PROTEUS EDUCAÇÃO PATRIMONIAL 22 ANOS

PROTEUS EDUCAÇÃO PATRIMONIAL 22 ANOS

terça-feira, 24 de novembro de 2009

QUARTA MARGEM
Autor: Carlos Henrique Rangel

Na quarta margem
à margem do mundo,
Os restos do mundo.
O que foi útil
E não é mais.

Na quarta margem
Desterrado, escondido
O que não quero mais.
Nas nebulosas
E turvas águas
Se escondem o podre
Do mundo.

Sufoca o rio
E os seus
E desterra
Para o nada
Para a quarta margem,
O podre do mundo.

Na quarta margem
Bem no fundo,
Na alma do rio,
O fim de tudo.
O fim do mundo.
O nosso mundo...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

VELHO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Esses moços
Pobres moços...
Não sabem
O que sei...
Não sei muito
Quase nada
mas só eu
Sei o que sei...
Sei de dores
E amores...
Lutas, vitórias
E perdas.
Coisas que
Só eu vivi...
Coisas que
Eu vi
Ninguém vê
Mais...
Meus olhos
Estão aqui
E o que viram
Não está mais...
Esses moços
Pobres moços...
Ignoram
O que sei...
Não importam
Minhas dores
Meus amores
Os lugares
que visitei.
Esses moços
Pobres moços
Não sabem
O que eu sei...
CAVALEIROS DO APOCALÍPSE
Autor: Carlos Henrique Rangel

São quatro
Os moços parados.
E antigos.
Carregam livros...
Dois sentados
Dois em pé...
Nunca vi
Nem sei...
Há nomes
Em placa de prata
Mas não me dizem nada...
São homens
Antigos
E me faltam dados...
São quatro
Como cavaleiros bíblicos.
Importantes?
Devem ser...
Políticos?
Escritores?
Quem sabe?
Quem sabe
Não me diz muito.
Mas sei
Que são quatro...
Antigos...
E carregam livros...



NÃO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Não sei
E não liguei...
Não entendi
E não importei...
Não vi
E não gostei...
E...
Por não saber
E não ligar,
Por não entender
E não importar,
Por não ver
E não gostar,
Perdi
Um pouco
De mim...
Não sei
O que fui
E o que sou.
Não sei
Onde procurar...

terça-feira, 17 de novembro de 2009

JOGO
QUEM É QUEM?

AUTOR: CARLOS HENRIQUE RANGEL



1 – Jorge está no quadrado 1.

2 – A igreja fica no lado direito da prefeitura.

3 – O Presidente do Congado está ao lado da Casa Paroquial.

4 – Quem mora na Casa Paroquial é religioso”.

5 - O museu fica no meio.

6 – João joga bola nos fins de semana.

7 – Dona Maria é vizinha de quem é religioso.

8 – Quem fica na igreja gosta de imagens.

9 – O Presidente do Congado gosta de orar .

10 – O ladrão gosta de imagens.

11 – A igreja é vizinha do Museu .

12 – O Secretário de Cultura está no quinto quadrado .

13 – Quem mora ao lado de Jorge gosta de orar.

14 – No lado direito do museu fica a padaria

15 – A imagem de Santana Mestra é do século XVIII.

16 – Carlos só tem um vizinho.

17 – O Secretário de Cultura lê a Bíblia.

18 – O Zelador fica na igreja.

19 - A imagem está suja de farinha

PERGUNTAS:
1 -QUEM MORA A CASA PAROQUIAL?
2 - QUEM É O PRESIDENTE DO CONGADO?
3 - QUAL É A CASA AZUL?
4 - QUEM VIVE NA CASA DOIS?
5 - QUEM É O SECRETÁRIO DE CULTURA?
6 - QUEM ROUBOU A IMAGEM?
7 - ONDE ESTÁ A IMAGEM DE SANTANA MESTRA?


