PROTEUS EDUCAÇÃO PATRIMONIAL 22 ANOS

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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL

A EXPERIÊNCIA EM EDUCAÇÃO PATRIMONIAL DO IEPHA DE 1981 A 2010



Este texto pretende abordar as experiências do IEPHA/MG – Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e artístico de Minas Gerais - na educação e sensibilização das comunidades para a convivência com o seu patrimônio cultural, ao longo de vinte nove anos de atuação.
Seguindo a orientação do “Encontro de Brasília”, em 1971 o governo do Estado de Minas Gerais, criou o IEPHA/MG, fundação integrante do Sistema Estadual de Cultura com a atribuição básica de preservar o rico patrimônio cultural do Estado empreendendo a identificação, registro, fiscalização e restauração dos bens culturais tangíveis e a partir de 2002, dos bens imateriais.
 Ao longo dos mais de quarenta anos de existência, o IEPHA/MG, cumpriu com relativa desenvoltura as suas funções de proteger, gerenciar e estudar o patrimônio cultural do Estado. No entanto, o número reduzido do seu corpo técnico e a grande extensão territorial de Minas Gerais, aliada à diversidade do acervo cultural, cedo demonstrou a necessidade de parcerias para o desenvolvimento dos trabalhos. Já em 1981, esta necessidade se fazia premente e o envolvimento das comunidades na preservação, uma solução.  Esse programa de 1981 definia como prioridade a promoção do conhecimento a acerca do patrimônio Cultural com utilização de audiovisuais e filmes documentários e concursos em escolas, promoção de palestras, exposições fotográficas e distribuição de material institucional referente aos conceitos e conteúdo dos programas de restauração desenvolvidos pela instituição à época, denominados PCH – Programa de Cidades Históricas e POU – Programa de Obras Urgentes.
No entanto foi somente em outubro de 1983, com a criação do PAC – Política de Atuação com as Comunidades, que a instituição efetivou de fato um programa de conscientização das comunidades com o principal objetivo de romper com o paternalismo estatal. A política de atuação do PAC partia do pressuposto de que todo bem cultural é “uma referência histórica necessária à formulação e realização do projeto humano de existência”. O PAC tinha como uma das suas principais metas fomentar a criação e o desenvolvimento de entidade de preservação local.

Em 1994, tendo em vista a continuidade dos trabalhos de conscientização e entendendo que somente a criação de uma sistemática de socialização do conhecimento de todas as questões que envolvem o patrimônio cultural poderia assegurar às comunidades a participação na construção de sua história, o IEPHA/MG resolveu investir em um pioneiro projeto de educação patrimonial. Esta nova empreitada pretendia conscientizar as novas gerações sobre a importância da preservação, entendendo serem elas as futuras guardiãs deste acervo cultural. Para sua realização foram envolvidas as superintendências das duas diretorias técnicas da instituição (Diretoria de Proteção e Memória e Diretoria de Conservação e Restauro) e a Secretaria de Estado da Educação.

Sob a Coordenação da arquiteta Aurora Pederzoli em parceria com a Assessora Técnica Geny Lima, o “Projeto Educação, Memória e Patrimônio" foi desenvolvido experimentalmente objetivando a promoção de ações educativas de identificação, valorização e proteção de bens culturais junto a escolas públicas estaduais. Os trabalhos desenvolvidos em duas escolas escolhidas como piloto foram divididos em duas fases que contaram com um ativo envolvimento dos técnicos do IEPHA/MG. Finalizada a experiência, nas duas escolas o IEPHA/MG, devido a grande repercussão advinda, deu prosseguimento à educação patrimonial através do Projeto de Pesquisa "Memória de Minas - Educação e Patrimônio Cultural", numa tentativa de se criar uma atividade permanente integrada às ações comunitárias e ao projeto de realização de inventários da instituição. Este novo projeto tinha como principal objetivo “a socialização do conhecimento das questões referentes ao Patrimônio Cultural, assegurando às comunidades uma verdadeira participação na construção da sua história e, conseqüentemente, na melhoria de sua qualidade de vida”. Apenas um piloto foi realizado em 1995, na cidade de Leopoldina.

No ano de 2002, houve uma nova tentativa de se empreender um projeto de educação patrimonial, agora em convênio com a Secretaria de Estado da Educação e Fundação João Pinheiro, estabelecendo “um elenco de ações conjuntas visando a disseminação de conceitos, conhecimentos, experiências e recomendações para a exploração do tema Educação Patrimonial nas escolas de nosso estado”. O Projeto gerou uma publicação, (Reflexões e Contribuições para a Educação Patrimonial) com textos de diversos autores, que se tornou referência nacional na área.

Em 2006, o IEPHA/MG realizou um programa de educação patrimonial dentro do sub-programa Preservação do patrimônio Cultural do programa “Trens de Minas”, visando, desta forma suprir esta carência de intercâmbio e conscientização tão importante para o bom desempenho da instituição, dos municípios e comunidades na proteção do acervo ferroviário mineiro. Paralelamente, desenvolveu várias ações educativas: cursos, palestras, fóruns, atendimentos presenciais e via e-mail/site, produção de informativos, estórias educativas e jogos auxiliando os municípios mineiros na realização dos seus projetos de educação patrimonial.

De 2007 a 2010, a Diretoria de Promoção do IEPHA/MG, Gerência de Difusão, desenvolveu um grande programa de educação patrimonial - “Programa Memória e Cidadania” – cujo os pilotos aconteceram em 2007 nas cidades de Paracatu e em seguida, em 2008, Pitangui, envolvendo comunidades quilombolas, associações de bairros, Conselho Municipal do Patrimônio, Secretaria Municipal de Educação, Secretarias Municipais de Cultura, entidades públicas e privadas diversas e escolas estaduais e municipais, cujo o foco central é o desenvolvimento com orientação e acompanhamento da equipe do IEPHA/MG, de projetos elaborados em conjunto entre os vários seguimentos da sociedade local. Nos anos 2008 a 2010 o projeto atingiu as cidades de Entre Rios, Jeceaba, São Brás do Suaçui, Pirapora, Sabará, Sacramento, Berilo e novamente a cidade de Pitangui. O programa pretendia: promover a conscientização cultural através de ações junto às comunidades (palestras, cursos, cartilhas e boletins), para que absorvessem os conceitos e conhecessem a realidade local com relação ao Patrimônio Cultural e com isso desenvolver coletivamente ações para valorização e preservação das produções culturais em conjunto com o IEPHA/MG; Estimular a apropriação e o uso, pela comunidade, do Patrimônio Cultural que ela detém; estimular o diálogo entre a sociedade e os órgãos responsáveis pela identificação, proteção e promoção do Patrimônio Cultural, propiciando a troca de conhecimentos acumulados sobre estes bens culturais e levar as questões relativas à preservação do patrimônio Cultural para dentro das escolas, contribuindo para que o corpo docente atue como agente multiplicador. Todos os projetos monitorados pelo IEPHA/MG culminaram em um grande evento realizado em local público das cidades.
As experiências do IEPHA/MG em educação patrimonial demonstraram que o caminho certo está sendo trilhado, mas há muito a se avançar nos próximos anos.






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