O PROGRAMA EDUCAÇÃO MEMÓRIA E CIDADANIA
Foto1: Equipe do Programa de Educação em Pitangui - Gerência de Difusão/Diretoria de Promoção: Alex, Vanessa, uma professora, o Diretor de Promoção, Carlos Henrique Rangel, a Gerente de Difusão: Adriana Quirino, o Prefeito: Evandro e professoras.
De 2007 a 2010, a
Diretoria de Promoção do IEPHA/MG, Gerência de Difusão sob o comando da gerente
Adriana Quirino, desenvolveu um grande programa de educação patrimonial -
“Programa Memória e Cidadania” – cujos pilotos aconteceram em 2007 nas cidades
de Paracatu e em seguida, em 2008, Pitangui, envolvendo comunidades
quilombolas, associações de bairros, Conselho Municipal do Patrimônio,
Secretaria Municipal de Educação, Secretarias Municipais de Cultura, entidades
públicas e privadas diversas e escolas estaduais e municipais.
O foco central era o
desenvolvimento de projetos de Educação Patrimonial elaborados em conjunto
entre os vários seguimentos da sociedade local nas oficinas ministradas pelos
técnicos do IEPHA.
Nos anos 2008 a 2010 o
projeto atingiu as cidades de Entre Rios, Jeceaba, São Brás do Suaçuí,
Pirapora, , Sacramento, Berilo e novamente a cidade de Pitangui.
Paralelamente nos anos 2008 e 2010 foram realizadas atividades do projeto com as escolas tombadas de Belo Horizonte, que contemplou as escolas estaduais, Barão do Rio Branco, Barão de Macaúba, Olegário Maciel, Afonso Pena, Instituto da Educação e D. Pedro II.
OS PROJETOS REALIZADOS
- Projeto em Paracatu –
2007/2008.
- Projeto em Pitangui –
2008/2009.
- 2009 – Trabalho com
os alunos do “Projovem” vinte e quatro professores e alunos envolvidos.
- Projeto Escolas
Tombadas 2008 a 2010.
- Projeto em Entre
Rios, São Brás e Jeceaba – 2008.
- Projeto em Pirapora – 2009.
- Projeto em Sacramento
– 2010.
- Projeto em Sabará /Ravena e Berilo – 2010.
1 - Os objetivos dos
projetos:
- Promover a
sensibilização cultural através de ações junto às comunidades (palestras,
cursos, cartilhas e boletins), para que absorvam os conceitos e conheçam a
realidade local com relação ao Patrimônio Cultural e possam desenvolver
coletivamente ações para valorização e preservação das produções culturais em
conjunto com o IEPHA/MG.
- Estimular a
apropriação e o uso, pela comunidade, do Patrimônio Cultural que ela detém.
- Estimular o diálogo
entre a sociedade e os órgãos responsáveis pela identificação, proteção e
promoção do Patrimônio Cultural, propiciando a troca de conhecimentos
acumulados sobre estes bens culturais.
- Levar as questões
relativas à preservação do patrimônio Cultural para dentro das escolas,
contribuindo para que o corpo docente atue como agente multiplicador.
- Incentivar a
participação das comunidades nas decisões referentes à preservação
revitalização e conservação dos marcos culturais.
- Estimular a
autoestima dos vários segmentos sociais através da valorização e reconhecimento
de suas produções culturais.
- Propiciar o
fortalecimento da identidade cultural individual e coletiva.
- Promover o estudo e a
compreensão da cultura local, destacando sua importância e sua singularidade.
- Promover o estudo
sobre os bens culturais e seus problemas, buscando soluções.
- Incentivar atividades
que ampliem a participação de diversos segmentos da comunidade visando ao
prosseguimento das ações do projeto.
- Promover a participação
das comunidades nas atividades a serem desenvolvidas pela instituição.
- Tornar acessível, aos
indivíduos e aos diferentes grupos sociais, os instrumentos e significados.
- Experimentar e
desenvolver metodologias de Educação Patrimonial, que permitam um processo
contínuo de conhecimento e compreensão e avaliação dessas ações.
- Promover a produção de novos conhecimentos sobre a dinâmica cultural e seus resultados, incorporando-os às ações de identificação, proteção e valorização do Patrimônio Cultural no nível das comunidades locais e das instituições envolvidas.
2 - O trabalho
consistiu das seguintes etapas:
2.1 - Etapas
Preliminares: Definição das ações a serem desenvolvidas.
- Preparação
do material didático a ser trabalhado: apostilas, folhetos explicativos,
boletins informativos, cartilha e outros.
- Reunião
da equipe da Diretoria de Promoção com o Conselho Municipal do Patrimônio
Cultural, a Secretária de Cultura e Educação dos municípios para explicar
as intervenções do IEPHA/MG e definir as ações do programa junto às
comunidades.
2.2 - Etapa I:
Definição da área de atuação /público-alvo e cronograma.
- Escolha
das escolas e comunidades a serem trabalhadas.
- Pesquisa
e montagem de dossiê sobre a comunidade a ser trabalhada.
- Definição
do cronograma das atividades.
2.3 - Etapa II:
Contatos e Divulgação.
- Reunião
com os representantes dos educadores, comunidades, conselheiros e agentes
culturais para definição dos participantes da oficina, (em sua maioria
agentes culturais, conselheiros e professores).
- Divulgação
do Projeto e ações: Utilização dos meios de comunicação disponíveis para a
divulgação da intervenção em todas as suas etapas, através de convites,
ofícios, matérias e entrevistas em jornais, rádio, televisão.
