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sábado, 9 de abril de 2011

PATRIMÔNIO IMATERIAL

Lisboa - Seminário debateu políticas e paradigmas no património imaterial


O património etnológico e imaterial depois da Convenção de 2003 da UNESCO foi mote para um debate a 6 de Abril na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Um encontro onde se falou de globalização, identidade e do trabalho desenvolvido no terreno.

Sara Pelicano
sexta-feira, 8 de Abril de 2011

O Seminário de «Estudos Aprofundados sobre Usos da Memória» do Instituto de Estudos de Literatura Tradicional (IELT) contou com a intervenção de Paulo Ferreira da Costa. O director do Departamento do Património Imaterial do Instituto dos Museus e Conservação (IMC) fez uma comunicação subordinada ao tema: «Do Património Etnológico ao Património Imaterial: Políticas, Paradigmas, Paradoxos».
A apresentação incidiu sobre os aspectos que «têm vindo a solidificar esta área do património imaterial, transmitindo que não se trata de uma realidade nova», afirmou o orador. E acrescentou que «durante muito tempo falou-se de património etnográfico, património etnológico, contudo terminologicamente tudo muda a partir do final de década de 1990 e sobretudo a partir de 2003 com a adopção por parte da UNESCO da convenção para a salvaguarda do património cultural imaterial».
Esta Convenção defende «o respeito pelo património cultural imaterial das comunidades, dos grupos e dos indivíduos em causa; a sensibilização, a nível local, nacional e internacional, para a importância do património cultural imaterial e do seu reconhecimento mútuo e a cooperação e o auxílio internacionais», tal como vem descrito no documento da convenção.
«Esta convenção é um instrumento de referência internacional que tem servido de mote a um novo olhar sobre este domínio que nas últimas décadas tem sido subvalorizado do ponto de vista da actuação patrimonial relativamente a outras áreas, como arte, património arqueológico, industrial», adiantou Paulo Ferreira.
O especialista sublinhou, ainda, que a «a convenção da UNESCO é um grito de alerta veemente contra os efeitos nefastos da globalização que produzem uma homogeneização cultural muito grande e uma imposição de padrões culturais dominantes sobre a diversidade das culturas do mundo».
As tradições populares são, por isso, as que ocupam maior destaque em todas as fases de inscrição na lista candidata a Património Imaterial da UNESCO. Houve inscrições nos anos de 2008, 2010 e estão actualmente a decorrer. Paulo Costa referiu que «a lista é enorme e entre vários países do Mundo está Portugal com a candidatura do Fado».
Quanto às políticas, Paulo Ferreira da Costa abordou o trabalho que tem sido feito a nível global para «dar resposta a esta convenção e a sua implementação nos seus territórios nacionais». Neste contexto mostrou a diversidade de soluções que têm vindo a ser adoptadas, em todo o mundo, como por exemplo no Japão e na Coreia do Sul, países onde foram criados, ainda na década de 1950 e 1960, os primeiros programas de salvaguarda do Património Imaterial nos quais a UNESCO se viria a inspirar nos anos de 1990.
Em Portugal, decorrente da ratificação da Convenção de 2003, «o Estado português ficou responsável pela elaboração de um inventário nacional do património imaterial cultural», adiantou o orador. Este trabalho está a ser desenvolvido no departamento dirigido por Paulo Costa.
A UNESCO considera património cultural imaterial «práticas, representações, expressões, conhecimentos e aptidões que as comunidades, os grupos e os indivíduos reconheçam como fazendo parte integrante do seu património cultural». Está ainda considerado «os instrumentos, objectos, artefactos e espaços culturais que lhes estão associados».
No plano dos paradigmas e paradoxos é de salientar uma chamada de atenção para as dificuldades que ainda existem na defesa do património imaterial. «Há exigências, planos de actuação relativos àquilo que a UNESCO preconiza, através da convenção para a salvaguarda do património imaterial, que colocam enormes desafios para a actuação no terreno. Neste plano, os principais desafios prendem-se com a necessária articulação a desenvolver entre as comunidades detentoras de património imaterial e os agentes técnico-científicos que são chamados a fazer o processo de documentação e inventário do património imaterial.


FONTE: http://www.cafeportugal.net/pages/noticias_artigo.aspx?id=3363

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