Fazenda Fonte Limpa
Figura 17: Fazenda Fonte Limpa em Santana dos Montes – Acervo:
IEPHA/MG.
"Situada no município de Santana dos Montes, a 120 km de Belo
Horizonte, a fazenda Fonte Limpa é um típico estabelecimento rural de meados do
século XVIII. A primeira informação referente à fazenda de que temos notícia,
trata-se de uma cópia de registro de terras de João Nogueira Coelho, datado de
30 de setembro de 1838, em que afirma ser comprador juntamente com sua esposa,
Maria Theodora de Jesus, da “fazenda” que foi de D. Maria Luduvina e Demicianno
Moreira, no curato de Santana do Morro do Chapéu atual Santana dos Montes.
Outro documento, o Registro Paroquial datado de 9 de março de 1856, informa que
João Nogueira Coelho , possuía na fazenda Fonte Limpa , oitenta alqueires de
terras de cultura “confrontando com terras de Dona Theodora, Francisco José
Teixeira, Dona Josefa e filhos e com o Capitão Antônio Vieira da Silva...”. Além
destas terras, João Nogueira era proprietário de 18 alqueires na fazenda da
Chácara e 30 alqueires na fazenda Serra Lagoa, caracterizando-se como importante
fazendeiro regional.
O filho e herdeiro do casal, o Tenente Coronel João Antônio
Nogueira Coelho, equipou a fazenda Fonte Limpa com um engenho de
cana-de-açúcar, elevando-a ao mais importante estabelecimento agrícola do
Distrito de Santana do Morro do Chapéu, graças a sua “elegância, decoração e
asseio”. Político atuante o Tenente Coronel João Antônio exerceu os cargos de
Juiz de Paz nas décadas de 1860/70 e vereador da primeira Câmara Municipal de
Queluz. Quando faleceu em 1908, deixou à sua esposa, D. Joaquina Augusta
Nogueira de Almeida, a sede da fazenda Fonte Limpa com casas de vivenda
benfeitorias, casas de colonos, engenho de cana-de-açúcar, armazém, moinho,
fábrica de manteiga, terras de cultura de café e pasto além de porcos e vacas.
Segundo Nelson de Senna, em 1913 a fazenda continuava como
principal estabelecimento rural do distrito de Santana do Morro do Chapéu.
Na década de 30, a
fazenda era dirigida por um dos filhos de D. Joaquina Augusta, Coronel Joaquim
Nogueira de Almeida, importante empreendedor que construiu a primeira via para
automóveis de Queluz, atual Conselheiro Lafaiete, ligando a sede do município a
Rio Espera. A partir de 1937, a administração da fazenda passou a seu irmão,
Roberto Mendonça Nogueira.
Em visita à fazenda em 1944, Luiz Tavares da Costa deixou as
seguintes impressões:
“Em 1944, visitei esta fazenda, já sob a administração de um
Bisneto do primitivo dono, Roberto Mendonça Nogueira, engenheiro agrônomo, e lá
tive oportunidade de ver fabricar aguardente em grande escala, um gado
altamente selecionado das raças Holandesa e Gersey ganhando os melhores prêmios
nas exposições realizadas em 1938 e 1941 em Belo Horizonte, sobre raça e leite.
Tendo me apresentado a coleção de taças por ele recebido. Havia um controle rigoroso na ordenha das vacas,
que eram distribuídas em sete currais , em pastos separados na fazenda, cada um
com capacidade para catorze vacas. O leiteiro tirando leite e o auxiliar
anotando em ficha própria o peso do leite
de cada vaca. As fichas com os dados anotados eram levadas ao escritório
da fazenda para avaliação diária. Além do leite de sua fazenda, também
comprava-se o leite de outros fazendeiros vizinhos para fabrico de queijo do
Reino, sendo a fábrica na própria fazenda e em pleno funcionamento primando
pela boa qualidade e apresentação do produto. Existia um aviário com três mil
galinhas poedeiras da raça Legorne e criação de pintos, pelo sistema de
chocadeira. A produção da fazenda era transportada por caminhões, que levavam
para o mercado aguardente, queijos, ovos e capados, de lá trazendo ração concentrada
para aves e suínos . Na fazenda havia cavalos ingleses da remonta de Lafaiete.
Atualmente a fazenda da Fonte Limpa esta dividida entre Roberto e seus irmãos”.
Segundo Rodrigo Vasconcelos Nogueira, atual administrador da
fazenda, os irmãos Joaquim e Roberto haviam adquirido as partes das terras dos
outros herdeiros. Roberto Mendonça substituindo Joaquim administrou fazenda de
1937 a 1967, data de seu falecimento. De 1967 a 1989 a sede ficou abandonada
entrando em processo de arruinamento. A partir de 1989 os filhos de Joaquim e
Roberto negociaram a divisão da fazenda. Caio, filho de Joaquim ficou Com a
sede pela qual ofereceu terras a Ronaldo, filho de Roberto.
Por ironia do destino, no mesmo ano do acordo os dois faleceram,
mas o trato foi mantido pelos herdeiros, ficando a sede com Rodrigo Nogueira, (filho
de Caio) que, no entanto depende do formal de partilha para ser proprietário de
direito.
Rodrigo Nogueira empreendeu a restauração da fazenda em 1993,
com orientação do arquiteto Marcos Rennó, recuperando as feições originais da
sede, construindo a hospedaria, piscina, sauna quadra de peteca, museu,
restaurante e boate. Todo esse complexo foi transformado no primeiro Parador
Nacional de Minas Gerais, uma hospedaria voltada para a cultura, folclore, artesanato
e culinária mineira. Em 1996, o Dr. Rodrigo de Vasconcelos Nogueira solicitou o
tombamento de todo o conjunto em função de sua importância histórica e
arquitetônica."
Texto: IEPHA/MG. Processo de Avaliação para
Tombamento da Fazenda Fonte Limpa. Histórico da Fazenda Fonte Limpa. Belo Horizonte:
IEPHA/MG. junho de 1998.
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