PROTEUS EDUCAÇÃO PATRIMONIAL 22 ANOS

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quarta-feira, 25 de julho de 2018

CATAGUASES - O ESQUECIMENTO DO PATRIMÔNIO CULTURAL






PARA NÃO ESQUECER
Autor: Carlos Henrique Rangel


Tentei falar das memórias e dos homens velhos.
Tentei falar da riqueza contida em corpos gastos pelo tempo que em suas aparentes fraquezas são verdadeiras fortalezas.
Tentei alertar para o descaso e esquecimento dos que não esquecem porque só sabem lembrar...
Falei dos que falam do passado como se fosse presente...
E são. 
Verdadeiros presentes para quem ouve...
Quis ser porta-voz dos que têm muitas vozes em suas mentes e que sabem das origens.
Quis levantar o estandarte dos sábios esquecidos para não esquecer mais...
Quanta sabedoria caminha pelas ruas ignoradas pelos que não sabem e não querem saber?
Quantas histórias perdidas deitadas nos solos quietos dos lugares dos mortos?
Quantas versões de fatos arquivadas no esquecimento?
Quantos dramas individuais e coletivos desterrados para o nada?
Tentei falar dos que suaram os monumentos...
Dos que construíram fontes onde hoje bebemos.
Quis legitimar os legítimos guardiões do que somos.
Quis me redimir pelo que esqueci por nunca ter lembrado.


SOMBRAS

Autor: Carlos Henrique Rangel

Sombras da noite.

Os que foram ainda estão.

Choram o passado no ranger das portas.

Ninguém os vê e estão lá

Ensaiando a vida que não é mais.

Há senhores e servos.

Cúmplices do tempo.

Solidários do que foi...

Somos intrusos, invasores de cotidianos antigos.

O casarão não lhes pertence

E a nós muito menos.

Não sabemos o suor das paredes...

As lágrimas nas janelas...

São deles os sangues na poeira.

As dores no assoalho...

Nós...

Não apreendemos nada.

Não aprendemos nada.

As sombras da noite continuam as rotinas do tempo

Enquanto houver vestígios do tempo...

Enquanto houver tempo.




QUANDO VEJO


Autor: Carlos Henrique Rangel

Quando vejo aquele casarão

Vejo a origem o que fui

O que sou

E me sinto em casa.

E me sinto bem.

Quando vejo aquele casarão

Sem telhado

Vejo o que fui

O que sou

E ainda me sinto em casa

E me sinto bem.

Quando vejo aquele casarão

Sem telhado, sem janela

Vejo o que sou

E ainda me sinto em casa

E me sinto bem.

Quando vejo aquele casarão

Sem telhado, sem janela,

Sem paredes...

Ainda...

Ainda...

Me sinto em casa

Mas não me sinto bem.

Quando não vejo mais o casarão

Sem telhado, sem suas janelas,

Sem suas paredes...

Sem vida

Não vejo a origem.

Não sei o que fui

E o que sou.

Já não tenho casa...

Não sinto...

Já não sinto mais nada...

Não sou...


FIM DO MUNDO
“Quando o altar estiver vazio.
Quando a  guilhotina
For trocada por basculante...
Quando o piso  não for de madeira.
Quando a última igreja cair...
Quando não houver mais coretos,
Nem praças, nem sobrados... Casarões
Quando o fogo consumir
o derradeiro documento.
Quando não conseguir mais lembrar
De quem sou...
Sentarei nas ruínas de um muro
E chorarei o Fim do Mundo.”
                                                              (Proteus).

PERGUNTAS
O que resta quando a omissão se torna a regra?
Quando alguns poucos resolvem dizer o que importa?
O que será das inúmeras vozes quando somente a voz dos descompromissados prevalecer?
Que memória teremos quando os suportes se forem e não conseguirmos nos encontrar em nada mais?
Será esse o fim de tudo?
É assim que tem que ser?  (Proteus).


 MAS A LUTA CONTINUA...
SEMPRE CONTINUA...





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