O SER
Autor; Carlos Henrique Rangel
Onde tem gente tem cultura transplantada, recriada,
reconstruída, adaptada, inovada e novamente criada.
Onde tem cultura tem bens culturais: materiais e imateriais
produzidos pelo Homem para viver e sobreviver no mundo que o cerca.
Todo lugar de Homem... De muitos Homens produz cultura.
O Ser é
fruto e construção de outros seres.
Somatória,
complemento, continuidade.
Cada Ser Humano
carrega em si o seu mundo e para onde for, onde estiver, sua família, sua rua,
sua igreja, sua praça, seu bairro, sua crença, sua terra, lá estarão.
Cada ser humano carrega em si o seu mundo e sua cultura e é
direta e indiretamente transmissor, reprodutor, inovador e criador de cultura.
Cada Ser é um representante vivo de sua
cultura. Do seu Patrimônio.
Cada Ser Humano é um ser plural. O produto de
uma cultura diversa e rica. De um modo de ser, fazer e viver.
Cada Ser importa.
O que o Homem é está no passado, no presente e nos espaços
que o rodeiam.
O Homem é influenciado pelos lugares e pelos outros seres
humanos. O que ele é aprendeu e construiu com os outros e guarda em sua memória
e em suportes.
É por isso que o Homem guarda coisas. As coisas falam.
Fazem com que se lembre do que aconteceu no passado e que precisa para
continuar.
Alguns “bens”, falam só para um indivíduo ou para a sua
família.
Falam de coisas que vivenciou e de coisas e seres que quer
lembrar.
Há outros bens que falam para o grupo/comunidade/nação e
transmitem o conhecimento que necessitam para que possam sobreviver com
dignidade e autoestima.
Esses são os “bens culturais”, produtos do processo
cultural de um grupo e que são importantes não por serem históricos artísticos
ou arquitetonicamente únicos, mas por que são essencialmente suportes da
memória do Homem.
O valor de um bem cultural está nessa capacidade de “falar”
ao grupo tanto coletivamente como individualmente. Está impregnado de
lembranças e dá sentido ao grupo e o diferencia de um outro grupo.
Esse bem só terá
sentido para um grupo se for um suporte vivo de lembranças.
Esse bem precisa estar vivo no cotidiano do grupo para
realmente falar a esse grupo.
Preservar os bens culturais materiais e ou imateriais de um
grupo é manter a identidade deste grupo garantindo a sua continuidade. Mas isso
só será possível se esse grupo continuar a “ouvir as vozes” dos bens culturais.
Ninguém nasce sabendo cultura e sempre será necessário
ensinar o respeito às coisas que falam para podermos ouvir. É preciso romper a
miopia cultural e aprende a escutar o que os lugares e os suportes da memória
têm a dizer.
Só respeito o que conheço. Só preservo o que significa
algo. Só protejo o que é caro à minha memória e sobrevivência.
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