PROTEUS EDUCAÇÃO PATRIMONIAL 22 ANOS

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sábado, 1 de junho de 2019

SOBRE A PROPOSTA DE TOMBAMENTO DAS RUÍNAS DE BENTO ROGRIGUES EM MARIANHA -MG

Sinceramente, acho questionável utilizar o instrumento do Tombamento para denúncia ou criação de um lugar enorme como memorial formado por ruínas de um lugar que quando inteiro e integro não era protegido. 
Claro que entendo que a motivação é a catástrofe e não a urbe edificada. 
Mas tombar as ruinas do lugar... 
Comparar com a preservação de campos de concentração nazista também não é adequado... 
A criação de um memorial seria mais adequada do que ficar usando o tombamento para isso. 
Mesmo o tombamento estadual da igreja pode ser visto como uma ação oportunista, uma vez que se a tragédia não tivesse ocorrido ela não seria objeto de interesse de preservação do Estado. 
Vamos tombar também toda aquela lama de Brumadinho? 
E depois de Barão de Cocais? 
A questão é muito mais séria do que simplesmente tombar uma grande área degradada e destruída. 
Talvez o registro de Lugar  ou Museu de Território fossem o mais adequado, com a construção de um memorial e área para um evento anual para lembrar o ocorrido com seminários ou fóruns ambientais para discutir soluções e se evitar novas tragédias...
infelizmente não tive acesso a esse material da Proposta de Avaliação para tombamento.
No entanto, como disse, a questão que me parece colocada é a tragédia e não o valor histórico cultural do local que não existe mais como tal... 
Bento Rodrigues não seria tombada pelo IEPHA ou pelo IPHAN - não estava na pauta das instituições pelo seu valor como referência do século XVIII. 
Então, não vejo sentido em tombar todo o lugar como memoria de um trauma. 
Não é o tombamento o instrumento adequado. 
Essa tendência de usar o tombamento como suprassumo de tudo é antiga mas inadequada. 
Usem o Registro de Lugar que é mais maleável e eficaz nestas questões. 
Uma utilização inadequada do instrumento do tombamento que já é tão fragilizado pela falta de recursos para a manutenção dos bens, sua fiscalização e restauração. 

De qualquer forma, quem tomba são as instituições de proteção do patrimônio cultural e esse dossiê, na verdade é uma PROPOSTA de avaliação para tombamento que terá que ser analisado pelas instituições individualmente.

Não sei se a ex-população acha que tem que ser tombado... 
Essa é mais uma das questões. 
Outra, é se é caso de proteção ou reconhecimento Estadual ou Federal e não, municipal... 
Claro que toda a ideia vai ter que ser avaliada pelas instituições de proteção. 
Mas aqui estamos também discutindo se seria caso de tombamento ou Registro ou outra coisa ou nenhuma coisa. 
Só reafirmo que, precisamos saber o que se pretende com uma proteção de uma área de trauma. 
Se é chamar a atenção para o problema, não é o tombamento que vai resolver isso. 
Seria preservar a memória de um lugar para servir de exemplo como um campo de concentração nazista? 
Ou seria preservar as ruínas de uma localidade como Pompéia? 
Bem, acredito que não é o tombamento o instrumento para se evitar futuras tragédias...
Reafirmo: o Registro de Lugar seria mais adequado.
(Carlos Henrique Rangel - Historiador - Conselheiro do CONEP - IEPHA/MG).


Link do Dossiê apresentado ao MPMG:





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