AJUDEM A ENCONTRAR A IMAGEM DE SANTANA MESTRA
DE CHAPADA DO NORTE

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

SANTA
Autor: Carlos Henrique Rangel


A santa eu procurei
Para pedir coisas...
Consegui...
Se foi ela … Não sei.
Mas consegui.
Agradecido
Voltei ao templo.
Não mais a vi.
Alguém que
A procurou
Não pediu nada
Tomou.
Foi-se a imagem
Santa...
Para onde?
Não sei.
Olho
O altar vazio...
Orei sua volta.
Uma lágrima
Enxuguei...
Outros oram
Outros choram
E esperam
-Um dia volta – Disse Maria.
Olho o Altar vazio
E repito:
Um dia volta...
TEMPO NO MUNDO
Autor: Carlos Henrique Rangel


Meu tempo
No mundo
É esse.
Rotina mineira
De ver mundos...
Mundos mineiros
Diversos e ricos
Que admiro
E congelo
Na memória.
Meu tempo
No mundo
Eu faço
E deixo fazer.
Vou juntando
As coisas
E mudo.
O mundo me muda
O tempo todo...
Todo o tempo...
Eu sou o tempo
Eu sou o mundo
O meu
Tempo no mundo...
NA PALMA DA MÃO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Na Palma
Da mão...
Segurei
O meu mundo.
Na Palma
Da Mão
Em cada linha
Em cada marca
Do tempo
Eu vejo
O mundo...
O meu mundo...
Nas calejadas mãos
O meu fazer
De mundo.
Nas cicatrizes
Escrevi
Meu Mundo.
Leia na Palma
Da mão
O que fiz
E sou...
Na Palma
Da mão
Segurei mãos
Para fazer
O meu mundo.
Tudo o que vê
Entre o Céu
E a Terra
Está na palma
Da mão
E no suor
que a purifica.
Sim,
Na Palma
Da mão
Carrego
O meu mundo.
Abra as mãos...
Veja o mundo
Em suas mãos...
Os abrigos
Os templos
As músicas
Do mundo...
Na Palma
Da mão
Também

A destruição
O ódio
O fim...
Na palma
Da mão
Vejo a solução.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

MEMÓRIAS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Zé lembrava que era Zé,
Diminutivo do nome José.
Tinha idade e identidade.
Lembrava que tinha nascido
E se criado numa cidade com uma pequena praça.
Uma pequena igreja que viu o casamento dos pais e seu batizado
E seu casamento e as lágrimas do fim.
Zé lembrava dos bancos da praça.
Das árvores,
Das flores,
Das bolas jogadas,
Das moças...
Zé lembrava que um dia foi Zezinho, Garoto bonito, rei dos bailes...
Lembrava da escola que ficava na praça... De novo a praça...
A praça...
O mundo era a praça:
Da igreja,
Da escola,
Da casa da avó.
A praça das flores,
Das bolas, das moças...
Zé lembrava do fim das coisas:
Da escola substituída.
Dos jardins modificados.
Da igreja ampliada.
Do asfalto cobrindo as pedras...
Das moças já não tão moças...
Zé lembrava...
O mundo já não era a praça...
O mundo era maior:
Além da praça,
Além da cidade,
Além do país...
Mas Zé sabia...
Sabia que o Zé José
Só era Zé José
Por causa do mundo.
E o mundo do Zé José
Era a praça da igreja,
Da escola,
Da casa da avó,
Das flores e moças...
A praça de ontem,
A praça da infância,
Da adolescência,
Da juventude,
Dos cabelos brancos do Zé idoso...
A praça era o mundo.
O mundo do Zé José...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

PARA NÃO ESQUECER
Autor: Carlos Henrique Rangel


Tentei falar das memórias e dos homens velhos.
Tentei falar da riqueza contida em corpos gastos pelo tempo que em suas aparentes fraquezas são verdadeiras fortalezas.
Tentei alertar para o descaso e esquecimento dos que não esquecem porque só sabem lembrar...
Falei dos que falam do passado como se fosse presente...
E são. Verdadeiros presentes para quem ouve...
Quis ser porta-voz dos que têm muitas vozes em suas mentes e que sabem das origens.
Quis levantar o estandarte dos sábios esquecidos para não esquecer mais...

