PROTEUS EDUCAÇÃO PATRIMONIAL 22 ANOS

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domingo, 3 de maio de 2009

O PENSAMENTO DE ALOISIO MAGALHÃES

"Não tem sentido a memória apenas para guardar o passado.
(...) A tarefa de preservação do patrimônio cultural brasileiro,
ao invés de ser uma tarefa de cuidar do passado, e´ essencialmente
uma tarefa de refletir sobre o futuro.
Uma interpretação que resumiria a noção de continuidade
Diria que: o passado forma, e `as vezes ate´ deforma o presente.
Mas necessariamente não o conforma. Ao contrário, muitas vezes o reforma."

"E´ preciso Ter coragem de dizer que construir não implica necessariamente fazer: que progresso não pressupõe sempre mudar, mas muitas vezes penas conscientizar e conservar."
"Quais são os valores permanentes de uma nação? Quais são verdadeiramente esses pontos de referencia nos quais podemos nos apoiar, podemos nos sustentar porque não há duvida de sua validade, porque não podem ser questionados, não podem ser postos em duvida? So´ os bens culturais. Só o acervo do nosso processo criativo, aquilo que construímos na área da cultura, na área da reflexão, que deve tomar ai´ o seu sentido mais amplo – costumes, hábitos, maneiras de ser. Tudo aquilo que foi sendo cristalizado nesse processo, que ao longo desse processo histórico se pode identificar como valor permanente da nação brasileira. Estes são os nossos bens, e e´ sobre eles que temos que construir um processo projetivo..."
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"Uma cultura e´ avaliada no tempo e se insere no processo histórico não So´ pela diversidade dos elementos que a constituem, ou pela qualidade de representações que dela emergem, mas sobretudo por sua continuidade. Essa continuidade comporta modificações e alterações num processo aberto e flexível , de constante realimentaçao, o que garante a uma cultura sua sobrevivência. Para seu desenvolvimento harmonioso, pressupõe a consciência de um largo segmento do passado histórico.
"Pode-se mesmo dizer que a previsão ou a antevisão da trajetória de uma cultura e´ diretamente proporcional `a amplitude e profundidade de recuo no tempo, do conhecimento e da consciência do passado histórico. Da mesma maneira como, analogicamente, uma pedra vai mais longe na medida em que a borracha do bodoque e´ suficientemente forte e flexível para suportar uma grande tensão, diametralmente oposta ao objetivo de sua direção. Pode-se mesmo afirmar que, no processo de evolução de uma cultura, nada existe propriamente de "novo". O "novo" e´ uma forma transformada do passado, enriquecida na continuidade do processo, ou novamente revelada, de um repertório latente. Na verdade, os elementos são sempre os mesmos; apenas a visão pode ser enriquecida por n ovas incidências de luz nas diversas faces do mesmo cristal."
"Um dos graves problemas com que se defrontam os países no mundo moderno e´ a perda de identidade cultural, isto e´, a progressiva redução dos valores que lhes são próprios, de peculiaridades que lhes diferenciam as culturas
Essa perda e´, na verdade, a face negativa do acelerado processo de integração universal determinado pelo avanço tecnológico, que propaga através de duas vertentes principais: a tecnologia do produto industrial e a tecnologia da comunicação audiovisual. (...)."

"Assim, meus caros amigos, o que se percebe e´ que o conceito de bem cultural extrapola a dimensão elitista, de " o belo e o velho". E entra numa faixa mais importante da compreensão como manifestação geral de uma cultura. O gesto, o habito, a maneira de ser da nossa comunidade se constituem no nosso patrimônio cultural. (...)"

"Essa relação de tempo e´ curiosa porque e´ preciso entender o bem cultural num tempo multidimensional. A relação entre a anterioridade do passado, a vivência do momento e a projeção que se deve introduzir e´ uma coisa So´ . E´ necessário transitar o tempo todo nessas três faixas, porque o bem cultural não se mede pelo tempo cronológico.
O tempo cultural não e´ cronológico. Coisas do passado podem, de repente, tornar-se altamente significativas para o presente e estimulantes do futuro.
A noção de bem cultural ainda continua muito tradicional e muito enraizada nos princípios clássicos."
"Na verdade, no´s do Terceiro mundo reivindicamos uma conceituaçao de bem cultural muito mais abrangente, muito mais ampla. Nos podemos inserir no conceito de bem cultural toda uma gama importantíssima de comportamentos, de fazeres, de formas de percepção de uma realidade que na verdade não esta´ cristalizada, da qual sequer há ainda uma representação clara, mas que justamente pela sua fragilidade, pela sua vitalidade, pela sua importância como indicadores de uma formulação de identidade cultural, são bens que precisam ser preservados."

fonte:
E TRIUNFO? A QUESTÃO DOS BENS CULTURAIS NO BRASIL Aloisio MagalhaesR$25.00
E TRIUNFO? A QUESTÃO DOS BENS CULTURAIS NO BRASIL Aloisio Magalhaes
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Brochura, 14x21 cm, 272 pp. Nova Fronteira, 1997. Livro novo.

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