PROTEUS EDUCAÇÃO PATRIMONIAL 22 ANOS

PROTEUS EDUCAÇÃO PATRIMONIAL 22 ANOS

sábado, 29 de setembro de 2012

SEMINÁRIOS E ENCONTROS SOBRE PATRIMÔNIO CULTURAL


SEMINÁRIOS E ENCONTROS SOBRE 
PATRIMÔNIO CULTURAL



IV Seminário de Geografia, Turismo e Patrimônio Cultural
DATA DE INSCRIÇÃO:
11/06/2012 A 24/10/2012

PERÍODO DE REALIZAÇÃO:
29/10/2012 A 31/10/2012
OBJETIVO:
O IV Seminário de Geografia, Turismo e Patrimônio Cultural tem como objetivo analisar e discutir o olhar geográfico sobre o campo de pesquisa e gestão do patrimônio cultural. Essas discussões visam estimular a produção acadêmica e a elaboração de projetos que envolvam as categorias analíticas clássicas da geografia aplicadas ao patrimônio cultural, ou seja, o espaço, o território, paisagem e o lugar contribuindo para uma melhor compreensão da dinâmica socioespacial que envolve as áreas patrimonializadas.

3º Seminário Internacional do Património Agroindustrial
A terceira edição do  Seminário Internacional do Património Agroindustrial realiza-se no Museu do Douro, sedeado na cidade de Peso da Régua, Portugal, entre os dias 24 a 27 de outubro de 2012.   A organização do seminário  é da responsabilidade da Fundação Museu do Douro com a coordenação cientifica  da Professora Júlia M. Lourenço (C-TAC, Centro Território, Ambiente e Construção, Universidade do Minho).
 O tema proposto para esta edição “Tradição” Vs Inovação” pretende consubstanciar o alargamento de uma rede internacional de especialistas da ciência e da cultura, através da inserção do Douro, em especial do seu património agroindustrial nas análises e debates contemporâneos que vêm sendo efetuados sobre esta temática.

“Segundo Encontro Regional sobre o Patrimônio Cultural Marítimo e Costeiro”

Argentina, Rosario, de 17 a 19 de outubro 2012.
ORGANIZAM
- Centro de Estudos em Arqueologia Subaquática Argentina (CEASA)
- Centro de Estudos Antropológicos Latinoamericanos (Timbó)
Ambos os centros de pesquisa da Faculdade de Humanidades e Artes da Universidade Nacional de Rosario, Argentina. (www.fhumyar.unr.edu.ar)
DESTINATÁRIOS: na reunião esperamos receber pesquisadores e interessados de diferentes disciplinas que abordam as problemáticas do patrimônio costeiro e marítimo em seu conjunto: Arqueólogos, Antropólogos, Historiadores, Conservadores, Cientistas Sociais em general e de todas aquelas Ciências Aplicadas que trabalham e colaboram para ampliar o conhecimento partindo da interdisciplina.

Em outubro – Belo Horizonte recebe 2º Seminário Igreja e Bens Culturais

cancaonova.com: 21:06 23-08-2012
Em outubro – Belo Horizonte recebe 2º Seminário Igreja e  Culturais
Refletir sobre a as técnicas de conservação e salvaguarda do patrimônio cultural da Igreja e sua importâ na evangelização. Esse é um dos objetivos do 2º Seminá Igreja e Bens Culturais – Evangelização e Preservação, que será realizado nos dias 22 a 25 de outubro, na Casa de  São José, em Belo Horizonte (MG).
A proposta do evento é motivar arquidioceses, dioceses e paróquias quanto aos cuidados e regulamento para a preservação dos Bens Culturais, Arte Sacra e Obras. O seminário está  organizado pela Comissão Regional Bens Culturais da Igreja da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Regional Leste 2, em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artí Nacional (), o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artí de Minas Gerais (IEPHA) e o Ministério Público Estadual ().
O 2º Seminário Igreja e Bens Culturais pretende reunir bispos, , religiosos, arquitetos, arquivistas, bibliotecários, restauradores, pesquisadores e estudantes em um espaço para debates, palestras, exposições de temas como legislação civil, técnicas de conservação de bens móveis e integrados, elaboração de projetos para captação de recursos e medidas de segurança, inventariação e ção.
ções e inscrições no site do Regional Leste 2. Acesse www.cnbbleste2.org.br.
II SIMPÓSIO DE ARQUIVOLOGIA DA REGIÃO NORTE
O evento ocorrerá nos dias 21,22 e 23 de novembro de 2012 na universidade Federal do Amazonas
as inscrições para submissão de trabalhos já estão abertas, os resumos devem ser enviados até o
dia 17;10.

