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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

PESQUISA TEMÁTICA E DE RETORNO


PESQUISA TEMÁTICA E PESQUISA DE RETORNO

Afora a pesquisa de suporte, de aplicação imediata aos trabalhos de preservação, há a considerar-se também, como de interesse do órgão, outros tipos de pesquisa, a exemplo da que podemos chamar pesquisa temática, ou seja, a pesquisa desenvolvida a mais longo prazo e centrada em determinado tema histórico ou da evolução das artes e técnicas. Situam-se nesse campo objetos de pesquisa de capital importância para o conhecimento da história e arte mineiras como as condicionantes culturais, econômicas e religiosas da indústria da construção e das atividades artísticas nos séculos XVIII e XIX, as manifestações e peculiaridades regionais desses fatores, a transplantação, adaptação e recriação de modelos e técnicas, a evolução de estilos e a definição tipológica das obras, as características histórico-formais de escolas, correntes ou trajetórias criativas pessoais na arquitetura, na talha, na pintura, etc. Também podem ser compreendidas no mesmo horizonte e conceito de pesquisa as investigações, com vistas ao trabalho de preservação, sobre sistemas e técnicas construtivos, a regionalização desses procedimentos, a natureza e uso de materiais, sua revitalização, etc. A linha da pesquisa temática é, com se vê, uma direção de estudo em aberto, capaz de responder, através de projetos bem planejados de trabalho, a questões ainda não abordadas em nível de profundidade. Os projetos de trabalho nessa área poderão partir tanto da iniciativa institucional, isto é, do próprio órgão, quanto da iniciativa individual por ele apoiada mediante bolsas de pesquisa ou compromisso de edição ou divulgação.

Outra linha de pesquisa, a ser permanentemente incentivada e assumida, é a que convencionamos chamar a pesquisa de retorno , ou seja, aquela que, desenvolvida a nível de trabalho de campo pelo arquiteto, pelo restaurador, pelo pesquisador analista de obra arquitetônica ou de ornamentação, resulta da observação prática, da avaliação crítica, da análise comparativa. Nesse tipo de investigação, a ser tanto aleatória, intuitiva a programática, prevalecem, com o mesmo peso, na atitude pesquisadora do técnico, a informação isto é, a soma de conhecimentos sobre a obra ou o monumento em questão e sobre a espécie, gênero, estilo a que essa obra ou esse monumento se filiam, e o olho, isto é, a sensibilidade visual, a percepção do detalhe, a capacidade de apreensão dos pontos de originalidade, de exceção, de diferenciação. Como já ficou assinalado, o técnico, ao partir para o trabalho de campo – a vistoria os levantamentos específicos -, o fará sempre munido de um suporte informativo de natureza histórica, arquitetônica e artística, devidamente assimilado. Ao contacto com o monumento, ele será naturalmente levado a estabelecer um confronto entre os dados fornecidos por esse informe e os elementos construtivos, arquitetônicos e ornamentais observados, analisados e reflexionados in loco, ao longo das prospecções realizadas.

(ÁVILA, Afonso. A pesquisa no Trabalho de Preservação do Patrimônio. IEPHA-MG, Superintendência de Pesquisa Tombamentos e Divulgação. 1981, p. 11 e 12).

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