PROTEUS EDUCAÇÃO PATRIMONIAL 22 ANOS

PROTEUS EDUCAÇÃO PATRIMONIAL 22 ANOS

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL - TEXTOS: PATRIMÔNIO CULTURAL E COMUNIDADES

 PATRIMÔNIO CULTURAL E COMUNIDADES:


O que é percebível desde que se fala em proteção do patrimônio cultural, é que sempre é mais fácil para as instituições, fingirem que ouvem as comunidades.

Afinal, dá trabalho ouvir gente e sempre incomoda a quem se acha dono da verdade.

O autoritarismo e a prepotência sempre imperou, mesmo quando o discurso parecia dizer o contrário.

Atitudes individualistas esporádicas também sempre ocorreram, mas eram o que eram: atitudes isoladas que não conseguiam criar escola e se perdiam no grosso dos trabalhos das instituições.

Não estou sendo cruel ou critico demais.

Essa é a verdade.

Basta ver em que deram as tentativas de projetos e programas de educação patrimonial (alguns muito bons) que nunca criaram raízes, sendo substituídos por atividades burocráticas para inglês ver.

Infelizmente, os municípios seguem o mesmo caminho - com raras exceções. 

Isso só vem piorando a medida que o profissionalismo apaixonado vai dando lugar ao profissionalismo carreirista, frio, acomodado  e burocrático que está contaminando  todas as ações das instituições.

*Carlos Henrique Rangel.

PASSA:
Tudo passa.
Eu e você passaremos... Estamos passando como passaram os nossos bisavós e tantos que conhecemos.
Passar é a nossa natureza.
Se passamos nós, porque não passariam as coisas que construímos e criamos?
Passar é a natureza de Tudo.
Tudo muda, se transforma e passa.
Por essa ótica, tentar preservar um bem cultural é uma luta inglória contra a natureza.
Sejamos realistas: Vai passar por mais que nos esforcemos para impedir essa passagem.
Ela acontece lentamente.
Está acontecendo agora.
A mudança, a transformação, está acontecendo nesse instante, em nossos bens culturais, mesmo que imperceptivelmente.
Mas não devemos parar de lutar.
Nosso papel não é deter a mudança e transformação e sim, administra-la, ditando-lhe um ritmo mais lento para que o bem cultural - tão caro à comunidade - permaneça mais tempo ajudando as novas gerações a continuarem o que as gerações que passaram fizeram e deixaram como legado e símbolo de pertencimento
Sim... Vai passar como tudo passa.
Mas que passe lentamente, ficando mais tempo conosco, nos ajudando a passar pela Vida com dignidade e autoestima elevada.
Passageiros que somos todos, enquanto passamos podemos retardar a passagem das coisas do passado, tornando-as atuantes no presente, contribuindo para o cotidiano das comunidades, mantendo ao máximo suas características originais.
Esse é o nosso papel: Administrar respeitosamente essa passagem inevitável
Um bem cultural não é um bem só do passado.
Ele é uma obra aberta que acumula memória e vivência do passado, mas está sempre recebendo novas memórias e vivências. A igreja fala a cada um de uma forma diferente.
Fala do passado da família, mas fala também do passado de cada um.
Nela aconteceram batizados, casamentos, orações de alegrias e de tristezas e o nosso papel é fazer com que ela continue a falar para as gerações futuras.
Temos que ensinar às novas gerações a ouvir o que ela está dizendo.
E ela tem algo especial para cada um de nós.
Todo bem cultural fala.
E fala principalmente de nós mesmos e para nós mesmos.
*Carlos Henrique Rangel.