http://www.arquivologia.furg.br/


EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E MÍDIA


EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E MÍDIA

http://www.docomomo.org.br/seminario%209%20pdfs/039_PB_OR-PatrimonioEMidiaInterativa-ART_monika_stumpp.pdf

http://www.ufpe.br/cead/estudosepesquisa/textos/artigos_vol_1.pdf

http://proteuseducacaopatrimonial.blogspot.com.br/2011/07/educacao-patrimonial-texto-pensar-alem.html

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

CONTOS - A MATRIZ

A MATRIZ

Autor: Carlos Henrique Rangel


Em uma cidadezinha não muito distante, igual a tantas existentes neste nosso Brasil, vivia uma comunidade pacífica e ordeira, feliz com seus pequenos prazeres: a conversa na calçada, a missa na Matriz, o passeio que se seguia após o culto e é claro, as festas regionais. Praticamente a vida do lugar acontecia na praça da Matriz onde todos se encontravam. A Matriz, com suas duas torres era a presença mais marcante há quase trezentos anos. Símbolo da religiosidade local acompanhava a vida de todos com sua grandiosidade e imponência.


Esse símbolo adorado e reverenciado por todos tinha o seu benfeitor. Na verdade uma família de benfeitores que há cem anos cuidava da Matriz, trocando telhas quebradas, pintando, limpando. O ultimo membro desta antiga e rica família de comerciantes era o Sr. Israel Ferreira do Amaral Neto, conhecido por todos pelo carinhoso apelido de IFAN. E este rico e respeitado senhor durante cinqüenta anos cuidou da Matriz como se fosse um filho que nunca teve. No entanto a riqueza acumulada em décadas pela família Ferreira do Amaral, que parecia inesgotável foi se dissipando em negócios mal feitos e o Sr. IFAN chegou à velhice praticamente pobre.


Essa pobreza seria apenas um drama familiar se não houvesse um grande porém: a Igreja Matriz... Com recursos limitados que mal davam para o sustento de sua casa, o Sr. IFAN não pôde mais cuidar da Igreja. As telhas não eram mais trocadas, a pintura não era renovada, os vidros quebrados continuavam quebrados.


A pacata comunidade assistia à degradação do seu bem mais precioso sem entender o que acontecia.

- Olha mamãe, o vidro está quebrado – disse um menino mostrando a janela da fachada principal da Matriz.

- É, isso é horrível meu filho. Onde está o Sr. IFAN que não resolve este absurdo? – Exclamou Dona Maria escandalizada com a situação do velho templo.


- Está toda se perdendo... Coitada da nossa Igreja... – resmungou o velho Sr. Manuel que passava com uma de suas netas.

O padre José que estava na porta ouviu o comentário e balançou a cabeça triste.


- O telhado está todo cheio de furos... Quando chove, a igreja vira uma piscina... – Disse olhando para a janela.
- Isto não está certo, o Sr. IFAN não podia ter deixado isto acontecer... – Protestou Jorge, o pipoqueiro da Praça.

- Concordo com o senhor... Isto é desleixo. Temos que fazer alguma coisa. – Disse Dona Maria.

- Vamos lá na casa dele agora resolver isto de uma vez por todas. – Disse o Sr. Manuel.

- Isso mesmo vamos todos nós até a casa dele. – Falou o Padre José se adiantando.
E assim o pequeno grupo se dirigiu à mansão dos Ferreira do Amaral para tomar satisfação do solitário Sr. IFAN.

Foram recebidos pela velha criada da família que se assustou com a visita inesperada.


- Padre José, Sr. Manuel, Dona Maria... Já ficaram sabendo? – Espantou-se a Tia Nenê.


