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quinta-feira, 5 de junho de 2025

PEQUENA HISTÓRIA DO CONGADO

 PEQUENA HISTÓRIA DO CONGADO

Autor: Carlos Henrique Rangel.



CONGADO NA RUA SÃO ROQUE DO BAIRRO SAGRADA FAMÍLIA DE BH
Foto: Carlos Henrique Rangel. - Data: maio de 2025.


O Congado - A Origem

São Benedito, Santa Efigênia é a rainha

São Benedito, Santa Efigênia é a rainha

É o rei, é o rei, São Benedito é o rei.

É o rei, é o rei, São Benedito é o rei.

(Canto. MOREIRA, Marco Antônio. Entrevista. Ficha de Inventário. Ago. 2019).

 

 

As antigas manifestações de agradecimento aos Reis Congos trazidas para o Brasil pelos negros escravizados, se mesclaram à devoção aos santos negros São Benedito, Santa Efigênia e a Nossa Senhora do Rosário, dando origem ao Congado, também denominado Congada, Reinado ou Congo.

 

Importante salientar que, a grande devoção à Senhora do Rosário remete à tradição de que Maria - mãe de Jesus - teria entregado a São Domingos de Gusmão, a oração do Rosário para ser usada na luta contra as heresias. Conta-se que, por influência da devoção de São Domingos, Simão de Monfort teria vencido um grande exército albigense que suplantava o seu exercito em número. Em agradecimento pela vitória, ele teria construído em 1213, uma capela dedicada à Nossa Senhora do Rosário dentro da Igreja de Santiago de Muret, na França.

 

O Rosário é uma espécie de colar de contas, composto geralmente de sessenta contas. A cada dez contas pequenas representando as Aves-Marias, há uma conta maior que representa o “Pai Nosso” e o “Gloria “ o que permite ao fiel o controle da oração. Sua origem remonta aos “Japamalas” usados pelos hindus e budistas e ao terço denominado “misbaha ou tasbih” usados pelos mulçumanos e teria alcançado a Europa por meio dos Cruzados que o encontraram entre os islâmicos da Terra Santa.

 

O Papa Pio V, um ardoroso devoto do Rosário, teria instituído a liturgia a Nossa Senhora do Rosário, na segunda metade do século XVI, incentivando a utilização do Rosário para se obter a proteção de Deus contra o Império Otomano. Conta-se que, no dia 07 de outubro de 1571, na batalha naval de Lepanto/Grécia, os cristãos venceram os turcos otomanos recitando o Rosário.  Para comemorar essa vitória, o Papa Pio V instituiu a “Festa de Nossa Senhora da Batalha”. Em 1573, o Papa Gregório XIII mudou o nome da comemoração para Festa de Nossa Senhora do Rosário.

 

O Congado é considerado uma manifestação cultural e religiosa cristã sincretizada, devotada a Nossa Senhora do Rosário, que se expressa por danças, cantos, apresentações, representações e espiritualidade mista de cristianismo e expressões religiosas de matriz africana.

 

Os Congados se estruturam na maioria das vezes, em grupos de congadeiros, integrantes de ternos ou guardas que hierarquicamente são encabeçadas pelos capitães e capitãs, bandeireiros, tocadores, dançantes, Reis e Rainhas. Em suas celebrações festivas, os ternos e guardas saem em cortejos seguindo um roteiro pré-definido nas ruas da cidade ou localidade, entoando cantos em louvor a Nossa Senhora do Rosário, e outros santos como São Benedito, Santa Efigênia, Nossa Senhora das Mercês, São Sebastião, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora da Imaculada Conceição, Santo Antônio e São Jorge.

 

O Rosário símbolo máximo da devoção a Nossa Senhora, contém 15 mistérios (cada um dos terços possui cinco mistérios, os gozosos, os dolorosos, e os gloriosos), e é comumente usado em torno do corpo, como proteção. Serve também para indicar os fiéis devotos, representando uma identidade grupal dos Congadeiros. (Prefeitura Municipal de Esmeraldas. Inventário de Proteção ao Acervo Cultural. de Esmeraldas. Ficha de Inventário de Patrimônio Imaterial. Celebrações. Guarda de Congado União de Nossa Senhora do Rosário de Esmeraldas. Esmeraldas-MG, nov. 2019).

 

Há referências à participação de negros nas organizações de Confrarias do Rosário em Pernambuco já no ano de 1552. No entanto, historicamente, a celebração do Congado remonta ao século XVII, tendo como marco o ano de 1674, quando ocorreu a coroação dos reis do Congo, festa dos escravos e mestiços realizada na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos do Recife, na Capitania de Pernambuco.

