PROTEUS EDUCAÇÃO PATRIMONIAL 22 ANOS

PROTEUS EDUCAÇÃO PATRIMONIAL 22 ANOS

terça-feira, 23 de março de 2010

ENTORNO DE BEM TOMBADO

http://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:HVz1oZchH38J:www2.rio.rj.gov.br/smu/buscafacil/Arquivos/PDF/D31569M.PDF+entorno+de+bem+tombado&hl=pt-BR&sig=AHIEtbTUEfQKdPC4IOqEAOqjIIj_PRIDDA

http://www.rioecultura.com.br/instituicao/bens_tombados.asp

http://www.secult.pa.gov.br/pdf/arquivos_patrimonio/Instrucao_normativa_01_10_09_cp_e_ap.pdf

http://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:3-2oeqduIw4J:www.gepfs.ufma.br/legurb/LEI%25203392.pdf+entorno+de+bem+tombado&hl=pt-BR&pid=bl&srcid=ADGEESgr4h9SbAcDevywTXqAf7gDKdOukpOERMCo6UPeCvf3cvEveZrcs0HLGgC6aVULK1uyVH1kPO95pWo-W53X-z3lU2UnB1OuhGarbvDS_VmfYJIzIfTSTI56vk2YRAGMT4T85dN1&sig=AHIEtbR5cnwpeMkoFKKGK6euf2-8eZrJ-A

http://www.scribd.com/doc/7685322/TOMBAMENTO

http://64.233.163.132/search?q=cache:L0x01-OufcAJ:www.pien.pr.gov.br/_admin/legislacao/leis/Lei%2520n%25BA%2520864%2520-%2520Patrim%25F4nio%2520Hist%25F3rico.doc+entorno+de+bem+tombado&cd=43&hl=pt-BR&ct=clnk

http://www2.prsc.mpf.gov.br/conteudo/servicos/noticias-ascom/ultimas-noticias-anteriores/2008/set/mpf-sc-quer-proteger-entorno-da-ponte-hercilio-luz

http://www.defender.org.br/legislacao-entornos-de-bens-tombados-estaduais-iphaers/

http://hipnos.ucs.br/turismo/noticias.php?id=55

http://www.scribd.com/doc/16483470/resolucao-do-conselho-patrimonio-historico-do-Acre-Normas-de-uso-dos-bens-publicos

http://www.etur.com.br/conteudocompleto.asp?idconteudo=12471

http://64.233.163.132/search?q=cache:HHXAWuINlsgJ:www.cmaltafloresta.com.br/arquivos/lei/650_Lei%25201537.doc+entorno+de+bem+tombado&cd=66&hl=pt-BR&ct=clnk

http://www.camarajussara.com.br/legislacao/leis/gestao%202001-2004/2003/896.doc

http://www.investidura.com.br/biblioteca-juridica/resumos/direito-ambiental/394-aprotconstinfra.html

http://www.concursospublicosonline.com/images/stories/provas/2007/fumarc_superior/s_mpe_mg_tecnico_do_mp_historia_26_hist%C3%B3ria_prova.pdf


http://wikimp.mp.go.gov.br/twiki/pub/EstruturaOrganica/AreaMeio/CentrosDeApoio/CAOMA/AcaoCivilPublicaPatrimonioCultural/ACP_PIRANGA_R_BENEDITO_VALADARES_29_revisada.doc

http://www.sindusconsp.com.br/downloads/eventos/2009/sem_legalizacao/andrea_tourinho041109.pdf


http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/3028/Tombamento-Conservacao-do-patrimonio-historico-artistico-e-cultural


http://www.ciee.org.br/PORTAL/apoio/eventos_opdig/documentos/apresentacao_audiovisual_8aula.pdf

domingo, 21 de março de 2010

PEÇAS DESAPARECIDAS

Imagem de Nossa Senhora do Amparo, padroeira do distrito de Brejo do Amparo, em Januária (Norte de Minas). Feita em madeira com policromia, e coroa, pesa cerca de 35 quilos e foi furtada em 1987.