2.4 - ETAPA III: ATIVIDADES JUNTO À
COMUNIDADE: OFICINAS E PALESTRAS
- Planejamento
e realização de oficinas e palestras para agentes culturais e educadores
preparando para as intervenções nas escolas e comunidades.
As oficinas teriam
duração de 16 horas com exposição de conceitos, dinâmicas de grupo, visitas
orientadas a locais pré-determinados com mapas e folhas didáticas contendo
exercícios para serem realizados em campo e a elaboração em conjunto de
projetos a serem desenvolvidos nas escolas e nas comunidades.
O destaque nos
exercícios da Visita Orientada são as folhas com detalhes de edificações
situadas ao longo do trecho a ser percorrido, para serem descobertos e
identificados pelos participantes da oficina.
O exercício tem como
objetivo estimular a percepção do espaço, muitas vezes ignorado no cotidiano.
Na conclusão das
oficinas, os participantes eram divididos em grupos de acordo com suas
afinidades profissionais para que desenvolvessem projetos de Educação
Patrimonial conforme a metodologia aplicada pelo IEPHA.
Esses projetos seriam
posteriormente, monitorados pelos técnicos do IEPHA.
- Palestras
para a comunidade em vários momentos do programa para esclarecer, informar
e divulgar os trabalhos e obter aliados para a causa da preservação.
- Utilização
de Cartilhas e Folhetos Explicativos, Boletins Informativos sobre a
instituição, o trabalho a ser desenvolvido e suas etapas, mantendo a
comunidade informada sobre todas as ações do IEPHA/MG. Folhetos e/ou
cartilhas foram distribuidas em locais públicos e no local onde ocorria a
intervenção.
2.4- ETAPA IV: MONITORAMENTO DOS
PROJETOS:
- Acompanhamento,
monitoramento e orientação das atividades dos projetos elaborados em grupo
durante a oficina, por meio de e-mail e telefone e reuniões pré-definidas.
- Palestras
para as comunidades envolvidas a serem realizadas em vários momentos dos
projetos.
- Utilização
de Cartilhas e Folhetos Explicativos, Boletins Informativos sobre o
trabalho a ser desenvolvido e suas etapas, mantendo a comunidade informada
sobre todas as ações do Programa.
- Visitas
periódicas dos monitores do IEPHA/MG, pré-definidas em cronograma para
acompanhamento e avaliação das atividades dos projetos
2.6 - Etapa V:
Conclusão dos trabalhos:
- Todos
os projetos monitorados pelo IEPHA/MG culminaram em um grande evento realizado
em local público das cidades.
- Avaliação
dos Projetos e definição de novas etapas do Programa.
2.7 - Etapa VI:
Relatório Final.
- Produção
de Relatório de Avaliação e Conclusão referentes às etapas desenvolvidas.
- Produção
de documento sobre as ações a serem desenvolvidas em defesa do Patrimônio
Cultural.
CONCLUSÃO:
O grande diferencial
deste Programa foi a descentralização e a efetiva liberdade de atuação e
criação dos projetos de Educação Patrimonial pelos agentes culturais
envolvidos, permitindo o surgimento de quatro a cinco projetos por cidade ou
escolas tombadas.
Esse Programa, assim
como outros similares, após 2010 não teve continuidade apesar do seu sucesso em
todos os projetos executados. Esse é o grande problema: A falta de continuidade
devido a mudanças de gestão ou de direção.
Quem sabe um dia a
Educação Patrimonial aconteça como realmente deve acontecer.
Os projetos e mesmo o
Plano de Educação Patrimonial, continuam colocando os óculos dos técnicos e dos
professores/multiplicadores, nos olhos do público-alvo (em sua maioria
crianças).
Esquecem que o grau
deles é outro.
Ou seja: Educação
Patrimonial não é vomitar conceitos e visões pessoais na cabeça dos envolvidos
e sim dar toques e lampejos que despertem os sentidos para que possam ouvir, cheirar,
tocar, sentir o bem.
Há mais de vinte e
cinco anos repito que os bens culturais falam.
E falam diferente para
cada um de nós.
A educação patrimonial
ou - Educação para o Patrimônio - é essa pílula sensitiva que vai acabar com a
miopia, com falta de sensibilidade na pele. Educar o olfato, retirar a cera dos
ouvidos e refinar o paladar dos participantes das atividades.
Então, eu continuo
repetindo o mantra tentando, com os meus parcos recursos intelectuais,
sensibilizar os agentes culturais municipais para criarem atividades que mexam
com os sentidos dos participantes para que recordem, lembrem e passem a ouvir o
que os bens culturais lhes têm a dizer sobre a sua coletividade e
principalmente a cada um deles. Há poucas atividades realmente originais, criativas
e interessantes. São sempre as mesmas. E não há continuidade ou aprofundamento.
Projetos surgem, duram
um período e desaparecem, nunca mais voltando ou continuando com a comunidade
envolvida.
Educação Patrimonial é
um processo lento e contínuo que deveria acontecer em sintonia com as
atividades escolares; na realização do Inventário de reconhecimento de bens
culturais; na elaboração de processos de Tombamento e Registro do Imaterial,
nas vistorias técnicas, nos projetos de restauro e revitalização.
Educação Patrimonial
deveria acontecer em todas as atividades culturais de uma comunidade,
trabalhando a identificação, reconhecimento, sensibilização, difusão e promoção
dos acervos detectados em conjunto com os envolvidos.
Uma revolução que devia
ser permanente, até que se torne tão natural como o respirar.
*Carlos Henrique Rangel.
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