- Sabendo de que mulher? – Perguntou o padre sem entender.

- Ih... O Sr. IFAN, coitado, está doente há cinco dias... Não sai da cama... – Disse ela abrindo a porta para que a comitiva entrasse na sala.
- Não sabíamos... A verdade é que viemos por outro motivo. Precisamos falar com ele...


- Calma Manuel... O pobre homem está doente... – Disse o Padre colocando a mão no ombro do homem.

- Olha, se a coisa é urgente, eu vou falar com ele para ver se pode recebê-los. – Disse Tia Nenê aflita.

- Não sei não... Será que agente não poderia resolver isto outro dia... – Lamentou o Padre José.


- Não, nada disso. Vamos resolver tudo agora mesmo, ou o senhor esqueceu do estado triste em que está a nossa querida Matriz? – Falou o Sr. Manuel um pouco alterado.


- Olha, eu vou falar com ele e volto já. – Disse Tia Nenê saindo rapidamente.

Voltou logo depois pedindo que todos subissem ao quarto do velho Sr. IFAN.

O grupo o encontrou deitado, com o rosto branco como cera e os finos cabelos brancos desgrenhados.


- Oh meus amigos, desculpem recebê-los assim... A gripe me derrubou... Nada muito grave... A que devo a honra dessa visita? – Perguntou o polido Sr. IFAN.


- Olha Sr. IFAN lamentamos muito incomodá-lo neste momento, mas temos algo muito sério para tratar. – Disse o Padre José com o semblante carregado.


- Por favor, sentem–se estou doente, mas não estou morrendo. – Falou o Sr. IFAN.


O grupo se acomodou nas cadeiras espalhadas pelo quarto e um pequeno silêncio ocupou o espaço por alguns segundos. Foi Dona Maria que o quebrou.

- É sobre a Matriz... Sabe Sr. IFAN, ela está terrível com furos no telhado, vidros quebrados, imagens com cupim... – Disse ela timidamente.


- É... Ela está horrível, daqui a pouco cai. – Exagerou o Sr. Manuel.


- É isto mesmo, Está suja quebrada e o que o senhor vai fazer? – Perguntou o Pipoqueiro.


- Olha meus amigos, o que eu posso fazer?- disse ele mostrando a cama.

- O que o senhor pode fazer? Ora Sr. IFAN, o Senhor tem que dar um jeito nisto. – Disse o Padre José.

- Eu? Olhem para mim. Olhem para minha casa... Estou velho, velho e pobre. Mal, mal tenho recursos para sustentar-me e a esta pobre Tia Nenê... – Lamentou IFAN.

- Mas o senhor sempre cuidou da Igreja. O senhor e toda a sua família... – Rebateu o Sr. Manuel.


- Eu sei disso. E olha que é com muito pesar que admito que não tenho condições de cuidar mais dela. – Falou o velho e doente senhor.
- Mas isto não está certo. Tem que cuidar sim senhor – Gritou o Sr. Manuel.


- Meu amigo, você mais do que eu sabe do amor que minha família sempre teve pela igreja, mas ela nunca foi nossa. A Matriz é de toda a cidade. – Disse IFAN.


- A onde o senhor quer chegar? Perguntou Dona Maria.

- À verdade. A Matriz é responsabilidade de todos nós, não de uma família...

- Mas vocês sempre fizeram tudo sozinhos... – Disse o Padre.


- É verdade, foi um grande erro e só agora nesta situação difícil que percebi isto. – Disse IFAN.


- Mas se o senhor não pode cuidar, quem vai cuidar? – Perguntou o pipoqueiro.

- Ela não é de todos? Então todos vão cuidar...- Falou o doente com a voz rouca.


- Mas não temos dinheiro... – Falou o Sr. Manuel levantando-se.


- É verdade, individualmente somos todos pobres e o conserto da nossa querida Igreja é caro...Mas juntos... Juntos podemos muito. – Disse o Sr. IFAN.

- Como? Não entendi. – perguntou o Padre José.
- É simples, vamos buscar os recursos na comunidade. – Falou IFAN sentando-se na cama.
- Buscar como? – Perguntou Dona Maria.
- Ora, vamos criar comissões... O Padre José pode organizar um leilão...
- Leilão de que Sr. IFAN, a Igreja não tem nada para leiloar... – Riu o Padre.


