Área da Prefeitura de Januária antes do asfalto - Foto: Ana Alaíde Amaral.
A mesma área agora com o revestimento em pedras coberto com camada asfáltica.
Foto: Ana Alaíde Amaral.
O município de Januária
O arraial de Brejo do
Amparo tornou-se distrito do Julgado de São Romão em 1720.
Em dois (02) de
janeiro de 1811, foi criada a freguesia de Brejo do Amparo por meio de um
decreto real. Pelo alvará de 1814, efetivado em 1816 criou-se o julgado
separando o território de São Romão.
A vila de Januária foi
criada em trinta (30) de junho de 1833, sendo sua sede transferida para o
arraial de Nossa Senhora do Amparo do Brejo do Salgado, pela Lei n.º 54, de
vinte e nove (29) de abril de 1836. Mais tarde, a Lei n.º 279, de onze (11) de
abril de 1845, transferiu a vila para o povoado do Porto do Salgado. Brejo do
Salgado passou a sediar novamente a vila pela Lei n.º 472, de trinta e um (31)
de maio de 1850. A elevação à cidade deu-se pela Lei n.º 1 093 de sete (07) de
outubro de 1860.
Em 1855, Januária
possuía duas (02) matrizes e oito (08) capelas, achando-se uma (01) em
construção; quatro (04) precisando de reparos; uma (01) só possuía as paredes e
as outras se achavam em bom estado.
Em 1864, a população
do município de Januária somava vinte e quatro (24) mil habitantes. A cidade de
Januária possuía em 1865, seiscentos e trinta e quatro (634) prédios, nove (09)
ruas e três (03) mil habitantes na sede. Em 1909, a cidade possuía dois (02)
mil prédios e cerca de dez (10) mil almas.
A Lei Provincial n.º
1868 de quinze (15) de julho de 1872 mudou a denominação do município para
Itapiraçaba. Doze anos depois, a Lei n. 3 194 de vinte e quatro (24) de
setembro de 1884 definiu o nome que até hoje vigora: Januária.
O inglês James Wells
assim descreve a cidade na primeira metade dos anos 1880:
Um passeio à tarde pela cidade (peço perdão), pela
metrópole de Januária e seus 6000 habitantes, suas ruas poeirentas e subúrbios
pantanosos, mostrou muitas das cenas peculiares a uma próspera cidade do
interior brasileiro. No clarão escaldante das ruas sem sombra, vêem-se nas esquinas
e portas de venda cavalos ossudos e debilitados, esperando de pé durante horas,
enquanto seus donos, os matutos, estão entabolando seu negócio, ou conversa, lá
dentro. (...). Entre os passantes, notamos os comerciantes e agricultores
portugueses e brasileiros, com paletós pretos ou de cor, calças brancas,
gravatas vivas, e imensas correntes de relógio; vaqueiros morenos, vestidos de
couro dos gerais; mulheres morenas e negras, com xales berrantes, batas
decotadas e bordadas, saias de cores vivas e pés descalços – a maioria delas
carrega nas cabeças tabuleiros de doces, bolos, ou frutas para vender, ou então
grandes bilhas de água do rio; os barqueiros de “camisolas”, ou camisas sem
manga e pantalonas curtas, passando o dia em terra, bem supridos de cachaça e
jogando em algum telheiro aberto ou cantando alto uma barcarola do Rio São
Francisco: acrescente-se a tudo isto grupos de homens, mulheres e crianças
escorados e acocorados sob a sombra das árvores à beira-rio, ou em portas
abertas, ou onde quer que se encontre sombra, negrinhos brincando, um ou outro
porco esquálido, cachorros vagabundos e galinhas espectrais, que se conjugam
para criar a vida das ruas. As casas da classe mais abastarda têm fachadas
caiadas ou pintadas, janelas envidraçadas, cobertura de telhas, ornamentos em
estuco e portas e janelas de cores vivas, mas os interiores são vazios e
desconfortáveis; na sala de visitas vêem-se o inevitável sofá de palhinha e
jacarandá, e duas cadeiras colocadas em ângulo reto com relação a ele de cada
lado, entre as quais geralmente se estende um tapete barato e berrante,
cobrindo um pedacinho de chão de tábuas, frequentemente sujo. (...).
