PESQUISA TEMÁTICA E PESQUISA DE RETORNO
Afora a pesquisa de suporte, de aplicação imediata aos
trabalhos de preservação, há a considerar-se também, como de interesse do
órgão, outros tipos de pesquisa, a exemplo da que podemos chamar pesquisa
temática, ou seja, a pesquisa desenvolvida a mais longo prazo e centrada em
determinado tema histórico ou da evolução das artes e técnicas. Situam-se nesse
campo objetos de pesquisa de capital importância para o conhecimento da
história e arte mineiras como as condicionantes culturais, econômicas e
religiosas da indústria da construção e das atividades artísticas nos séculos
XVIII e XIX, as manifestações e peculiaridades regionais desses fatores, a
transplantação, adaptação e recriação de modelos e técnicas, a evolução de
estilos e a definição tipológica das obras, as características histórico-formais
de escolas, correntes ou trajetórias criativas pessoais na arquitetura, na
talha, na pintura, etc. Também podem ser compreendidas no mesmo horizonte e
conceito de pesquisa as investigações, com vistas ao trabalho de preservação,
sobre sistemas e técnicas construtivos, a regionalização desses procedimentos,
a natureza e uso de materiais, sua revitalização, etc. A linha da pesquisa
temática é, com se vê, uma direção de estudo em aberto, capaz de responder, através
de projetos bem planejados de trabalho, a questões ainda não abordadas em nível
de profundidade. Os projetos de trabalho nessa área poderão partir tanto da
iniciativa institucional, isto é, do próprio órgão, quanto da iniciativa
individual por ele apoiada mediante bolsas de pesquisa ou compromisso de edição
ou divulgação.
Outra linha de pesquisa, a ser permanentemente incentivada e
assumida, é a que convencionamos chamar a pesquisa de retorno , ou seja,
aquela que, desenvolvida a nível de trabalho de campo pelo arquiteto, pelo
restaurador, pelo pesquisador analista de obra arquitetônica ou de
ornamentação, resulta da observação prática, da avaliação crítica, da análise
comparativa. Nesse tipo de investigação, a ser tanto aleatória, intuitiva a
programática, prevalecem, com o mesmo peso, na atitude pesquisadora do técnico,
a informação isto é, a soma de conhecimentos sobre a obra ou o monumento
em questão e sobre a espécie, gênero, estilo a que essa obra ou esse monumento
se filiam, e o olho, isto é, a sensibilidade visual, a percepção do detalhe, a
capacidade de apreensão dos pontos de originalidade, de exceção, de diferenciação.
Como já ficou assinalado, o técnico, ao partir para o trabalho de campo – a vistoria
os levantamentos específicos -, o fará sempre munido de um suporte informativo
de natureza histórica, arquitetônica e artística, devidamente assimilado. Ao contacto
com o monumento, ele será naturalmente levado a estabelecer um confronto entre
os dados fornecidos por esse informe e os elementos construtivos,
arquitetônicos e ornamentais observados, analisados e reflexionados in loco,
ao longo das prospecções realizadas.
(ÁVILA, Afonso. A pesquisa no Trabalho de Preservação do
Patrimônio. IEPHA-MG, Superintendência de Pesquisa Tombamentos e Divulgação. 1981, p. 11
e 12).
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