O SENTIDO DAS COISAS;
Ainda sobre o sentido das coisas.
Somos acumuladores.
Isso nos resume em relação aos outros seres vivos que frequentam esse planeta.
A vida nos trouxe ao mundo sem nada e logo já “somos” de alguém e esse alguém também passa a ser “nosso”.
O tempo - essa caixa sem fundo - guarda nossas coisas invisíveis e enriquece com memórias e sentidos, as coisas visíveis que vamos acumulando.
Acumulamos lembranças e coisas que lembram para no sentirmos parte do mundo.
Para nos sentirmos indivíduos entre indivíduos.
Por mais caras que sejam todas essas coisas que nos falam de nós e dos nossos, elas não partirão conosco.
Ficarão.
As vivências invisíveis nunca ficarão.
São pessoais demais.
E mesmo que a contemos aos nossos continuadores, nunca passaremos a eles o que realmente vivemos.
As coisas tangíveis ficarão
E poderão significar algo ou não para os que ficam.
Algumas ou muitas serão descartadas.
Outras, espalhadas entre nossos descendentes.
Perdidas entre os entes queridos.
Fora do contexto.
No entanto, ganharão novos contextos, novos significados para nos significarem a esses continuadores que nos amavam.
Somos acumuladores porque queremos nos diferenciar.
Sentirmo-nos importantes.
Únicos entre outros seres únicos.
Somos criaturas que se fazem em coisas tangíveis e intangíveis. Individuais e coletivas.
Imóveis e móveis.
E tudo isso nos ajuda a viver entre outros seres que se lembram em coisas.
Na verdade, somos colecionadores de nós mesmos como indivíduos ou como grupo.
Isso nos diferencia em relação aos outros seres, para o bem e para o mal.
Seres Humanos é o que somos.
E basta.
Lembrar é ser... Somos porque lembramos.
E muitas vezes - e são muitas essas vezes - nos lembramos em coisas.
(Carlos Henrique Rangel).
Foto: No Museu Mineiro - Belo Horizonte - diante do seu maravilhoso acervo tão pouco conhecido dos belorizontinos.



segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL - TEXTOS: O PROGRAMA EDUCAÇÃO MEMÓRIA E CIDADANIA

 

O PROGRAMA EDUCAÇÃO MEMÓRIA E CIDADANIA


Foto1: Equipe do Programa de Educação em Pitangui - Gerência de Difusão/Diretoria de Promoção: Alex, Vanessa, uma professora, o Diretor de Promoção, Carlos Henrique Rangel, a Gerente de Difusão: Adriana Quirino, o Prefeito: Evandro e professoras.

 

De 2007 a 2010, a Diretoria de Promoção do IEPHA/MG, Gerência de Difusão sob o comando da gerente Adriana Quirino, desenvolveu um grande programa de educação patrimonial - “Programa Memória e Cidadania” – cujos pilotos aconteceram em 2007 nas cidades de Paracatu e em seguida, em 2008, Pitangui, envolvendo comunidades quilombolas, associações de bairros, Conselho Municipal do Patrimônio, Secretaria Municipal de Educação, Secretarias Municipais de Cultura, entidades públicas e privadas diversas e escolas estaduais e municipais.

O foco central era o desenvolvimento de projetos de Educação Patrimonial elaborados em conjunto entre os vários seguimentos da sociedade local nas oficinas ministradas pelos técnicos do IEPHA.

Nos anos 2008 a 2010 o projeto atingiu as cidades de Entre Rios, Jeceaba, São Brás do Suaçuí, Pirapora, , Sacramento, Berilo e novamente a cidade de Pitangui.

Paralelamente nos anos 2008 e 2010 foram realizadas atividades do projeto com as escolas tombadas de Belo Horizonte, que contemplou as escolas estaduais, Barão do Rio Branco, Barão de Macaúba, Olegário Maciel, Afonso Pena, Instituto da Educação e D. Pedro II.

OS PROJETOS REALIZADOS

- Projeto em Paracatu – 2007/2008.

- Projeto em Pitangui – 2008/2009.

- 2009 – Trabalho com os alunos do “Projovem” vinte e quatro professores e alunos envolvidos.

- Projeto Escolas Tombadas 2008 a 2010.

- Projeto em Entre Rios, São Brás e Jeceaba – 2008.

 - Projeto em Pirapora – 2009.

- Projeto em Sacramento – 2010.

- Projeto em Sabará /Ravena e Berilo – 2010.

1 - Os objetivos dos projetos:

- Promover a sensibilização cultural através de ações junto às comunidades (palestras, cursos, cartilhas e boletins), para que absorvam os conceitos e conheçam a realidade local com relação ao Patrimônio Cultural e possam desenvolver coletivamente ações para valorização e preservação das produções culturais em conjunto com o IEPHA/MG.