IMAGENS
Autor: Carlos Henrique Rangel


O homem depositou o pacote sobre a mesa e limpou o suor da testa.


-Está aí. Não foi fácil... Tinha alarme... – Disse homem olhando para o senhor de cabelos brancos que segurava um copo de bebida.


-O que estou te pagando cobre todo o risco... – Disse o homem de cabelos brancos.


-Claro senhor Jorge, eu não estou reclamando. – Disse o homem suado.


-Tome o seu cheque e pode ir. – O homem suado limpou novamente a testa e partiu.


Jorge rasgou o embrulho e sorriu quando viu a bela imagem de Santo Antônio que havia adquirido. Deu uma volta ao redor da mesa admirando a peça e sorriu novamente.


-Mestre Piranga... Sim... Tenho certeza... Agora vou te apresentar a sua nova casa. – Disse pegando a imagem. Carregou-a por um corredor e parou na ultima porta a direita. Segurou a imagem entre o braço esquerdo e abriu o pesado cadeado. Era um quarto pequeno com apenas uma janela bem fechada.


Acendeu a luz e sorriu para as várias peças sobre uma grande mesa.
-Mais uma para a minha coleção...Santo Antônio apresento-lhe seus irmãos. – Disse ajeitando a imagem do santo entre uma Nossa Senhora do Rosário e um São José.


Correu os olhos novamente para o seu acervo e sorriu feliz. Apagou a luz e fechou a porta.


O ruído ele ouviu quando ainda colocava o cadeado sobre o trinco.
Eram vozes.
Parou de mexer na porta e esperou.
Colocou o ouvido na porta e esperou.
As vozes começaram tímidas.


-Mais um... Como vai Santo Antônio, seja bem vindo ao nosso humilde lar. – Disse a Nossa Senhora ajeitando a coroa.


-Obrigado Senhora, o prazer é todo meu... Mas... Onde estou? A ultima coisa de que me lembro foi de ter sido enfiado em um saco... – Disse o Santo olhando ao redor, custando a enxergar naquela escuridão.
-Isto aconteceu com todos nós... – Disse um São João Batista que estava mais no canto ao lado de uma Santa Efigênia.


-Fui roubado? – Perguntou o Santo assustado.


-Foi. Todos nós fomos. – Falou uma Nossa Senhora de Lourdes.


-Até hoje tenho pesadelos por causa daqueles brutos que me tiraram do altar... Olha, quebraram uma de minhas asas... – Falou um anjo mostrando a asa com um grande remendo.


-Traumatizado, coitado... Nem dorme direito. – Completou a Nossa Senhora do Rosário balançando a cabeça.


-Eu nunca pensei que isto iria acontecer comigo... Já haviam me falado destas coisas. Mas na minha igreja foi a primeira vez...


-Ai meu filho, na minha igreja aconteceu tantas vezes... Ai que saudades dos velhos tempos em que éramos tratadas com respeito... Tantos anos... Quase trezentos anos atrás. – Lamentou a Nossa Senhora do Rosário.


-A senhora esta muito bem... Não parece tão antiga... – Falou o Santo Antônio admirando a Imagem da Senhora.


-Ah meu filho, tenho alguns probleminhas, uma pequena rachadura, a pintura do meu manto está desgastada...


-Não se nota. – Disse o Santo.


-Sou uma boa peça... Acho que todas nos somos. – Completou a Senhora.


-Aleijadinho?


-Não... Jorge diz que sim. Mas fui feita pelos ajudantes dele... – Respondeu a Nossa Senhora do Rosário.


-A senhora faria o maior sucesso na minha igreja. A nossa “Nossa Senhora do Rosário” é pequena e singela – Elogiou o Santo Antônio.


-Ah meu filho, não quero “pegar” o lugar de ninguém...Queria voltar para a minha Igreja...


-Eu sou uma peça portuguesa. Vim diretamente do Porto... Chique né? – Falou uma Nossa Senhora da Conceição de mais de um metro.


-Muito... – Exclamou o Santo Antônio.