 

Atualmente, existem Congados nos estados do Rio de Janeiro, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Espirito Santo, Rio Grande do Sul, Paraná, Pará e Minas Gerais.

 

Basicamente, a manifestação se desenvolve utilizando três temas: A vida de São Benedito, a representação da luta contra os mouros e o encontro da imagem de Nossa Senhora do Rosário nas águas, remetendo também à coroação do Rei do Congo e da Rainha Jinga de Angola representando esses personagens, sua corte e vassalos.

 

A temática mais difundida trata da recuperação da imagem de Nossa Senhora do Rosário das águas de um rio ou mar. Uma das versões conta que vários grupos tentaram retirar a Santa das águas, mas o máximo que conseguiam era fazê-la se aproximar. Somente o Grupo de Moçambique e Congadeiros formados por escravos com chocalhos nos tornozelos e entoando seus cantos tristes é que conseguem levar a imagem para a margem.

 

Outra versão da mesma narrativa, conta que, Nossa Senhora do Rosário teria aparecido nas águas a um grupo de escravizados. Esse grupo tentou tirar a santa das águas, mas foi impedido pelos seus senhores escravocratas que queriam ter a primazia no resgate da Senhora do Rosário. Com cantos e músicas, esses senhores levaram a santa para uma grande e majestosa igreja. Nossa Senhora, no entanto, por mais que tentassem mantê-la no templo, retornava para as águas. Os escravizados percebendo o que ocorria, pediram aos senhores para que os deixassem resgatar a imagem da Santa. Ao som de tambores, Nossa Senhora do Rosário foi retirada das águas e aceitou se abrigar em uma pequena capela construída pelos escravos. Assim, todos os anos, as gerações de escravizados e seus descendentes, passaram a celebrar e louvar a Senhora do Rosário por meio das manifestações do Congado.

 

Segundo Leda M. Martins (1997), apesar das variações em torno da aparição, próprias dos processos de transmissão oral, em todas as narrativas três elementos estão presentes: a situação de repressão vivida pelo negro escravo, a reversão simbólica desta situação, uma vez que santa somente atende ao chamado dos negros; e a instituição de uma hierarquia e de outro poder mítico. Ou seja, o ponto convergente em todas as narrativas é a identificação da Santa com o sofrimento do povo negro, através do atendimento de seu chamado. É para Nossa Senhora do Rosário que os devotos cantam, tocam e dançam. Além da Santa, os antepassados escravizados e os santos negros como São Benedito e Santa Efigênia são também reverenciados (IEPHA-MG. Dossiê de Registro da Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Chapada do Norte/MG. Belo Horizonte, 2013, p.110,111).

 

Os Congados são formados, em sua maioria, pelos grupos de Moçambique, Congo, Catopé/Catopê/Catupé, Vilão, Marujo/Marujada, Caboclo/Caboclinho, Cavaleiros de São Jorge, reis e rainhas, Tamborzeiros/músicos e dançantes. As apresentações dos Congados invariavelmente envolvem dança com espadas, coroação de Nossa Senhora do Rosário, comidas e bebidas e cantos em louvor a ancestralidade, a Nossa Senhora do Rosário e santos de devoção.  A banda de Congado utiliza como instrumentos musicais, caixa, pandeiro, reco-reco, ganzá, rabeca, viola ou violão, cuíca, às vezes acordeom, sanfona e cavaquinho.

 

Os participantes seguem em procissão carregando bandeiras/estandartes geralmente representando Nossa Senhora do Rosário e santos como São Benedito e Santa Efigênia.

 

Segundo Glaura Lucas, (2002. p. 59), nas apresentações das Guardas de Congado, os Reis e Rainhas são conduzidos pelo Moçambique em função da bem sucedida proeza de retirar a Santa do mar. São eles os detentores dos mistérios e segredos e louvam os seus antepassados africanos em seus cantos. À frente do cortejo, segue a Guarda de Congo com seus movimentos rápidos ao ritmo dos cantos e da música, abrindo e limpando o caminho para a passagem do Moçambique e da corte.

 

Com algumas variantes, as festas dedicadas a Nossa Senhora do Rosário ocorrem no mês de outubro e se constituem de: Alvorada, cotejo e procissão com cantos e danças em direção à igreja ou capela, missas, reza de terços, confraternização acompanhada de cafés e almoços.