- Estimular a apropriação e o uso, pela comunidade, do Patrimônio Cultural que ela detém.

- Estimular o diálogo entre a sociedade e os órgãos responsáveis pela identificação, proteção e promoção do Patrimônio Cultural, propiciando a troca de conhecimentos acumulados sobre estes bens culturais.

- Levar as questões relativas à preservação do patrimônio Cultural para dentro das escolas, contribuindo para que o corpo docente atue como agente multiplicador.

- Incentivar a participação das comunidades nas decisões referentes à preservação revitalização e conservação dos marcos culturais.

- Estimular a autoestima dos vários segmentos sociais através da valorização e reconhecimento de suas produções culturais.

- Propiciar o fortalecimento da identidade cultural individual e coletiva.

- Promover o estudo e a compreensão da cultura local, destacando sua importância e sua singularidade.

- Promover o estudo sobre os bens culturais e seus problemas, buscando soluções.

- Incentivar atividades que ampliem a participação de diversos segmentos da comunidade visando ao prosseguimento das ações do projeto.

- Promover a participação das comunidades nas atividades a serem desenvolvidas pela instituição.

- Tornar acessível, aos indivíduos e aos diferentes grupos sociais, os instrumentos e significados.

- Experimentar e desenvolver metodologias de Educação Patrimonial, que permitam um processo contínuo de conhecimento e compreensão e avaliação dessas ações.

- Promover a produção de novos conhecimentos sobre a dinâmica cultural e seus resultados, incorporando-os às ações de identificação, proteção e valorização do Patrimônio Cultural no nível das comunidades locais e das instituições envolvidas.

2 - O trabalho consistiu das seguintes etapas:

2.1 - Etapas Preliminares: Definição das ações a serem desenvolvidas.

  • Preparação do material didático a ser trabalhado: apostilas, folhetos explicativos, boletins informativos, cartilha e outros.
  • Reunião da equipe da Diretoria de Promoção com o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural, a Secretária de Cultura e Educação dos municípios para explicar as intervenções do IEPHA/MG e definir as ações do programa junto às comunidades.

2.2 - Etapa I: Definição da área de atuação /público-alvo e cronograma.

  • Escolha das escolas e comunidades a serem trabalhadas.
  • Pesquisa e montagem de dossiê sobre a comunidade a ser trabalhada.
  • Definição do cronograma das atividades.

2.3 - Etapa II: Contatos e Divulgação.

  • Reunião com os representantes dos educadores, comunidades, conselheiros e agentes culturais para definição dos participantes da oficina, (em sua maioria agentes culturais, conselheiros e professores).
  • Divulgação do Projeto e ações: Utilização dos meios de comunicação disponíveis para a divulgação da intervenção em todas as suas etapas, através de convites, ofícios, matérias e entrevistas em jornais, rádio, televisão.
2.4 - ETAPA III: ATIVIDADES JUNTO À COMUNIDADE: OFICINAS E PALESTRAS
  • Planejamento e realização de oficinas e palestras para agentes culturais e educadores preparando para as intervenções nas escolas e comunidades.

As oficinas teriam duração de 16 horas com exposição de conceitos, dinâmicas de grupo, visitas orientadas a locais pré-determinados com mapas e folhas didáticas contendo exercícios para serem realizados em campo e a elaboração em conjunto de projetos a serem desenvolvidos nas escolas e nas comunidades.

O destaque nos exercícios da Visita Orientada são as folhas com detalhes de edificações situadas ao longo do trecho a ser percorrido, para serem descobertos e identificados pelos participantes da oficina.

O exercício tem como objetivo estimular a percepção do espaço, muitas vezes ignorado no cotidiano.

Na conclusão das oficinas, os participantes eram divididos em grupos de acordo com suas afinidades profissionais para que desenvolvessem projetos de Educação Patrimonial conforme a metodologia aplicada pelo IEPHA.

Esses projetos seriam posteriormente, monitorados pelos técnicos do IEPHA.

