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REABILITAÇÃO
"Tona-se uma prática usual a reabilitação de prédios que, outrora, teriam sido condenados à demolição, mas cujas qualidades físicas de estrutura permanecem apreciáveis ou cujos gabarito e modinatura compartem, de modo eficaz, as características urbanísticas da rua.
Tal ampliação apresenta, naturalmente, problemas de metodologia.
As técnicas de reabilitação devem ser adaptadas a cada caso específico.
A questão essencial consiste em determinar qual dentre as funções, que poderiam interessar a sociedade de hoje, seria mais diretamente compatível com as características morfológicas e estruturais do edifício já existente.
Intuição e imaginação tornam-se necessárias, já neste nível de decisão: para confrontar globalmente os méritos da composição espacial e os detalhes arquitetônicos às exigências das construções e dos volumes das funções previstas.
Falta, amiúde, imaginação.
A ideia de transformar cada palácio em museu e cada igreja em sala de exposições ou de concerto não somente carece de originalidade, mas expõe a paisagem urbana ao risco da esclerose.
Os exemplos, contudo, já vão se diversificando. Porque a moda é inconstante, dever-se-á, em última análise, precaver-se contra uma tentação de exagero na originalidade. O limite deveria ser fixado, apreciando-se, serenamente, os valores semânticos dos edifícios a serem estudados.
O "talento", ao contrário do que alguns poderiam pensar a esse respeito, pode, diante deste tipo de problema, expressar-se livremente. Já ficou provado que a adjunção sensata da qualidade contemporânea à qualidade do passado possibilita o renascer de certas obras, tornando-as mais belas e mais apropriadas do que nunca: inovação talentosa sem brutalidade demonstrativa.
(...)"
(EXTRAÍDO DO TEXTO: NOSSO PATRIMÔNIO NO ANO 2000 de Jean Barthélémy - Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional n.º20/1984 -págs. 108 a 111.)
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