- Leilão das coisas que vamos recolher da comunidade... Um leitão do Sr. Pedro fazendeiro, um cesta de frutas do pomar da Dona Maria, uma toalha bordada da Dona Rita...

- Que ótima idéia Sr. IFAN, Eu conheço muita gente que pode oferecer coisas interessantes. – Falou radiante o Padre José.

- Podemos fazer barraquinhas... Vender pastéis após a missa. – Disse Dona Maria sorrindo.

- Isto mesmo gente. Dona Maria fica encarregada de montar a comissão das barraquinhas, Jorge conhece muita gente e pode ficar encarregado de recolher objetos para o leilão junto com o Padre...- Falou o Senhor Manuel.
- E o senhor, o que vai fazer? – Perguntou José.


- Vou procurar os pedreiros e marceneiros e explicar o problema... Pedir o apoio deles. – Falou o Senhor Manuel.

- Que ótimo. Então vamos logo resolver isto. – Gritou o Padre José levantando-se. Os outros o seguiram radiantes. O grupo se despediu do doente e foi tratar dos assuntos.


O Padre José aproveitou a hora da missa para convocar voluntários e o apoio de toda a comunidade. Não demorou muito para que todos contribuíssem com alguma coisa ou com alguma atividade. O Senhor Haroldo da Gráfica fez os convites que foram espalhados por toda parte convocando para o leilão em prol da Matriz e para as barraquinhas na Praça. Em dez dias tudo estava pronto. No domingo de manhã aconteceu o leilão regado à fogos de artifício e balões. À noite as barraquinhas fizeram a festa como nunca havia se visto na cidade. Na Praça toda colorida de bandeirinhas multicores e de toldos brancos das barracas oferecia-se de tudo um pouco: pastéis da Dona Nhonhô, toalhas de renda da Dona Rita, bijuterias da Martinha... E tinha bebidas: refrigerantes e cervejas... Uma festa. Tudo e todos pela Matriz era o lema.
Praticamente todo mundo participou, até mesmo o senhor IFAN, coitado, ainda gripado.

O dinheiro arrecadado não foi muito, mas permitiu o início da obras realizadas por técnicos especializados. Logo alguém teve a idéia de vender santinhos e postais para conseguir mais dinheiro. O Sr. Alfredo do mercado ofereceu camisetas com estampas da igreja, um sucesso. Os pastéis de Dona Nhonhô viraram mania da cidade... Mas ainda era pouco.

- Gente do céu! E os santos? Como ficam os santos?- Perguntou Zé do Peixe na reunião semanal da Comissão.

- É mesmo, a Santa Rita está toda carunchada, coitada! – Disse Ritinha.

- Não é só ela não, o São José parece um queijo suíço de tão esburacados. – Falou o Padre José.

- Oh gente! Está aí a solução. – Falou Dona Maria levantando com os olhos brilhantes de euforia.


- Que solução? – Perguntou Padre José.


- Ora, não estão vendo? Muitas meninas, moças e senhoras chamam-se Rita por causa da Santa Rita...


- É mesmo. Muitos homens chamam-se José por causa do São José... – Falou o Padre José.
- Entendi. Vamos procurar as Ritas e os Josés. – Falou o Sr. IFAN.


E assim a Comissão dos santos saiu pelas ruas da cidade visitando as Ritas e os Josés pedindo ajuda para restaurar as imagens.

- Olá Dona Rita, como vai? – Perguntavam:


- Vou bem...


- Sabe Dona Rita, A senhora chama Rita por causa da imagem de Santa Rita, não é?


- É sim...


- Pois então, a Coitada da Santa está lá toda cheia de cupim... Precisa ser restaurada. Quanto a senhora pode dar para ajudar a Santa?


E assim fizeram com o São José, com o Santo Antônio, com tantos outros santos. Restauraram as imagens com a ajuda das Marias, dos Joãos, das Ritas e dos Josés.

A igreja vivia cheia de gente querendo ajudar ou assistir as obras. Os professores das escolas levavam os alunos para verem os trabalhos em horários pré-determinados e os restauradores prestativos explicavam tudo. Todos ajudavam e aprendiam ajudando.