 

A festa religiosa era, no período colonial, um ritual público que servia para reforçar tanto os laços de solidariedade quanto para refletir os valores sociais que pautavam o ordenamento social. A festa divulgava as normas a serem seguidas, hierarquizava os lugares sociais, distinguindo uns e excluindo outros, funcionando, ao mesmo tempo, como profana e religiosa. Era, também, o espaço do lazer e do afrouxamento das obrigações sociais, ao mesmo tempo em que impunha a obediência à Igreja e ao Estado. (IEPHA-MG. Dossiê de Registro da Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Chapada do Norte/MG. Belo Horizonte, 2013, p.66).

 

Uma das mais antigas manifestações religiosas e culturais do Estado de Minas Gerais, as festas em louvor a Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, remontam ao ano de 1711, em descrições de festas feitas por Antonil, (2011, p. 110). Alguns grupos de Congado creditam a sua origem em Minas Gerais, ao líder negro Chico Rei, que teria vivido em Vila Rica durante o século XVIII, o que levou a instituição da coroação dos reis negros durante a festa.

 

A historia de Chico Rei configura uma narrativa de resistência e reforço para as expectativas de liberdade entre os povos negros e transporta a grandeza de uma realeza africana para o centro da economia escravista, o que fortalece a compreensão de sua difusão por Minas Gerais. Segundo a historiadora e Rainha Konga Ana Luzia Morais (2022): “os Reinados de Ouro Preto, do Alto da Cruz, o reconhecem [a Chico Rei] como o Grande Anganga muquie, como aquele que organiza o Reinado, criando estratégias de  sobrevivência e liberdade para os escravizados em Vila Rica. Porém, apesar da mobilização da narrativa, de Chico Rei como  um mito de origem para os Reinados de Minas Gerais por alguns grupos, ainda  há debates historiográficos em curso para a definição de sua real existência ou traçado  de sua trajetória de vida e origem.”

(IEPHA-MG, Dossiê parra Registro dos Caminhos, Expressões e Celebrações do Rosário em Minas Gerais. 2024. p.74-75).

 

Outro importante marco é a participação dos devotos da Irmandade do Rosário no cortejo conhecido como Triunfo Eucarístico acontecido em 1733. O Historiador, Jeremias Brasileiro (2001. p. 125), informa a participação de escravizados no Congado de São Francisco das Chagas do Campo Grande, atual Paranaíba, no ano de 1763.

 

As irmandades dedicadas a Nossa Senhora do Rosário possuem a função de inserir os negros na civilização branca e cristã, mas também serviam como espaço para a mescla cultural. Os escravizados vinculavam as deidade africanas aos santos católicos tais como São Benedito, Santa Efigênia, São Elesbão,  são Raimundo Nonato, Santo Antônio de Catagerona e também, santos brancos como Santa Bárbara, São Sebastião, São Gonçalo e Santo Onofre.

 

Existem outras tantas referências como estas que demonstram a importância e a antiguidade da celebração do Rosário ao longo da história de Minas Gerais.

 

As celebrações do Rosário, portanto, configuram uma tradição cultural rica, antiga e complexa. Entre os séculos XVIII e XIX, tais festas possibilitaram aos escravizados e pessoas negras livres estabelecer um território cultural de criação de uma identidade coletiva e afirmação de valores africanos a partir da coexistência cultural religiosa com o catolicismo, hegemônico devido ao monopólio da prática religiosa. E, como tal, um espaço de resistência ao cenário de opressão da sociedade estamental e altamente hierarquizada do Brasil colonial. (IEPHA-MG, Dossiê parra Registro dos Caminhos, Expressões e Celebrações do Rosário em Minas Gerais. 2024. p.49).

 

Em Minas Gerais o Congado se divide em sete Ternos ou Guardas que mudam de acordo com as regiões onde acontecem as festas em devoção a Nossa Senhora do Rosário; Candombe, Congo, Moçambique, Vilão, Catopês, Marujos e Cablinhos.

 

Segundo Rubens Alves da Silva (2010), o denominado Reinado possui a seguinte estrutura hierárquica:

 - Vassalos ou comandados, compostos pelos tocadores, dançantes ou brincantes. Possuem a função de prestar homenagens rituais. Os tambores dos tocadores são instrumentos sagrados, símbolo das forças da natureza e se denominam Treme Terra, Cachoeira e Mata Virgem.

