PROTEUS EDUCAÇÃO PATRIMONIAL 22 ANOS

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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL - TEXTO: LEMBRAR

 1 - LEMBRAR :

Toda lembrança é idealizada.
Lembrar é recriar e muitas vezes inventar o passado com as cores do presente.
Assim, quando despertamos as lembranças por meio das coisas de lembrar, estamos despertando a releitura atual do que passou.
Sempre atual.
Diferente de outras lembranças anteriores e futuras.
A lembrança é alimentada, lapidada, ampliada com as emoções, situações e motivações do presente acontecendo.
Nesse sentido, as coisas de lembrar, sejam elas materiais ou imateriais, são motivadoras emocionais capazes de recriar e inventar mundos e sensações.
Os objetos e coisas de lembrar são despertadores de ideais, de frustrações, mágoas, alegrias, esperanças e de utopias.
Falam a todos os seres humanos de formas e graus diferentes todos os dias, individual e coletivamente.
Tendo essa visão da lembrança, as coisas de lembrar: Igrejas, casarões, ruas, praças, parques, fazendas, espaços diversos, objetos individuais e coletivos, ritualísticos ou do cotidiano, festas, ritos, celebrações, músicas e os fazeres tradicionais, não falam de um passado real que passou, falam das impressões deste passado em nós.
Falam do que somos hoje e do que gostaríamos de ter sido e queremos ser.
O passado passou e não pode ser lembrado como passou.
Será sempre uma idealização dinâmica.
Coisas de lembrar falam do que somos e sentimos agora.
As lembranças são motivadas sempre pelo agora.
Coisas de lembrar são caixas de surpresas de nós mesmos, para o bem ou para o mal.
Lembranças são dinâmicas, individuais e sempre contemporâneas.
E se somam às lembranças dos outros indivíduos dos nossos grupos menores e dos grupos maiores da sociedade.
Definem e ditam a relação com a coletividade e as coisas de lembrar.
Coisas de lembrar são obras abertas que estão sempre prontas para nos falar.
Não nos esqueçamos, que somos nós do presente, que atribuímos valores ao bens culturais por meio do passado que habita em nós através das lembranças sempre ressuscitadas e idealizadas no cotidiano.
Deixem que os bens culturais falem.
Deixem falar as lembranças.
(Carlos Henrique Rangel).

2 - LEMBRE-SE:
A principal razão e motivo da preservação dos chamados bens culturais, é te religar à origem individual e coletiva, te lembrando de onde veio, como veio e o que está fazendo aqui.
O censo de pertencimento se fortalece com as lembranças e as lembranças se avivam com as coisas que fazem lembrar, sejam elas materiais ou imateriais.
Nisso se reside o poder dos denominados bens culturais:
O de de fazer lembrar de nós mesmos e de nosso elo com a nossa coletividade.
Lembrar é uma ação individual única e intransferível, já que cada vivência, mesmo que compartilhada com um grupo, é diferente de indivíduo para indivíduo e está sempre sujeita a mudanças dependendo do estado de espírito de cada um.
Ninguém lembra igual e com os mesmos sentimentos, um acontecimento, um momento, ainda que vivido coletivamente tendo como palco um lugar ou um espaço construído.
Nenhum objeto de lembrar falará da mesma forma aos indivíduos de uma comunidade, por mais homogênea que seja.
Que poder tem um bem cultural...
Singelo que seja, um objeto de lembrar possui a capacidade de tocar dezenas, centenas, milhares, milhões de seres de formas e maneiras diferentes, sendo, com tudo, elo de ligação destas individualidades irmanadas no ato de lembrar de algo caro a todos.
Assim, o bem cultural tem o poder de realçar o senso de cumplicidade coletiva.
Por isso preservamos.
Para continuarmos vivendo com qualidade de vida e nos sentimos parte de algo maior e mais importante.
Lembre-se: Essa é a razão de se preservar aqueles bens que uma comunidade atribuiu o título de Patrimônio Cultural.
(Carlos Henrique Rangel).

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