PROTEUS EDUCAÇÃO PATRIMONIAL 22 ANOS

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quinta-feira, 28 de novembro de 2013

FAZENDA FONTE LIMPA


Fazenda Fonte Limpa




Figura 17: Fazenda Fonte Limpa em Santana dos Montes – Acervo: IEPHA/MG.

 

 

"Situada no município de Santana dos Montes, a 120 km de Belo Horizonte, a fazenda Fonte Limpa é um típico estabelecimento rural de meados do século XVIII. A primeira informação referente à fazenda de que temos notícia, trata-se de uma cópia de registro de terras de João Nogueira Coelho, datado de 30 de setembro de 1838, em que afirma ser comprador juntamente com sua esposa, Maria Theodora de Jesus, da “fazenda” que foi de D. Maria Luduvina e Demicianno Moreira, no curato de Santana do Morro do Chapéu atual Santana dos Montes. Outro documento, o Registro Paroquial datado de 9 de março de 1856, informa que João Nogueira Coelho , possuía na fazenda Fonte Limpa , oitenta alqueires de terras de cultura “confrontando com terras de Dona Theodora, Francisco José Teixeira, Dona Josefa e filhos e com o Capitão Antônio Vieira da Silva...”. Além destas terras, João Nogueira era proprietário de 18 alqueires na fazenda da Chácara e 30 alqueires na fazenda Serra Lagoa, caracterizando-se como importante fazendeiro regional.

O filho e herdeiro do casal, o Tenente Coronel João Antônio Nogueira Coelho, equipou a fazenda Fonte Limpa com um engenho de cana-de-açúcar, elevando-a ao mais importante estabelecimento agrícola do Distrito de Santana do Morro do Chapéu, graças a sua “elegância, decoração e asseio”. Político atuante o Tenente Coronel João Antônio exerceu os cargos de Juiz de Paz nas décadas de 1860/70 e vereador da primeira Câmara Municipal de Queluz. Quando faleceu em 1908, deixou à sua esposa, D. Joaquina Augusta Nogueira de Almeida, a sede da fazenda Fonte Limpa com casas de vivenda benfeitorias, casas de colonos, engenho de cana-de-açúcar, armazém, moinho, fábrica de manteiga, terras de cultura de café e pasto além de porcos e vacas.

Segundo Nelson de Senna, em 1913 a fazenda continuava como principal estabelecimento rural do distrito de Santana do Morro do Chapéu.

 Na década de 30, a fazenda era dirigida por um dos filhos de D. Joaquina Augusta, Coronel Joaquim Nogueira de Almeida, importante empreendedor que construiu a primeira via para automóveis de Queluz, atual Conselheiro Lafaiete, ligando a sede do município a Rio Espera. A partir de 1937, a administração da fazenda passou a seu irmão, Roberto Mendonça Nogueira.

Em visita à fazenda em 1944, Luiz Tavares da Costa deixou as seguintes impressões:

“Em 1944, visitei esta fazenda, já sob a administração de um Bisneto do primitivo dono, Roberto Mendonça Nogueira, engenheiro agrônomo, e lá tive oportunidade de ver fabricar aguardente em grande escala, um gado altamente selecionado das raças Holandesa e Gersey ganhando os melhores prêmios nas exposições realizadas em 1938 e 1941 em Belo Horizonte, sobre raça e leite. Tendo me apresentado a coleção de taças por ele recebido. Havia  um controle rigoroso na ordenha das vacas, que eram distribuídas em sete currais , em pastos separados na fazenda, cada um com capacidade para catorze vacas. O leiteiro tirando leite e o auxiliar anotando em ficha própria o peso do leite  de cada vaca. As fichas com os dados anotados eram levadas ao escritório da fazenda para avaliação diária. Além do leite de sua fazenda, também comprava-se o leite de outros fazendeiros vizinhos para fabrico de queijo do Reino, sendo a fábrica na própria fazenda e em pleno funcionamento primando pela boa qualidade e apresentação do produto. Existia um aviário com três mil galinhas poedeiras da raça Legorne e criação de pintos, pelo sistema de chocadeira. A produção da fazenda era transportada por caminhões, que levavam para o mercado aguardente, queijos, ovos e capados, de lá trazendo ração concentrada para aves e suínos . Na fazenda havia cavalos ingleses da remonta de Lafaiete. Atualmente a fazenda da Fonte Limpa esta dividida entre Roberto e seus irmãos”.

Segundo Rodrigo Vasconcelos Nogueira, atual administrador da fazenda, os irmãos Joaquim e Roberto haviam adquirido as partes das terras dos outros herdeiros. Roberto Mendonça substituindo Joaquim administrou fazenda de 1937 a 1967, data de seu falecimento. De 1967 a 1989 a sede ficou abandonada entrando em processo de arruinamento. A partir de 1989 os filhos de Joaquim e Roberto negociaram a divisão da fazenda. Caio, filho de Joaquim ficou Com a sede pela qual ofereceu terras a Ronaldo, filho de Roberto.

Por ironia do destino, no mesmo ano do acordo os dois faleceram, mas o trato foi mantido pelos herdeiros, ficando a sede com Rodrigo Nogueira, (filho de Caio) que, no entanto depende do formal de partilha para ser proprietário de direito.

Rodrigo Nogueira empreendeu a restauração da fazenda em 1993, com orientação do arquiteto Marcos Rennó, recuperando as feições originais da sede, construindo a hospedaria, piscina, sauna quadra de peteca, museu, restaurante e boate. Todo esse complexo foi transformado no primeiro Parador Nacional de Minas Gerais, uma hospedaria voltada para a cultura, folclore, artesanato e culinária mineira. Em 1996, o Dr. Rodrigo de Vasconcelos Nogueira solicitou o tombamento de todo o conjunto em função de sua importância histórica e arquitetônica."

 Texto: IEPHA/MG. Processo de Avaliação para Tombamento da Fazenda Fonte Limpa. Histórico da Fazenda Fonte Limpa. Belo Horizonte: IEPHA/MG. junho de 1998.

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