado do Oceano Atlântico. Esses homens brancos, os portugueses, atravessaram o Oceano em barcos grandes, as Caravelas.
- Eu já vi um navio desses em um livro. Tem uns panos grandes com o desenho de uma cruz. – Gritou Paulinho.
- São as velas. Quando o vento bate nelas, empurra o navio para frente... – Falou o Vovô.
- Que legal – Exclamou Rita com os olhos brilhando com o novo conhecimento.
- É sim, Com ajuda dos ventos os portugueses chegaram às praias da nossa terra. Foram recebidos pelos homens da terra a quem deram o nome de índios.
- Foram bem recebidos? – Perguntou Rita.
- Ah, foram sim. No início viraram amigos. O homem branco presenteava os índios com colares de contas e espelhos e estes davam aos portugueses uma madeira vermelha chamada Pau Brasil, que servia para tingir as roupas. – Explicou o velho senhor.
- O nome do nosso país... – Disse Paulinho.
- Isso mesmo. A terra que se chamou Ilha de Vera Cruz, depois Santa Cruz, onde havia Pau Brasil, passou a se chamar Brasil...
- Então no início eles achavam que o Brasil era uma ilha? – Perguntou Paulinho admirado.
- O que é uma ilha? – Perguntou a menina com ares de quem não entendeu nada.
- Ilha é uma terra cercada de água por todos os lados. O Brasil não é uma ilha. – Respondeu Paulinho todo superior.
- Muito bem menino... Bem, continuando a nossa história, na terra onde antes existiam as florestas e aldeias dos índios, surgiram os povoados dos portugueses e as plantações de cana–de-açúcar, e os engenhos para fazer açúcar.
- Os portugueses só faziam açúcar? – Perguntou Paulinho.
- É porque eles gostavam de doce, né Vovô? – Falou Rita se ajeitando no sofá.
Vovô Carlos riu.

- Eles plantavam outras coisas, mas plantavam mais cana –de –açúcar e faziam açúcar para levar lá para o outro lado do Oceano, para os outros países europeus.
- Vovô e o que aconteceu com os índios? – Perguntou a menina lembrando dos primeiros habitantes da terra.

- Ah, os portugueses passaram a obrigar os índios a trabalharem nas plantações de cana – de – açúcar. Os índios viraram escravos dos portugueses.
- O que é um escravo, vovô? – Perguntou a menina franzindo a testa.
- O escravo é uma pessoa que é obrigada a trabalhar de graça para outra.
- Nossa, que ruindade! – Exclamou a menina assustada.
- Era uma coisa muito ruim sim. – Falou o avô das crianças.
- E os índios deixaram? Eu não deixaria. – Disse Paulinho revoltado.
- Os índios não aceitaram não. Brigaram com arcos e flechas, mas os portugueses, mais fortes, com suas armas de fogo, venciam quase sempre. Então os índios fugiam para as matas, para longe do homem branco e suas plantações e seus povoados e suas cidades.
- Então foi isso que aconteceu, os índios morreram nas lutas com os portugueses. – Falou Rita pulando no sofá.

- Muitos morreram nas guerras. A maioria morreu por causa das doenças dos brancos. – Continuou o avô.
- Como? – Perguntaram as crianças.
- Certas doenças que para o homem branco eram quase uma bobagem faziam muito mal aos índios. A gripe, por exemplo.
- Eram fraquinhos né? – Exclamou Rita.
- Estas doenças não existiam na nossa terra, por isso não agüentavam e morriam. – Completou o Vovô Carlos.
- Que coisa triste... - Lamentou Paulinho abaixando a cabeça.
- Mas eles lutaram e fugiram para o interior das matas. Não deixaram as coisas fáceis para os portugueses não... – Falou o Vovô.
- Que povo ruim esses portugueses... Os índios eram seus amigos... Eu também fugiria deles. – Comentou Paulinho.

- Assim os portugueses foram ocupando as terras com suas plantações e cidades...
- Mas se os índios fugiram, quem ficou para trabalhar para os portugueses? – Perguntou Rita.
- Vai ver que criaram vergonha na cara e resolveram trabalhar eles mesmos – Falou Paulinho.