 

- Capitania: A Capitania possui como principal personagem, o Capitão-mor ou coordenador ou general. A principal função da Capitania é proteger o trono coroado e manter a ordem e a disciplina na Guarda. Capitão e o Rei Congo são as principais autoridades da Guarda. Os bastões e espadas  são os instrumentos representam a força do Capitão e são usados na defesa da Guarda e do povo. A esses instrumentos são creditados o poder de afastar o mal. As bandeiras são usadas para abrirem o caminho durante o cortejo e apresentam as imagens dos santos de devoção da Guarda. As Bandeiras de Aviso indicam a abertura da festa e simbolizam a ligação entre o Divino e a terra. Onde o mastro é levantado se torna um lugar sagrado, centro energético dos festejos.

 

- Corte ou Trono Coroado, Estado, Reino ou Coroas: Trata-se do grupo de personagens coroados que durante a festa são homenageados pelos integrantes da Guarda. É composta de Rei e Rainha Congos, Rei e Rainha Perpétuos, Rei de São Benedito, e Rainha de Santa Efigênia, Reis Brancos ou Festeiros, príncipes e princesas. As Coroas dos participantes são o elo entre os santos de devoção com os ancestrais e origem africana.

 

O Iepha-MG, ao longo dos anos, recebeu vários pedidos de reconhecimento do Congado como patrimônio cultural do Estado. Em 2007, o município de Sabinópolis solicitou o registro de sua festa dedicada a Nossa Senhora do Rosário. Em 2008, vários municípios do Triângulo Mineiro fizeram uma demanda coletiva de reconhecimento das Congadas de Minas Gerais. Oliveira fez a solicitação ainda nesse ano de 2008 e Sete Lagoas o seguiu em 2009.

 

Em  julho de 2013, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais, registrou como Patrimônio Imaterial do Estado, a Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Chapada do Norte. No ano seguinte – em maio de 2014 - o instituto reconheceu também a Festa de Nossa Senhora do Rosário da Comunidade dos Arturos com Patrimônio Imaterial.

 

Anos depois – em 2015 - a Prefeitura Municipal de Muzambinho, solicitou a proteção legal e registro do Terno de Moçambique e Terno de Congo. Em 2019, o município de Dores de Indaiá fez a mesma solicitação. Finalmente, após a continuidade incessante de pedidos municipais, em meados de 2020, o Iepha-MG, iniciou a identificação da expressão cultural, abrindo o processo de Registro dos Congados de Minas, que culminou no Registro dos Caminhos, expressões e Celebrações do Rosário em Minas Gerais, finalizado em 2024.

 

Em nível federal, o Iphan realizou a abertura do processo de Registro das Congadas de Minas em 28 de novembro de 2008. O Processo está em andamento.

 

      REFERÊNCIAS DOCUMENTAIS E BIBLIOGRÁFICAS

 

 

ANTONIL, André João. Cultura e Opulência do Brasil, por suas drogas e minas. Vocabulário por Alice P. Canabrava. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial. 2011, p. 110. (Edições do Senado Federal; v. 160) 5 Campolina, Alda M. P. et alii. Escravidão em Minas Gerais. Belo Horizonte, Secretaria de Estado da Cultura – Arquivo Público Mineiro/COPASA MG, 1988, p. 79. (Cadernos do Arquivo, 1).

 

ARAUJO, José Geraldo. Membro da Guarda de Congado Nossa Senhora da Conceição Aparecida. [Entrevista cedida a Carlos Henrique Rangel]. 23 abr. 2025.

 

ASSIS, Eneida Aparecida Pereira de. [Entrevista cedida a Carlos Henrique Rangel] em 24 abr 2025.

 

BRASILEIRO, Jeremias. Congadas de Minas Gerais. Uberlândia: Impresso Editora, 2001.

Iepha-MG. Dossiê para Registro dos Caminhos, Expressões e Celebrações do Rosário em Minas Gerais / Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais -. Belo Horizonte: Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais. 2024.

 

Iepha-MG. Dossiê de Registro da Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Chapada do Norte/MG. Belo Horizonte, 2013,

 

Iepha-MG. Processo de Avaliação para Tombamento do Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Fazenda Santo Antônio. Esmeraldas, MG. Belo Horizonte: Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais, 2004, Pasta 01/03, p. 6 a 11.

LUCA, Glaura. Os Sons do Rosário: Os congados mineiros dos Arturos e do Jatobá. Belo Horizonte,  Editora UFMG, 2002. p. 59 apud De Sá, Marco Antônio Fontes, 2019.

NERY, Cris. Um Olhar sobre o Congado das Minas Gerais. Belo Horizonte: Cristiane Gusmão Nery, 2012.

 

POEL, Francisco van der, OFM. O rosário dos homens pretos: ed. comen. do centenário da irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos homens pretos de Araçuaí, MG. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1981.

 


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