Quanta sabedoria caminha pelas ruas ignoradas pelos que não sabem e não querem saber?
Quantas histórias perdidas deitadas nos solos quietos dos lugares dos mortos?
Quantas versões de fatos arquivadas no esquecimento?
Quantos dramas individuais e coletivos desterrados para o nada?
Tentei falar dos que suaram os monumentos...
Dos que construíram fontes onde hoje bebemos.
Quis legitimar os legítimos guardiões do que somos.
Quis me redimir pelo que esqueci por nunca ter lembrado...

terça-feira, 10 de novembro de 2009

NAQUELE BANCO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Naquele banco
Ele contava histórias
Que eu achava distantes
Como as dos Reis e Rainhas,
Bruxas e Magos.
Falava do seu tempo de menino
De ruas calçadas de pedras
E casas baixas com detalhes
Em relevo...
Ele,
Apesar de interessante
Não me parecia ter sido menino
Um dia...

Naquele banco
Ele falava
De jogos de bola
E bolinhas de gude
E “finca”
E “rouba bandeira”
E outros...
Eu não entendia, mas tentava.
Falava das voltas
Das moças na praça após a missa
E dos moços olhando...
Falava de um lugar
Para se ver filmes junto...
Todo mundo bonito
Em um mesmo lugar...
Para ver filme...

Naquele banco
Ele falava
Do grito do Padeiro,
Bem cedo
Anunciando o pão...
E dos passeios
Para nadar no rio...
Tudo tão mágico...
Tudo tão distante...
Tão cheio de verdades
Que parecia mentira.

Naquele banco
Ele falava
Do busto da praça...
De quem era ou foi
O homem de metal:
Herói sem braço
Com cara de bravo...
Eu ouvia a história de gentes,
Dos sonhos...
De lutas e amores...
De casas cheias de memórias...
De memórias perdidas
E cemitérios desertos...

Naquele banco
Ele contava histórias...
Não conta mais...

Hoje sento no banco...
Hoje conto histórias
Para meninos de olhares brilhantes
Que sonham com heróis sem braços,
Ruas de pedras e brinquedos antigos...

Naquele banco...

domingo, 8 de novembro de 2009

DE TAL MANEIRA
Autor : Carlos Henrique Rangel

Eu amei
Meu mundo
De tal maneira
Que me perdi
Em sua beleza.


E vi essa beleza
Em tantas coisas...
Pequenas e grandes.
O mar em
Seus tons azuis/verdes...
Os pequenos barcos
Dançando às ondas...
O coqueiro respondendo
Ao vento...
O menino mergulhando
Na espuma...

Eu amei o meu mundo
De tal maneira...

A velha igreja
Continua rezando
Missa...
O andar da Senhora
Tem seu tempo...
A menina me sorri
Criança...
O bar me serviu bem...
O cemitério é tão calmo
Que dá vontade
De ficar...
(não agora) .

Eu amei
Meu mundo
De tal maneira...

O Sol brilhante
E quente...
O desfile de moças...
A música tão nossa...
A lembrança
Do que foi
E do que é.
Ai, essa preguiça
Gostosa de lembrar...
A areia sobre os pés
Massageia a alma
E acalma...

Eu amei
Meu mundo
De tal maneira
Que me perdi
Em sua beleza...

O mar continua
Verde/azul
E compõe o quadro
Com o azul do Céu.
O coqueiro acompanha
A música
Em seu bailado.
A moça passou...
E era linda...

Eu amei
O meu mundo
De tal maneira
Que me perdi
Em sua beleza...
(Será que ela volta?)