Mas havia o forro. O belo forro rococó da Matriz fora muito danificado pelos anos de goteira.

- Gente! Agora é o forro, olha só o estado dele. – Disse o Sr. Manuel apontando para o alto.

- Agora ficou difícil, não conheço ninguém que se chama forro... – Brincou um rapaz.

- Engraçadinho. Se não tem ninguém tem todo mundo... – Disse Dona Maria.


Pensaram um pouco em silêncio e o próprio rapaz que fizera a brincadeira teve uma idéia.


- E se a gente fizesse um desenho do forro e dividisse em pedaços iguais. Podíamos vender os pedaços...


- Que idéia ótima. – Gritou o Padre José.

E isto foi feito. Fizeram o desenho do forro e saíram oferecendo a todos.

Conseguiram restaurar o forro com a ajuda de todos.


No dia da inauguração as pessoas apontavam para certos lugares no forro sorrindo.

- Está vendo aquele pedaço ali, foi eu que ajudei a restaurar. – Disse Zé do Peixe.

- Grande coisa, aquele outro ali foi eu. – Falou Dona Maria rindo.


Foi uma grande festa na cidade quando as obras terminaram. A igreja brilhava de tão bonita. A Praça estava toda enfeitada... Fogos de artifício coloriam o céu. As mulheres vestiram suas melhores roupas. Os homens pareciam noivos de tão elegantes. O Padre José parecia o rei da festa de tão feliz. A pacata cidade que sempre fora muito calma e feliz estava mais unida do que nunca. A Igreja que sempre fora adorada por todos, agora era de fato de todos. E este sentimento se espalhou para todos os lugares da cidade. Agora os casarões eram de todos, a praça era de todos, as cachoeiras, as árvores, as festas...Um sentimento comunitário de respeito por tudo imperava.

O Sr. IFAN?

Sarou da gripe e passeava todas as tardes de braços dados com Tia Nenê. Continua muito respeitado por todos.

FIM



GLOSSÁRIO

- Benfeitor

O que faz bem; aquele que faz benfeitoria.

- Comissão

Conjunto de pessoas encarregadas de tratar juntamente um assunto.

- Imponência

Altivez; magnificência; grandiosidade; suntuoso.

- Pacata

Pacífica; sossegado; tranqüila.

- Símbolo

Objeto a que se dá uma significação moral.

- Semblante

Rosto; aparência; fisionomia.

- Restaurar

Recuperar; reintegrar; renovar; por em bom estado.

- Rococó

Estilo de ornamentação que vigorou em Minas Gerais a partir da segunda metade do século XVIII.



segunda-feira, 24 de setembro de 2012

CONTO A CIDADE DO SONHO


A CIDADE DO SONHO


 Autor: Carlos Henrique Rangel

Em uma cidade não muito distante, havia um homem que era muito rico, dono de muitas casas e lojas chamado Luciano. Um dia Luciano resolveu demolir uma velha casa que ficava no centro da cidade.

-         Uma cidade precisa crescer... E para crescer é preciso fazer coisas novas e modernas. O futuro é o concreto e os arranha-céus. Cidade progressista é aquela que tem grandes edifícios de concreto. Progresso, progresso, é disto que precisamos, uma cidade que acompanha o seu tempo...Por isso vou demolir esta velha casa e construir um lindo prédio. Nossa cidade não pode parar no tempo. Temos que acompanhar o progresso do mundo... – Dizia a todos o senhor Luciano com orgulho.

Muitas pessoas não se importaram. Alguns garotos e velhos não gostaram.

-      É um absurdo o que o Senhor Luciano vai fazer. Ele não pode demolir o casarão. – Disse o menino Gabriel.

- Bobagem existem tantos... Um não vai fazer falta...- Falou um homem.

-   Vai sim... É assim que começa, primeiro derrubam um, depois outro... Uma casa ali outra acolá... E ai lá se vai a nossa memória... – Rebateu o velho senhor Juca.

-         Deixem que ele faça o que quiser, a casa é dele... – Disse uma moça.

- Não acho isto certo, com a destruição do casarão toda a cidade perde... – Falou o menino Gabriel.

