As práticas nefastas dos sertanistas dos séculos XVI, XVII e XVIII tinham o respaldo da maioria da sociedade escravista e preconceituosa que desqualificava o índio e o negro para justificar a exploração.
Nunca foram heróis e claro, não devem ser exaltados como tal.
Eram a mão suja da sociedade que fazia o trabalho aceito e querido pela elite e por boa parte da época.
Vozes contrárias sempre se ouviram como em todas as épocas e graças a elas as mudanças sempre ocorrem, mesmo que lentamente.
Estátuas com raras exceções - são como nomes de ruas e viadutos.
Homenageiam as escolhas das elites e dos políticos oportunistas da vez.
São queimadas e destruídas ao sabor das revoltas e mudanças sociais que prestam um desserviço com sua agressividade sem debates, sem esclarecimentos e sem um trabalho de educação e sensibilização.
Serão substituídas por novos "heróis" da ideologia e filosofia da vez, como se realmente precisássemos de heróis.
Precisamos acreditar no coletivo e valorizar o coletivo e não indivíduos frutos de suas épocas.
A destruição simples violenta e espetacular só demonstra que quem destrói não está tão longe do sujeito representado na estátua.
A retirada destas estátuas - se é que devem ocorrer - devem vir acompanhada de um divulgação, informação, estudo e denúncia.
É necessário divulgar, informar e denunciar esses falsos heróis que nada mais eram que seres de seus tempos com a moral predominante de suas épocas, justificados e financiados pela sociedade e seus conterrâneos.
Predadores de índios.
Assassinos e exploradores aventureiros em busca de poder e riquezas.
Além de serem destruidores das missões jesuítas no sul.
Claro, também não podemos esquecer que tiveram um papel importante no desbravamento e invasão do Sertão/interior e na formação geográfica e social do nosso Estado e país.
Qual a necessidade de heróis?
Precisamos de heróis?
Porque precisamos de heróis?
O que qualifica um herói?
São algumas perguntas a serem feitas ao longo de um trabalho de educação patrimonial.
A queima de estátuas pode ser comparada com a queima de Judas na Semana Santa.
Nada mais contraditório à pregação do Cristo, que sempre se apoiou no amor.
Na queima de estátuas há apenas ódio e o ódio é inimigo da racionalidade, do esclarecimento e da compreensão.
(Carlos Henrique Rangel).
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