NAQUELE BANCO
Autor: Carlos Henrique Rangel
Naquele banco
Ele contava histórias
Que eu achava distantes
Como as dos Reis e Rainhas,
Bruxas e Magos.
Falava do seu tempo de menino
De ruas calçadas de pedras
E casas baixas com detalhes
Em relevo...
Ele,
Apesar de interessante
Não me parecia ter sido menino
Um dia...
Naquele banco
Ele falava
De jogos de bola
E bolinhas de gude
E “finca”
E “rouba bandeira”
E outros...
Eu não entendia, mas tentava.
Falava das voltas
Das moças na praça após a missa
E dos moços olhando...
Falava de um lugar
Para se ver filmes junto...
Todo mundo bonito
Em um mesmo lugar...
Para ver filme...
Naquele banco
Ele falava
Do grito do Padeiro,
Bem cedo
Anunciando o pão...
E dos passeios
Para nadar no rio...
Tudo tão mágico...
Tudo tão distante...
Tão cheio de verdades
Que parecia mentira.
Naquele banco
Ele falava
Do busto da praça...
De quem era ou foi
O homem de metal:
Herói sem braço
Com cara de bravo...
Eu ouvia a história de gentes,
Dos sonhos...
De lutas e amores...
De casas cheias de memórias...
De memórias perdidas
E cemitérios desertos...
Naquele banco
Ele contava histórias...
Não conta mais...
Hoje sento no banco...
Hoje conto histórias
Para meninos de olhares brilhantes
Que sonham com heróis sem braços,
Ruas de pedras e brinquedos antigos...
Naquele banco...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirTentei falar das memórias e dos homens velhos que possuem memórias.
ResponderExcluirTentei falar da riqueza contida em corpos gastos pelo tempo que em suas aparentes fraqueza são verdadeiras fortalezas.
Tentei alertar para o descaso e esquecimento
dos que não esquecem porque só sabem lembrar...