O Vovô Carlos sorriu com a indignação do menino.
- Os portugueses precisavam de gente para trabalhar de graça para eles. O que fizeram? Continuaram a caçar os índios, mas buscaram mais gente para trabalhar... De um lugar chamado África, trouxeram os homens negros, que passaram a trabalhar nas plantações...
- Eu não trabalhava... – Disse Paulinho.
- Se não trabalhasse apanhava de chicote. – Disse o avô.
- Nossa, que covardia... – Gritou Rita.
- Era uma coisa muito feia a tal da escravidão... Bem, por muito tempo viveram os brancos portugueses nas terras perto do mar, onde plantavam suas verduras e legumes e criavam gado.
Das suas cidades saiam de vez em quando para as matas caçando índios, procurando ouro. – Continuou o Vovô Carlos.
- Eles também procuravam ouro? – Perguntaram os meninos.
- Sim, Queriam encontrar ouro e pedras preciosas para enriquecer Portugal. Achavam muitos índios, mas encontravam pouco ouro.

Em um lugar depois da Serra, havia uma vila fundada por padres Jesuítas, chamada São Paulo. Seus moradores, os paulistas gostavam de entrar nas matas para caçar índios. Ficavam muitos meses nas matas procurando as aldeias dos índios. Um dia, um grupo destes bandeirantes paulistas, como eram conhecidos, resolveu parar de caçar índios para procurar pedras preciosas e ouro.

Depois de muito tempo encontraram muito ouro no interior do Brasil.
- Devem ter ficado muito felizes, né? – Disse Rita.
- Ficaram sim. A notícia espalhou e muita gente foi para o interior procurar ouro. Ao redor das minas de ouro, construíram suas casas.
- Minas de ouro? – Perguntou Rita.
- É, são os buracos cavados para retirar o ouro das montanhas. No início os homens lavavam o cascalho da beira dos rios procurando o ouro. – Explicou o atencioso avô.
- Como eu estava dizendo, ao redor das minas surgiram as casas, uma capela pequena, depois uma igreja e nasceu um povoado que virou uma vila e depois uma cidade. Todos queriam vir para as Minas Gerais, como ficou conhecida as terras do interior onde encontraram o ouro. – Continuou Vovô Carlos.

- Minas Gerais é aqui. – Gritou Paulinho espantado.
- Isso mesmo, menino, foi assim que Minas Gerais foi ocupada. Vinha gente de Portugal. Vinha gente das cidades perto do mar...
- É ? E quem trabalhava nas Minas? – Perguntou Rita.
- Quem você acha bobona? ... Claro que eram os escravos. -

Ralhou Paulinho, olhando bravo para a menina.
- Isso mesmo. Os escravos índios e negros. Os brancos buscaram muitos homens negros lá da África para trabalhar nos rios e minas a procura do ouro e depois do diamante.

Muitas cidades nasceram: Ouro Preto, Sabará, Diamantina, Serro, São João Del Rei, Tiradentes e muitas outras.
Muitos homens ficaram ricos. Portugal ficou rico...
Estes homens construíram grandes casarões e igrejas decoradas de ouro e trabalhos bonitos dos artistas mineiros que ainda hoje existem.
- Eu queria conhecer. – Disse Rita.
- Eu também. – Disse Paulinho.
- Ora, vamos fazer o seguinte. No fim de semana vamos fazer uma viagem para uma destas cidades. Que tal? – Perguntou o Vovô.
- Viva! – Disseram os meninos.
- - Bem, assim pouco a pouco o homem branco foi se espalhando pelo interior, plantando, criando gado, procurando tesouros. Junto com os índios e os negros, construíram muitas cidades. Construíram um país chamado Brasil.
- Que legal! – Exclamou Paulinho se levantando do sofá.
- Mas ainda não acabou. Estes homens, mistura das três raças: índios negros e brancos eram brasileiros e conseguiram a independência de Portugal.
- Independência? – Perguntou o Menino.
- È, as terras ainda estavam ligadas a Portugal, aquele país lá do outro lado do mar. Os brasileiros conseguiram ser donos da terra que passou a ser um país livre. – Continuou o Vovô.
- O Brasil se tornou um império. Teve dois imperadores: D. Pedro I e depois seu filho, D. Pedro II.
- Igual aos contos de fadas, com castelo e tudo?
Vovô Carlos sorriu.
- Mais ou menos... Possuíam um palácio... Uma corte com Duques, Viscondes e Condes...