  • Palestras para a comunidade em vários momentos do programa para esclarecer, informar e divulgar os trabalhos e obter aliados para a causa da preservação.
  • Utilização de Cartilhas e Folhetos Explicativos, Boletins Informativos sobre a instituição, o trabalho a ser desenvolvido e suas etapas, mantendo a comunidade informada sobre todas as ações do IEPHA/MG. Folhetos e/ou cartilhas foram distribuidas em locais públicos e no local onde ocorria a intervenção.
2.4- ETAPA IV: MONITORAMENTO DOS PROJETOS:
  • Acompanhamento, monitoramento e orientação das atividades dos projetos elaborados em grupo durante a oficina, por meio de e-mail e telefone e reuniões pré-definidas.
  • Palestras para as comunidades envolvidas a serem realizadas em vários momentos dos projetos.
  • Utilização de Cartilhas e Folhetos Explicativos, Boletins Informativos sobre o trabalho a ser desenvolvido e suas etapas, mantendo a comunidade informada sobre todas as ações do Programa.
  • Visitas periódicas dos monitores do IEPHA/MG, pré-definidas em cronograma para acompanhamento e avaliação das atividades dos projetos

2.6 - Etapa V: Conclusão dos trabalhos:

  • Todos os projetos monitorados pelo IEPHA/MG culminaram em um grande evento realizado em local público das cidades.
  • Avaliação dos Projetos e definição de novas etapas do Programa.

2.7 - Etapa VI: Relatório Final.

  • Produção de Relatório de Avaliação e Conclusão referentes às etapas desenvolvidas.
  • Produção de documento sobre as ações a serem desenvolvidas em defesa do Patrimônio Cultural.

CONCLUSÃO:

O grande diferencial deste Programa foi a descentralização e a efetiva liberdade de atuação e criação dos projetos de Educação Patrimonial pelos agentes culturais envolvidos, permitindo o surgimento de quatro a cinco projetos por cidade ou escolas tombadas.

Esse Programa, assim como outros similares, após 2010 não teve continuidade apesar do seu sucesso em todos os projetos executados. Esse é o grande problema: A falta de continuidade devido a mudanças de gestão ou de direção.

Quem sabe um dia a Educação Patrimonial aconteça como realmente deve acontecer.

Os projetos e mesmo o Plano de Educação Patrimonial, continuam colocando os óculos dos técnicos e dos professores/multiplicadores, nos olhos do público-alvo (em sua maioria crianças).

Esquecem que o grau deles é outro.

Ou seja: Educação Patrimonial não é vomitar conceitos e visões pessoais na cabeça dos envolvidos e sim dar toques e lampejos que despertem os sentidos para que possam ouvir, cheirar, tocar, sentir o bem.

Há mais de vinte e cinco anos repito que os bens culturais falam.

E falam diferente para cada um de nós.

A educação patrimonial ou - Educação para o Patrimônio - é essa pílula sensitiva que vai acabar com a miopia, com falta de sensibilidade na pele. Educar o olfato, retirar a cera dos ouvidos e refinar o paladar dos participantes das atividades.

Então, eu continuo repetindo o mantra tentando, com os meus parcos recursos intelectuais, sensibilizar os agentes culturais municipais para criarem atividades que mexam com os sentidos dos participantes para que recordem, lembrem e passem a ouvir o que os bens culturais lhes têm a dizer sobre a sua coletividade e principalmente a cada um deles. Há poucas atividades realmente originais, criativas e interessantes. São sempre as mesmas. E não há continuidade ou aprofundamento.

Projetos surgem, duram um período e desaparecem, nunca mais voltando ou continuando com a comunidade envolvida.

Educação Patrimonial é um processo lento e contínuo que deveria acontecer em sintonia com as atividades escolares; na realização do Inventário de reconhecimento de bens culturais; na elaboração de processos de Tombamento e Registro do Imaterial, nas vistorias técnicas, nos projetos de restauro e revitalização.

Educação Patrimonial deveria acontecer em todas as atividades culturais de uma comunidade, trabalhando a identificação, reconhecimento, sensibilização, difusão e promoção dos acervos detectados em conjunto com os envolvidos.

Uma revolução que devia ser permanente, até que se torne tão natural como o respirar.

*Carlos Henrique Rangel.





