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EXPERIÊNCIA EM EDUCAÇÃO PATRIMONIAL DO IEPHA DE 1981 A 2010
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Este
texto pretende abordar as experiências do IEPHA/MG – Instituto Estadual do
Patrimônio Histórico e artístico de Minas Gerais - na educação e sensibilização
das comunidades para a convivência com o seu patrimônio cultural, ao longo de
vinte nove anos de atuação.
Seguindo
a orientação do “Encontro de Brasília”, em 1971 o governo do Estado de Minas
Gerais, criou o IEPHA/MG, fundação integrante do Sistema Estadual de Cultura
com a atribuição básica de preservar o rico patrimônio cultural do Estado
empreendendo a identificação, registro, fiscalização e restauração dos bens
culturais tangíveis e a partir de 2002, dos bens imateriais.
Ao longo dos mais de quarenta anos de
existência, o IEPHA/MG, cumpriu com relativa desenvoltura as suas funções de
proteger, gerenciar e estudar o patrimônio cultural do Estado. No entanto, o
número reduzido do seu corpo técnico e a grande extensão territorial de Minas
Gerais, aliada à diversidade do acervo cultural, cedo demonstrou a necessidade
de parcerias para o desenvolvimento dos trabalhos. Já em 1981, esta necessidade
se fazia premente e o envolvimento das comunidades na preservação, uma
solução. Esse programa de 1981 definia como prioridade a promoção do
conhecimento a acerca do patrimônio Cultural com utilização de audiovisuais e filmes
documentários e concursos em escolas, promoção de palestras, exposições
fotográficas e distribuição de material institucional referente aos conceitos e
conteúdo dos programas de restauração desenvolvidos pela instituição à época,
denominados PCH – Programa de Cidades Históricas e POU – Programa de Obras
Urgentes.
No
entanto foi somente em outubro de 1983, com a criação do PAC – Política de
Atuação com as Comunidades, que a instituição efetivou de fato um programa de
conscientização das comunidades com o principal objetivo de romper com o
paternalismo estatal. A política de atuação do PAC partia do pressuposto de que
todo bem cultural é “uma referência histórica necessária à formulação e
realização do projeto humano de existência”. O PAC tinha como uma das suas
principais metas fomentar a criação e o desenvolvimento de entidade de
preservação local.
Em
1994, tendo em vista a continuidade dos trabalhos de conscientização e
entendendo que somente a criação de uma sistemática de socialização do conhecimento
de todas as questões que envolvem o patrimônio cultural poderia assegurar às
comunidades a participação na construção de sua história, o IEPHA/MG resolveu
investir em um pioneiro projeto de educação patrimonial. Esta nova empreitada
pretendia conscientizar as novas gerações sobre a importância da preservação,
entendendo serem elas as futuras guardiãs deste acervo cultural. Para sua
realização foram envolvidas as superintendências das duas diretorias técnicas
da instituição (Diretoria de Proteção e Memória e Diretoria de Conservação e
Restauro) e a Secretaria de Estado da Educação.
Sob
a Coordenação da arquiteta Aurora Pederzoli em parceria com a Assessora Técnica
Geny Lima, o “Projeto Educação, Memória e Patrimônio" foi desenvolvido
experimentalmente objetivando a promoção de ações educativas de identificação,
valorização e proteção de bens culturais junto a escolas públicas
estaduais. Os trabalhos desenvolvidos em duas escolas escolhidas como
piloto foram divididos em duas fases que contaram com um ativo envolvimento dos
técnicos do IEPHA/MG. Finalizada a experiência, nas duas escolas o IEPHA/MG,
devido a grande repercussão advinda, deu prosseguimento à educação patrimonial
através do Projeto de Pesquisa
"Memória de Minas - Educação e Patrimônio Cultural", numa
tentativa de se criar uma atividade permanente integrada às ações comunitárias
e ao projeto de realização de inventários da instituição. Este novo projeto
tinha como principal objetivo “a socialização do conhecimento das questões
referentes ao Patrimônio Cultural, assegurando às comunidades uma verdadeira
participação na construção da sua história e, conseqüentemente, na melhoria de
sua qualidade de vida”. Apenas um piloto foi realizado em 1995, na cidade de
Leopoldina.
No ano de 2002, houve uma nova tentativa de se empreender um
projeto de educação patrimonial, agora em convênio com a Secretaria de Estado
da Educação e Fundação João Pinheiro, estabelecendo “um elenco de ações
conjuntas visando a disseminação de conceitos, conhecimentos, experiências e
recomendações para a exploração do tema Educação Patrimonial nas escolas
de nosso estado”. O Projeto gerou uma publicação, (Reflexões e Contribuições
para a Educação Patrimonial) com textos de diversos autores, que se tornou
referência nacional na área.
Em 2006, o IEPHA/MG realizou um programa de educação patrimonial
dentro do sub-programa Preservação do patrimônio Cultural do programa “Trens de
Minas”, visando, desta forma suprir esta carência de intercâmbio e
conscientização tão importante para o bom desempenho da instituição, dos
municípios e comunidades na proteção do acervo ferroviário mineiro.
Paralelamente, desenvolveu várias ações educativas: cursos, palestras, fóruns,
atendimentos presenciais e via e-mail/site, produção de informativos, estórias
educativas e jogos auxiliando os municípios mineiros na realização dos seus
projetos de educação patrimonial.
De
2007 a 2010, a Diretoria de Promoção do IEPHA/MG, Gerência de Difusão,
desenvolveu um grande programa de educação patrimonial - “Programa Memória e
Cidadania” – cujo os pilotos aconteceram em 2007 nas cidades de Paracatu e em
seguida, em 2008, Pitangui, envolvendo comunidades quilombolas, associações de
bairros, Conselho Municipal do Patrimônio, Secretaria Municipal de Educação,
Secretarias Municipais de Cultura, entidades públicas e privadas diversas e escolas
estaduais e municipais, cujo o foco central é o desenvolvimento com orientação
e acompanhamento da equipe do IEPHA/MG, de projetos elaborados em conjunto
entre os vários seguimentos da sociedade local. Nos anos 2008 a 2010 o projeto
atingiu as cidades de Entre Rios, Jeceaba, São Brás do Suaçui, Pirapora,
Sabará, Sacramento, Berilo e novamente a cidade de Pitangui. O programa
pretendia: promover a conscientização cultural através de ações junto às
comunidades (palestras, cursos, cartilhas e boletins), para que absorvessem os
conceitos e conhecessem a realidade local com relação ao Patrimônio Cultural e
com isso desenvolver coletivamente ações para valorização e preservação das
produções culturais em conjunto com o IEPHA/MG; Estimular a apropriação e o uso,
pela comunidade, do Patrimônio Cultural que ela detém; estimular o diálogo
entre a sociedade e os órgãos responsáveis pela identificação, proteção e
promoção do Patrimônio Cultural, propiciando a troca de conhecimentos
acumulados sobre estes bens culturais e levar as questões relativas à
preservação do patrimônio Cultural para dentro das escolas, contribuindo para
que o corpo docente atue como agente multiplicador. Todos os projetos
monitorados pelo IEPHA/MG culminaram em um grande evento realizado em local
público das cidades.
As experiências do IEPHA/MG em educação patrimonial
demonstraram que o caminho certo está sendo trilhado, mas há muito a se avançar
nos próximos anos.
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