-     Isto mesmo, temos que defender a nossa cidade. Se nós que moramos aqui não fizermos nada, ninguém mais fará. – Disse Pedro, o dono do cinema local.

-        Vocês deviam é cuidar das suas vidas, deixem o homem fazer o que quiser. – Falou novamente a moça.

- Isto não está certo... Ele não tem o direito de destruir parte da história de nossa cidade...

-      Tudo bem, mas o que vamos fazer?... O que podemos fazer? – Perguntou o senhor Juca.

- Não há nada a fazer... A não ser que vocês tenham muito dinheiro para comprar o casarão... – Disse um homem rindo.
-       Vamos falar com o Senhor Luciano, quem sabe conseguimos convencê-lo. – Falou Gabriel.

-    Boa idéia menino. Vamos lá na mansão falar com o Senhor Luciano, tenho certeza que ele vai mudar de idéia.

-       Isto mesmo temos que defender a nossa cidade. Se nós que moramos aqui não fizermos nada, ninguém mais fará.... Estranho, acho que alguém já disse isto... - Falou um dos velhos senhores.

Montaram uma comissão e foram até a mansão do homem rico, pedir para que não destruísse a casa.

-   Quanta gente, a que devo a honra desta visita? – Perguntou Luciano.

-  Senhor Luciano, Estamos aqui para pedir que em nome da história de nossa cidade não destrua o casarão... – Disse Gabriel.

- Por que não? Ele é muito velho, já deu o que tinha que dar...

- Por isto mesmo. Por que é uma casa do tempo em que a cidade nasceu.

- Quantas coisas aconteceram ali... Alegrias e tristezas. Festas, aniversários... Velórios... – falou o velho senhor Juca.

- Daquelas janelas, quantos olhares viram o tempo passar, a vida passar... – Lamentou outro velho.

- Lembro da Mariazinha sua avó, linda e faceira na janela sorrindo para todos que passavam...Os homens passavam devagar olhando apaixonados... – Continuou o velho senhor Juca.

- Era linda...  Olhos brilhantes, lábios vermelhos como morangos... Dançávamos no grande salão nas festas de aniversários... A banda tocava lindas canções de amor e Mariazinha flutuava... Namorei  ela, lembra?

-    Sim, mas foi o avô do Senhor Luciano que casou com ela...

- Chega de falar em minha avó que já morreu há muito tempo... A casa está  abandonada agora... Ninguém mais vive lá... O que passou, passou... – Gritou Luciano com raiva.

- Pode ser usada. Nossa cidade precisa de uma Biblioteca Pública.

- Uma casa de cultura. – Disse um menino.

- Porque não um museu!? Nossa cidade não tem museu...
-     Chega! Que engraçado, vocês falam da casa como se fosse de todo mundo...Já decidi, vou construir no lugar um prédio enorme, cheio de lojas. E vocês... Saiam da minha casa, me deixem em paz. – Falou Luciano nervoso.
- Mas Senhor Luciano...

- Chega de mas... O casarão é meu e faço o que quiser... No futuro vocês vão me agradecer...

O grupo foi embora triste por não ter conseguido convencer o homem rico.

-    Que atrevimento deste povo vir aqui na minha casa e me dizer o que eu devo fazer com o casarão... Ora bolas, Biblioteca... Vejam só...

Luciano então fechou a porta de sua casa e foi deitar no sofá da sala ainda com raiva.
E dormiu. E sonhou. Sonhou que estava numa rua barulhenta, cheia de carros, onde quase não se via o Sol por causa dos prédios.

Luciano andava pela rua em meio a multidão nervosa. Havia muita gente. Gente triste e suada por causa do calor que fazia. Luciano olhava para um lado e para o outro e não via uma árvore. Os prédios pareciam iguais. As pessoas pareciam iguais. Caminhou então pela rua até chegar em uma praça. Uma praça sem árvores, com uma igreja enorme de concreto.
Luciano a achou feia. Sentou em um banco da praça e ficou vendo todo aquele barulho, sentindo muito calor e muita saudade de sua cidade.
- Que cidade é essa? Que lugar triste e feio. Onde será que estou? – Lamentou sem entender nada.
Resolveu saber perguntando a alguém: Um menino que passava.
- Ei menino, que cidade é essa?
O menino riu.