 

sábado, 28 de dezembro de 2024

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: TEXTOS - PASTICHE OU A ETERNIDADE POSSÍVEL

 

PASTICHE OU A ETERNIDADE POSSÍVEL:

Não é um retorno...

É um novo começo com aparência do antigo.

Uma reconstrução.

Nunca uma restauração.

Se faz bem ao ser humano fazendo-o lembrar... Que seja.

Essa é a premissa: A exaltação da autoestima.

Do sentir-se bem em si e em sua terra, seu mundo e seu grupo.

Mas cada caso sempre é um caso.

Nada retorna nessa existência.

Não pisamos no mesmo rio duas vezes.

Nem o rio é o mesmo e nem mesmo nós o somos.

Mas reconheçamos a tentativa de eternidade no efêmero.

Da continuidade do que se foi com a nova carinha velhinha em folha.

É essa a eternidade possível.

Não há volta...

Apenas a tentativa de volta, que, em alguns casos, se torna uma paródia ridícula do que foi.

A vida é dinâmica por mais que a queiramos controlar usando nossos cabrestos possíveis.

Que o que tem que durar, dure o tempo em que for querido e desejado.

Enquanto falar aos seus vivenciadores do presente como um presente do passado, sendo também um acumulador de novas memórias, novas histórias e novas vivências.

Façamos que esse durar seja longo, amplificando sua voz para que outros possam ouvi-lo.

"Apesar de tudo o que fizemos", "o novo sempre vem".

Mas que seja um novo melhor e para o melhor, respeitando o que ficou.

 

  *Carlos Henrique Rangel.      

 

ANTES

Antes de pensarmos em reconstruir, pensemos em preservar, conservar, manter, utilizar, revitalizar.

Antes de lamentarmos as perdas, evitemos as perdas.

Tentemos entender o que levou à perda.

Sim... Há razões óbvias: Guerras, catástrofes naturais, decadência econômica.

Mas há também a desconexão entre a população e o bem devido à alienação da população com relação aos bens culturais, à ganância dos poderosos, à mudança de valores culturais.

Há também o enfraquecimento das instituições de proteção com suas inevitáveis e acomodadas hipocrisias preservacionistas e suas cegueiras elitistas, administrativas e preventivas.

Então, antes de pensarmos em reconstruir devemos focar nossas atenções nas soluções do que pode ter solução, investindo na Educação, na promoção, na prevenção, reutilização e fiscalização.

                                                                                 *Carlos Henrique Rangel.

 

 

 

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL : EXERCÍCIO PARA TRABALHAR O CONGADO NA ESCOLA

 

TRABALHO DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL COM BEM CULTURAL IMATERIAL

 

TEXTO BASE:

ENTENDENDO O OUTRO


Vivendo em grupo por necessidade e sobrevivência, o ser humano cedo necessitou de símbolos e códigos para se fazer entender e compreender o seu mundo e os seus iguais. Essa necessidade do outro e a convivência com este, só foi possível através de um consenso coletivo para se entenderem em relação a tudo. Desde as pequenas coisas como a nominação de um objeto, às regras de convivência. 

Se esse consenso se deu através de lideres carismáticos ou autoritários ou mesmo de forma democrática, essa não é a questão. O fato é que, o consenso existiu para que fosse possíveis a convivência em grupo e a adaptação a um espaço determinado. 

A identidade desse grupo será definida pelo consenso. Pela crença em valores assimilados por todos ou pelo menos a maioria dos membros do grupo. Os que não aceitam as regras do grupo são excluídos e se tornam os “outros”. 

Também esses, denominados “outros” são necessários para a formação da identidade do grupo e a consolidação de suas crenças, costumes e ideais. A identidade de um ser ou de um grupo é definida pela contraposição à identidade de outro. O outro indivíduo, grupo, comunidade ou nação será sempre a referência até mesmo para o fortalecimento da identidade.

Ao mesmo tempo, uma comunidade por mais homogênea que seja sempre terá grupos discordantes – “os outros” que também possuem identidade própria, cultura própria, mesmo que identificados de uma forma geral com o grupo dominante. 

Essa minoria dentro de uma comunidade maior ainda assim é parte desta e merecem respeito quanto a sua memória, identidade e suas produções culturais. 