-Eu sou paulista mesmo... Taubaté. E você? – Perguntou o São José.
-Fui feito por um mestre que trabalhou muito na minha cidade... Mas não posso falar o nome dele... É segredo... – Explicou o Santo Novato.


-Conheci um Santo Antônio... Ficava no nicho esquerdo do meu altar... Pegou cupim... Uma tragédia... – Lamentou a Nossa Senhora da Conceição.


-Nossa! E o que aconteceu? – Perguntou o santo curioso.


-Levaram ele para um ateliê de restauração, voltou lindo.


-Que bom... Sei de um caso gravíssimo... Epidemia mesmo... Pegou em todo mundo. – Disse o São José pensativo.


-E aí?


-Ah, perdemos um São João Batista, uma Nossa Senhora do Rosário e uma Santa Rita...- Explicou o São José.


-Catástrofe! Isto acontece quando a comunidade não cuida direito da igreja...


-Somos muito bem cuidados aqui. Jorge nos limpa uma vez por semana... – Falou um Cristo que segurava uma grande cruz.


-Mas isto aqui não é uma igreja... É escuro e pequeno... – Disse o Santo novato.
-Ai que saudade da minha igreja... As orações, as velas iluminando...O povo e os pedidos do povo... – Lamentou a Senhora do Rosário balançando o terço.


-Não tem reza aqui? – Espantou o Santo recém-chegado.


-Não tem nada, só escuridão e a visita do Jorge de vez em quando.


-E ele reza?


-Não... Apenas fica admirando...Nada de preces... – Respondeu o São Joaquim que até então apenas ouvia.


-Mas que coisa egoísta... Na igreja somos adoradas por multidões... E as orações... Adorava ouvir os pedidos e tentar atendê-los...


-Aposto que eram sobre casamento... – Falou um Menino Jesus deitado em uma manjedoura.


-A maioria dos pedidos era sobre casamento. – Confirmou o Santo rindo.


-Ai, e as procissões... Adorava sair pelas ruas no andor. Adorada ver toda a população da cidade... Subindo ladeiras... Perdi a conta de quantas vezes sai pelas ruas... Nunca era igual. Ás vezes as novidades não eram boas. Sentia a falta de uma casa, percebia um prédio novo e feio ocupando o lugar de um sobrado lindo que existia perto da igreja... Uma mudança no ritual... Mudança para pior... – Lamentou a Nossa Senhora do Rosário ajeitando o manto.


-E os veículos... Quando vi o primeiro automóvel quase desci do andor e sai correndo. – Disse o São José alisando a barba.


-E os cantos... Na sua igreja tinha música? Na minha igreja cantava-se muito a luz de velas quando eu era uma imagem novinha. O órgão com aquele lindo som do Céu... Depois instalaram luz elétrica e a igreja ficou muito mais clara...- Falou um São Sebastião soltando um dos braços para evitar a cãibra.


-Adoro a Semana Santa e a decoração das ruas...Saia da minha Igreja e ia para a Igreja de Minha mãe... – Falou o Cristo pensativo.


-Ai meu Deus que saudades do Congado... – Lamentou novamente a Nossa Senhora do Rosário.


-Meu povo deve estar muito triste...- Falou o Santo Antônio forçando a vista, tentando enxergar melhor os companheiros.


-Aposto que sim. – Falou o Menino Jesus balançando as perninhas.


-E o Jorge que nem reza... – Disse o Cristo ajeitando a cruz no ombro.


-Moço mais egoísta... – Falou Santa Efigênia.


-Será que ele não tem olhos para ver o que está fazendo com a gente e com o nosso povo? – Perguntou a Santa Luzia depositando o prato na mesa.


-Se pelo menos fosse um museu... No museu as pessoas nos visitam... Já pertenci a um museu...- Falou o Cristo.


-Museu! Deus me livre! Sou uma santa fui feita para ser adorada e louvada. No museu somos objetos de arte. – Reclamou a Santa Rita.


-Mas é melhor que isto aqui. – Falou o Cristo.