- O país ficou livre, mas e a escravidão dos homens? - Perguntou Paulinho cortando o avô.
- A escravidão acabou um pouco depois, porque nenhum homem deve escravizar outro homem. Depois o Brasil virou uma república...
- Na república quem governa é o presidente, não é Vovô? – Perguntou Paulinho.
- Isso mesmo Paulinho... O país chamado Brasil cresceu, construiu indústrias, recebeu mais gente de outros lugares e de outras raças. Novos brasileiros. O Brasil de hoje é uma grande nação com 500 anos de idade.

- Nossa, é bem velhinho... – Disse Rita.
- Não é não. Para um país é ainda uma criança. Existem países bem mais velhos. O Brasil é uma terra de grandes e lindas cidades, lindas praias, grandes rio, florestas, cerrados, caatingas, onças capivaras, araras... E o mais importante de tudo: Terra de um povo de várias raças, alegre e forte que constrói seus futuro no presente sem esquecer seu passado...
- Nossa terra... – Disse Paulinho.
- Isto mesmo, nossa terra, Paulinho.
- Acabou a história Vovô? – Perguntou Rita.
- Não minha filha, essa história não acaba nunca. Eu ajudei a fazer, seus pais estão fazendo e vocês vão continuar fazendo. Sempre, sempre, para construir uma país melhor, com justiça, trabalho, escola e saúde para todos.
Enquanto o Vovô Carlos falava, a energia voltou, iluminando toda a sala.

Alguém apagou a vela e ligou a televisão.

Vovô levantou e foi se deitar...

FIM

segunda-feira, 2 de maio de 2011

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL - JOGOS

QUEM É O PRESIDENTE DO CONSELHO?
Autor: Carlos Henrique Rangel


EDUCAÇÃO PATRIMONIAL - TEXTOS

SITES DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL



http://repositorio.bce.unb.br/bitstream/10482/4746/1/Curso%20de%20Educacao%20Patrimonial%20-%20versao%20final%20-%20Nathalie.pdf



http://www.encontro2008.rj.anpuh.org/resources/content/anais/1213054194_ARQUIVO_TEXTO_ANPUH-RIO.pdf




http://muarq.ufms.br/encontro_arqueologia/trabalhos/6.%20Experiencias_da_Pratica_de_EP.pdf



http://www.pe.senac.br/ascom/faculdade/Anais_EncPesqExt/IV/anais/poster/003_2010_poster.pdf



http://repositorio.bce.unb.br/bitstream/10482/4746/1/Curso%20de%20Educacao%20Patrimonial%20-%20versao%20final%20-%20Nathalie.pdf



http://www.anchietano.unisinos.br/sabsul/V%20-%20SABSul/simposio/social/3.pdf



http://www.institutocidadeviva.org.br/inventarios/txt_passado_Presente.pdf



http://www.cj.uenp.edu.br/ch/anpuh/textos/029.pdf



http://www.ufpa.br/ppgecm/media/Dissertacao_Luiz%20Rocha%20da%20Silva.pdf



http://novo.contagem.mg.gov.br/arquivos/comunicacao/pordentrodahistoria01.pdf



http://www.sigeventos.com.br/jepex/inscricao/resumos/0001/R0152-1.PDF



http://www.anped.org.br/reunioes/29ra/trabalhos/posteres/GT08-1933--Int.pdf



http://www.historiadesaogoncalo.pro.br/txt_hsg_artigo_07.pdf



http://www.ufjf.br/maea/files/2009/11/monteirooliveira.pdf



http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe4/individuais-coautorais/eixo07/Eliana%20Roda%20Ferreira%20e%20Carolina%20Marielli%20Barreto%20-%20Texto.pdf



http://www.unilasalle.edu.br/museu/mouseion/vol1jun2007p23-25.pdf



http://www.tremdavale.org/novo/historiaoral/files/09.pdf



http://www.usjt.br/biblioteca/mono_disser/mono_diss/024.pdf



http://www.anpuhsp.org.br/downloads/CD%20XVII/Paineis/Fabiano%20Gomes%20da%20Silva.pdf



http://www.ufpel.edu.br/cic/2009/cd/pdf/LA/LA_00536.pdf



http://www.anpap.org.br/anais/2010/pdf/cpcr/alessandra_rosado_2.pdf



http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/3182_1868.pdf