O outro que me acompanha e que produz cultura comigo, o que permite a diversidade cultural merece ser reconhecido, respeitado e valorizado como parte do grupo maior.

Numa sociedade consensual a diversidade deve ser o consenso para que a o grupo se renove culturalmente e sobreviva com a autoestima valorizada e fortalecida.

Esse outro, também ele é parte do grupo e mesmo o outro culturalmente diferente, aquele de outro grupo/nação, também esse merece respeito.

Ser diferente não é ser pior ou melhor. 

É apenas diferente.

Outra forma de ser e de se relacionar com o mundo e seus lugares.
O outro é o meu céu e meu inferno.

É o meu contraponto.
O outro sou eu diferente.

                                                                     Carlos Henrique Rangel

                                      Historiador/Agente Cultural

 

 

TRABALHO DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL:

 

Partindo do princípio de que o outro somos nós diferentes, vamos tentar entender o que é o Congado.

Mas para entender o Congado e os outros que o vivenciam e festejam temos que entender inicialmente, quem somos.

 

Esse planeta em que vivemos é formado de coisas e seres.

Estamos aqui e sabemos que fazemos parte da humanidade.

Eu, que sou parte da humanidade tenho consciência de quem sou.

Serei o único ser que sabe de si?

Eu sei que sou único e diferente dos outros seres do mundo e dos outros humanos.

E essa diferença me identifica.

 

A nossa identidade é construída todos os dias e, no entanto, antes que fossemos ela já existia. 

 

O embrião de parte do que sou já existia em meus antepassados.

Essa construção diária do que sou sofre influências também do meio onde vivo.

 

O que sou está no passado, no presente e nos espaços que me rodeiam.

Sou influenciado pelos lugares, sua fauna e flora e pelos outros seres humanos.

O que sou eu aprendi e construí com os meus e guardo em minha memória e em lugares da memória.

 

EXERCÍCIO 1:

Para descobrirmos quem somos, precisamos entender o que está próximo de nós. Através de algumas perguntas poderemos nos aproximar desse conhecimento.

 

 Conceitos (a serem trabalhados dentro de sala de aula pelos professores)

Público-alvo: alunos do ensino fundamental e ensino médio.

 

1 – Quem é você?

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2 – Por que tem esse nome? O que ele significa?  De onde veio?

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3 – Quem te deu o nome e por quê?

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4 – Quem são seus pais?

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5 – Onde nasceram? Quando nasceram?

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6 – Onde estudaram?

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7 – Qual a profissão de seus pais?

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8 – Quem são seus avós maternos e paternos? Qual a idade deles?

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9 - Qual a profissão de seus avós?

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10 – Quantos tios têm seus pais? Identifique seus nomes e idades.

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11 – Quantos irmãos têm seus pais? Identifique seus nomes e idades.

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12 – Como seus pais se conheceram?

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13 – Onde moraram depois que se casaram?

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14 – Onde você nasceu?

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17 – Quantos irmãos você tem? Informe o nome e a idade deles.

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19 – Onde você mora? Há quanto tempo mora no local?

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20 – Quantas pessoas moram na casa e quem são?

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EXERCÍCIO 2

1 – Faça duas árvores genealógicas – paterna e materna - identificando seus irmãos, pais, avós, bisavós e tataravós.

OS TRABALHOS SERÃO EXPOSTOS NA SEMANA DO PATRIMÔNIO CULTURAL

 

2 – Faça uma pesquisa sobre a cidade ou bairro onde seus pais nasceram.

OS TRABALHOS SERÃO EXPOSTOS NA SEMANA DO PATRIMÔNIO CULTURAL

 

3 – Recolha junto a sua família, fotos e objetos antigos que pertencem a sua família.

OS TRABALHOS SERÃO EXPOSTOS NA SEMANA DO PATRIMÔNIO CULTURAL

4 – Fazer uma linha do tempo desde o seu nascimento até o hoje, localizando acontecimentos importantes da sua vida, da sua cidade, do país e do mundo.

OS TRABALHOS SERÃO EXPOSTOS NA SEMANA DO PATRIMÔNIO CULTURAL

 

Exemplo de árvore genealógica:

 


Deve ser feita também uma árvore Genealógica materna.