As lojas dos comerciantes são todas abertas para a
rua. A venda, ou armazém, tem, de um lado, tecidos de algodão e mercadorias
congêneres; do outro, cerâmica, e a miscelânea de estoques odoríferos de uns
secos - e - molhados, servindo também de loja de bebidas e bar para a discussão
de política e qualquer outra conversa. Há ainda as lojas do sapateiro, do
funileiro, do alfaiate e outros negócios de uma cidade pequena. Muitas das
transações são efetuadas na praia macia e lamacenta e consistem em grande parte
de escambo, como em quase todas as cidades do interior do Brasil.
As habitações dos pobres vão desde as casas de adobe
simples e caiadas, com janelas sem vidraças, até as cabanas de sapé, ou
verdadeiras gaiolas de paus; chão de terra, bancos ou banquetas simples,
paredes e teto enegrecidos de fumo, um pilão para pilar café ou milho, uns
poucos utensílios de barro, redes, ou camas montadas sobre cavaletes formam a
soma total de seu equipamento. (WELLS, 1995, 2 v., p. 313 a 315).
Já no século XX, o
recenseamento de 1950, calculava a população do município de Januária em
quarenta e nove mil setecentos e cinquenta e seis (49.756) habitantes.[1] Em 1962,
o grande município de Januária perdeu os distritos de Itacarambi e Missões. A
Lei n.º 6.769 de treze (13) de maio de 1976 criou os distritos de Bonito, São
Joaquim e Tejuco. Em 1982, a Lei n. 8.285 de oito (08) de outubro, criou os
distritos São Pedro das Tabocas.
Em 1992, Januária
perdeu o distrito de Pedras de Maria da Cruz e em 1995, Lei Estadual n.º
12.030, de vinte e um (21) de dezembro desmembraram os distritos de Bonito de
Minas e Cônego Marinho. A Lei n.º 1.520, de dois (02) de dezembro de 1994 criou
o distrito de Várzea Bonita. O distrito de Pandeiros foi criado em quatorze
(14) de abril de 2000, pela Lei municipal n.º 1.872.[2]
Situado na Zona do
Alto São Francisco, com sede a quatrocentos e cinquenta e quatro (454) metros
de altitude, distando quatrocentos e noventa e um (491) km. de Belo Horizonte
em linha reta rumo NNO, o município de Januária conta atualmente com uma população de sessenta e sete mil e oitocentos e
setenta e cinco (67.875) habitantes e é um dos maiores municípios do
Estado, compondo-se dos distritos: sede, Brejo do Amparo, Levinópolis,
Pandeiros, Riacho da Cruz, São Joaquim, Tejuco e Várzea Bonita. A Agricultura,
pecuária e serviços gerais são suas principais atividades econômicas.
A população de Januária, segregada pela distância,
manteve-se mais ou menos homogênea. Do resíduo ameríndio, os caiapós que,
outrora, ocuparam a região, sobrevivem tipos de mamelucos, sobretudo no
interior, adaptados ao pastoreio. Na lavoura e na pescaria, negros e mulatos
predominam. O elemento branco é o agente catalisador dessa mestiçagem
generalizada. (...).
Usos e costumes, tradições, mitos e lendas, hábitos e
linguajar retratam profunda feição arcaizante, própria de população segregada.
(...).
Na zona rural a população é rarefeita. E só na órbita
do rio, na região ribeirinha, observa-se leve densidade demográfica. (RIBEIRO,
2001, p.21).
[1]
enciclopédia dos municípios Brasileiros,
1959, Vol. XXV, p. 342.
[2]
IBGE. Disponível em:< http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/minasgerais/januaria.pdf>.
Acessado em: 07 de novembro de 2014.
OUTRAS FOTOS DA CIDADE EM 2004.
Fonte: PROTEUS
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