- Ora senhor Luciano, não reconhece? Essa é a sua cidade.
- Minha cidade? Mas onde estão os casarões? Onde está a Matriz? E a praça?
- Os casarões foram demolidos, eram muito velhos. A Matriz, ora, o Padre quis uma igreja maior.
- E a praça? Onde está aquela bela praça cheia de árvores?
- Está aí, não esta vendo?

- Mas não pode ser... Onde está a casa do Manuel, meu amigo? E a casa da Dona Cotinha...? Onde está a padaria do seu Juca? E o cinema, onde eu costumava ir ver os filmes de aventuras...?
Luciano não conseguia entender. Aquela não parecia a sua cidade.
Não havia mais nada que lembrasse o seu passado.
- Ei você, O que aconteceu com o cinema? – Perguntou a um transeunte.

- Ah... Aquele monstrengo? Foi demolido, Ninguém mais ia assistir filmes lá.

- Mas era tão bonito... E a padaria do seu Juca, o que aconteceu com ela?

- Ora seu Luciano, Todo mundo agora compra pão na padaria moderna lá do Supermercado.

- Eu não entendo mais nada... Onde será que está a minha mansão... Ficava aqui nesta rua...

Saiu andando procurando a sua mansão. Não encontrou.
Em seu lugar havia um feio edifício de vinte andares.

- Nossa Senhora, cadê a minha casa? Quem foi o atrevido que construiu este prédio aqui?

Saiu caminhando triste pela avenida Principal. Barulhenta e cheia de placas, não lembrava em nada a avenida que conhecia, cheia de árvores e casarões coloridos.
Chegou finalmente enfrente a um velho prédio que estava sendo demolido.

- O que está acontecendo?

-    Estamos demolindo este prédio. Foi o primeiro da cidade, mas agora não serve mais, vão construir um prédio mais moderno em seu lugar.

- O primeiro?

- É, não se lembra Senhor Luciano? O senhor demoliu o casarão que existia aqui e construiu este prédio.

- Eu? – Perguntou espantado Luciano.

- Sim Senhor. Depois deste vieram os outros.

-          o padre gostou da idéia e demoliu a velha igreja...

    -    O prefeito achou que as árvores da praça e da avenida escureciam a cidade e mandou cortar...
- Ficou melhor não acha?
- Não, não acho... Faz um calor danado aqui... Não tem sombra, nem canto dos pássaros... O povo parece triste e apressado... Os prédios são feios e iguais...  Não sobrou nenhum casarão?
- Claro que não. Nossa cidade é moderna. – Disse o homem.
- E ser moderno é isso? Não reconhecer mais nada na nossa cidade? É ficar perdido como se estivéssemos em terra estranha?

Luciano começou a chorar... E foi chorando que acordou. Levantou depressa e correu para a janela. Lá fora a cidade brilhava com seus velhos casarões coloridos. A torre da igreja despontava alta e pássaros cantavam nas árvores da avenida. Luciano limpou o suor da testa aliviado e correu para o casarão. Aquele que ele queria demolir e os velhos e garotos queriam salvar.
Luciano chegou a tempo de impedir a sua demolição.
- Parem os trabalhos. – Gritou com toda sua força.
- O senhor não vai mais demolir o casarão? – Perguntou um operário.
- Não. Este casarão faz parte da nossa história. Vamos transformá-lo em uma biblioteca, ou quem sabe em um museu. O certo é que não será mais demolido e voltará a fazer parte da vida de nossa cidade.
- E o progresso?
- Preservar nosso passado também é progresso. Os nossos casarões, sobrados, casas simples, nossas igrejas... Cheios de suor, lágrimas, alegrias, vivências, esperanças e fé do povo é que diferenciam a nossa cidade das outras. Nossas praças e ruas estão impregnadas das vidas de nossos bisavôs, avós e pais e merecem respeito. Nossas festas são as nossas festas... Diferentes das festas das outras cidades vizinhas.  Progresso não é viver em uma cidade sem rosto igual a tantas outras. Progresso é conciliar o velho e o novo, as manifestações tradicionais com as novas tecnologias. Os prédios novos podem ser construídos em outro lugar fora do centro da cidade, sem afetar o nosso passado.
- Isto mesmo Senhor Luciano. Preservar é crescer com identidade... – Gritou um menino todo alegre.
- É continuar com dignidade... – Falou o Senhor Juca.