 

EXERCÍCIO 3:

Conceitos (a serem trabalhados dentro de sala de aula pelos professores)

Matérias: HISTÓRIA e GEOGRAFIA

Público-alvo: alunos do ensino fundamental e ensino médio.

 

1 – O que é lembrança?

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2 – Por que lembramos?

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3 – Qual a sua mais antiga lembrança? O que aconteceu? Quando aconteceu?

 Por que você lembra?

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4 - Você lembra de tudo que aconteceu com você? Por quê?

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6 – Como você faz para lembrar?

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7 – Existem lembranças que são coletivas. Dê um exemplo de uma lembrança de sua família que não é só sua.______________________________________________________________________________________________________________________________

8 – CAÍXAS DE MEMÓRIA

- Arrume uma caixa de papelão e deposite nela os objetos que são importantes para você. Em sala de aula você explicará por que eles são importantes. - Faça uma outra caixa com objetos pessoais da sua família que se relacionam com fatos e acontecimentos.

- Agora, em grupo, vamos fazer uma caixa da memória do nosso bairro.

 

 


Então nos conhecemos um pouco.

Vamos nos conhecer um pouco mais...

E aos outros.

 

EXERCÍCIO 4:

 

Você já se encontrou em algum lugar?

Uma pessoa igual a você? Igual mesmo?

Filho dos mesmos pais, nascido no mesmo dia, mesma hora, e lugar?

Não. Não estou falando de irmão gêmeo porque nem os irmãos gêmeos são totalmente iguais.

Estou falando de alguém igual mesmo.

 

          Sim              Não

 



Por quê?

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Pois é.

Seu pai pode te pagar uma viagem ao redor do mundo para que você se procure e te garanto que você não vai encontrar essa pessoa igual a você.

Sabe por quê?

Ela não existe.

Todos somos diferentes.

Se somos todos diferentes, qual a razão para ignorarmos os outros?

Para pensar que somos melhores?

Que gostar de sorvete é melhor do que gostar de refrigerante ou de bolo?

Você pode gostar de sorvete e eu de bolo.

Um outro colega pode não gostar de nenhum dos dois.

E vai ter um colega que gosta dos dois.

Que está certo? Quem está errado?

Resposta:________________________________________________________________________________________________________________

 

Por quê?

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EXERCÍCIO 5:

Entendendo que somos todos diferentes em maior ou menor quantidade, vamos conhecer uma festa diferente?

Você sabe o que é o Congado?

 

        Sim              Não






Se você respondeu “sim” me diga o que é:

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Se você respondeu “não” vamos tentar descobrir juntos:

 

1 – Você já viu o Congado em ação? Onde e quando?

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2 – O que você pensou quando viu? Teve curiosidade em saber o que era?

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3 -  O que mais te chamou a atenção no grupo de Congado? Por quê?

 

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4 – TRABALHO EM GRUPO:

A - Vamos procurar mais informações sobre o Congado. Pesquise na internet a respeito.

Quando surgiu? Como é formado?

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Agora vamos entender o Congado da nossa cidade. Entreviste um membro do Congado (anote o nome, idade e função do entrevistado e a data em que foi ouvido).

 

PERGUNTE:

A – O Congado tem sede? Qual o seu endereço?

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B – Como é formado o Congado ?

 

 

 

C – Como se divide e qual a função dos membros? Faça um Quadro com as divisões e funções dos grupos e quantidade de membros.

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D - Procure saber como é a roupa do(s) grupo(s) de Congado? Por que são desta cor e forma?

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E – Em quais festas o Congado se apresenta?

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F – Qual a festa mais importante em que se apresenta?

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G - Qual o trajeto do Congado nesta fessta? Desenhe em uma cartolina o caminho que faz.

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H –  O que é o Encontro de Congados?

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I - Faça uma relação dos instrumentos musicais e objetos usados pelo Congado?

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J – Pergunte ao membro do congado porque ele acha que o Congado é importante.

 

K – Tire fotos do entrevistado e de algumas roupas e instrumentos /objetos mais importantes para montar uma exposição.