-Moço egoísta... E pensar que estou aqui há quinze anos... – Lamentou novamente a Santa Efigênia.
No lado de fora Jorge ouvia a conversa e seu coração inicialmente assustado estava agora carregado de tristeza.


A principio pensou que fosse efeito da bebida. Andava bebendo quase todos os dias àquela hora da noite. Depois achou que não. Não era o efeito de bebida. Era uma conversa real. Muito real... E séria.


As lágrimas trasbordavam dos olhos banhando-lhe a face e um grande sentimento de culpa apertava-lhe o peito.
Via os altares vazios e o choro dos fiéis lamentando a perda dos santos de sua devoção. Ouvia o sermão duro do padre pedindo providências. Via os andores vazios... As beatas chorando... As procissões empobrecidas...


Via o quarto com os olhos dos santos: escuro silencioso...Sem preces, sem luz de velas...


As lagrimas agora molhavam sua camisa. Enxugou os olhos e sem querer bateu com a mão no trinco provocando um forte ruído metálico.


A conversa cessou.
Jorge não precisava ouvir mais nada.


Abriu a porta e encontrou o quarto como havia deixado: em silêncio. O Santo Antônio estava lá entre o São José e a falante Nossa Senhora do Rosário.


Parou ao lado da peça de Nossa Senhora do Rosário e acariciou-lhe o rosto. Depois pegou o prato da Santa Luzia que se encontrava na mesa e colocou sobre a mão estendida da santa.


-Meus santos e minhas santas, lamento muito o que tenho feito com os senhores e suas comunidades... Lamento do fundo do meu coração... A partir de amanhã providenciarei o retorno de todos às suas igrejas... – Disse ajoelhando no chão frio do quarto e iniciando uma silenciosa oração...

FIM

quarta-feira, 10 de março de 2010

CONCEITO

O OUTRO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Vivendo em grupo por necessidade e sobrevivência, o ser humano cedo necessitou de símbolos e códigos para se fazer entender e compreender o seu mundo e os seus iguais. Essa necessidade do outro e a convivência com este só foi possível através de um consenso coletivo para se entenderem em relação a tudo. Desde as pequenas como a nominação de um objeto, às regras de convivência.

Se esse consenso se deu através de lideres carismáticos ou autoritários, ou mesmo de forma democrática, essa não é a questão. O fato é que o consenso existiu para que fosse possível a convivência em grupo e a adaptação a um espaço determinado.

A identidade desse grupo será definida pelo consenso. Pela crença em valores assimilados por todos ou pelo menos a maioria dos membros do grupo. Os que não aceitam as regras do grupo são excluídos e se tornam os “outros”.

Também esses, denominados “outros” são necessários para a formação da identidade do grupo e a consolidação de suas crenças, costumes e ideais. A identidade de um ser ou de um grupo é definida pela contraposição à identidade de outro. O outro indivíduo, grupo ou comunidade ou nação será sempre a referência até mesmo para o fortalecimento da identidade.

Ao mesmo tempo, uma comunidade por mais homogênea que seja sempre terá grupos discordantes – “os outros” que também possuem identidade própria, cultura própria, mesmo que identificados de uma forma geral com o grupo dominante.

Essa minoria dentro de uma comunidade maior ainda assim é parte desta e merecem respeito quanto a sua memória, identidade e suas produções culturais.

O outro que me acompanha e que produz cultura comigo, o que permite a diversidade cultural merece ser reconhecido, respeitado e valorizado como parte do grupo maior.

Numa sociedade consensual a diversidade deve ser o consenso para que a o grupo se renove culturalmente e sobreviva com a autoestima valorizada e fortalecida.

Esse outro também ele é parte do grupo e mesmo o outro culturalmente diferente, aquele de outro grupo/nação, também esse merece respeito. Ser diferente não é ser pior ou melhor.

É apenas diferente. Outra forma de ser e de se relacionar com o mundo e seus lugares.
O outro é o meu céu e meu inferno. É o meu contraponto.
O outro sou eu diferente.