- Viva o Senhor Luciano! – Gritou um outro senhor.
-    Viva ! – Gritaram todos.
E assim, gritando vivas o grupo de preservacionistas, operários e o Senhor Luciano se abraçaram felizes. Alguém trouxe um pandeiro, outros um tambor, uma cuíca e uma viola.
Toda a avenida Principal virou uma grande festa.

FIM

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

REABILITAÇÃO URBANA TEXTOS



REABILITAÇÃO URBANA -TEXTOS


CONCEITOS



________________________________________________________________





















CARTA DE LISBOA SOBRE A REABILITAÇÃO URBANA INTEGRADA  
1º Encontro Luso-Brasileiro de Reabilitação Urbana Lisboa, 21 a 27 de Outubro de 
1995

RENOVAÇÃO URBANA CONTIDA POR FORMAS HISTÓRICASCarlos, Claudio Antonio Santos Lima 

PARECER
da Secção Especializada da União Económica e Monetária e Coesão Económica e Social 
sobre 
A necessidade de uma abordagem integrada da reabilitação urbana 
(parecer exploratório)
Relator: Angelo Grasso 
_____________ 


A REUTILIZAÇÃO DO 
PATRIMÔNIO EDIFICADO 
COMO MECANISMO DE 
PROTEÇÃO: uma proposta 
para os conjuntos tombados 
de Florianópolis 
Adriana Fabre Dias



3º SEMINÁRIO DE REABILITAÇÃO URBANA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL



Reabilitação urbana em tecidos antigos
Investigador responsável José Aguiar (até Maio de 2005) e António Baptista Coelho (a partir de Maio de 2005)










RUÍNAS DE MOCAMBINHO E MATIAS CARDOSO

RUÍNAS DE MOCAMBINHO


BASE LUSÍADA




Anais : I Encontro Luso-Brasileiro de reabilitação urbana : centros históricos / Câmara Municipal de Lisboa, Pelouro da Reabilitação Urbana dos Núcleos Históricos. - Lisboa : Câmara Municipal de Lisboa, 1995. - P. 164-167.

Ruínas de Mocambinho : marco da conquista do Norte de Minas Gerais / Cristina Pereira Nunes Carlos Henrique Rangel. - In: / Anais : I Encontro Luso-Brasileiro de reabilitação urbana : centros históricos / Câmara Municipal de Lisboa, Pelouro da Reabilitação Urbana dos Núcleos Históricos. - Lisboa : Câmara Municipal de Lisboa, 1995. - P. 164-167.
Protecção do Património / Conservação / Brasil / Século XVII / Século XVIII / Século XIX / Século XX / Cidade / Património Arquitectónico / 72.025 / 

CAM 72.025-403


http://koha.lis.ulusiada.pt/cgi-bin/koha/opac-detail.pl?biblionumber=38295&shelfbrowse_itemnumber=51108#shelfbrowser


DIFERENTES TRAJETÓRIAS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO NO NORTE DE MINAS GERAISCastro, Daniela Lorena Fagundes de

http://www.forumpatrimonio.com.br/print.php?articleID=116&modo=1



Antes das Minas Gerais: conquista e ocupação dos sertões mineiros*

Before Minas Gerais: conquest and occupation of the captaincy's hinterland


Angelo Alves Carrara
Doutor em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor do Departamento de História/UFJF. Campus Universitário, Bairro Martelos - Juiz de Fora/MG Cep: 36036-900. carrara@pq.cnpq.br



MATIAS CARDOSO O BANDEIRANTE ESQUECIDO
Carlos Henrique Rangel



TRAJETÓRIA ECONÔMICA E SOCIAL NO NORTE DE MINAS GERAIS  Elias Rodrigues de Oliveira  
Breve História de Matias Cardoso, extrato da pesquisa do professor João Batista de Almeida Costa.