PATRIMÔNIO CULTURAL E COMUNIDADES:
O que é percebível desde que se
fala em proteção do patrimônio cultural, é que sempre é mais fácil para as
instituições, fingirem que ouvem as comunidades.
Afinal, dá trabalho ouvir gente e
sempre incomoda a quem se acha dono da verdade.
O autoritarismo e a prepotência
sempre imperou, mesmo quando o discurso parecia dizer o contrário.
Atitudes individualistas
esporádicas também sempre ocorreram, mas eram o que eram: atitudes isoladas que
não conseguiam criar escola e se perdiam no grosso dos trabalhos das
instituições.
Não estou sendo cruel ou critico
demais.
Essa é a verdade.
Basta ver em que deram as
tentativas de projetos e programas de educação patrimonial (alguns muito bons)
que nunca criaram raízes, sendo substituídos por atividades burocráticas para
inglês ver.
Infelizmente, os municípios seguem
o mesmo caminho - com raras exceções.
Isso só vem piorando a medida que o
profissionalismo apaixonado vai dando lugar ao profissionalismo carreirista,
frio, acomodado e burocrático que está
contaminando todas as ações das
instituições.
SOBRE AS COISAS DE LEMBRAR:
Lidar com patrimônio cultural é lidar com a Vida acontecendo.
É entender, identificar e prestigiar o pertencimento de cada um de nós a um
espaço/momento que só existe porque está intimamente ligado ao que passou
retratado no que ficou de material e imaterial.
Cada um de nós, consciente ou inconscientemente, está sempre se remetendo a
esses resquícios lembradores, para ser no Agora acontecendo.
Há os que intelectualizam essa relação de forma sábia e quase fria.
Há os que a romantizam povoando-a de emoções e sentimentos de forma sábia
e quente de paixão.
Há também aqueles que a ignoram, mentindo a si mesmos, fingindo uma
independência vivencial inexistente.
Mas, nenhum ser humano consegue ser indiferente às "coisas de
lembrar".
Seria um suicídio existencial. Somos seres humanos porque lembramos.
O passado toca a todos indiscriminadamente, em maior ou em menor grau.
(Carlos Henrique Rangel).