PROTEUS EDUCAÇÃO PATRIMONIAL 22 ANOS

PROTEUS EDUCAÇÃO PATRIMONIAL 22 ANOS

segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL - TEXTOS: O PROGRAMA EDUCAÇÃO MEMÓRIA E CIDADANIA

 

O PROGRAMA EDUCAÇÃO MEMÓRIA E CIDADANIA


Foto1: Equipe do Programa de Educação em Pitangui - Gerência de Difusão/Diretoria de Promoção: Alex, Vanessa, uma professora, o Diretor de Promoção, Carlos Henrique Rangel, a Gerente de Difusão: Adriana Quirino, o Prefeito: Evandro e professoras.

 

De 2007 a 2010, a Diretoria de Promoção do IEPHA/MG, Gerência de Difusão sob o comando da gerente Adriana Quirino, desenvolveu um grande programa de educação patrimonial - “Programa Memória e Cidadania” – cujos pilotos aconteceram em 2007 nas cidades de Paracatu e em seguida, em 2008, Pitangui, envolvendo comunidades quilombolas, associações de bairros, Conselho Municipal do Patrimônio, Secretaria Municipal de Educação, Secretarias Municipais de Cultura, entidades públicas e privadas diversas e escolas estaduais e municipais.

O foco central era o desenvolvimento de projetos de Educação Patrimonial elaborados em conjunto entre os vários seguimentos da sociedade local nas oficinas ministradas pelos técnicos do IEPHA.

Nos anos 2008 a 2010 o projeto atingiu as cidades de Entre Rios, Jeceaba, São Brás do Suaçuí, Pirapora, , Sacramento, Berilo e novamente a cidade de Pitangui.

Paralelamente nos anos 2008 e 2010 foram realizadas atividades do projeto com as escolas tombadas de Belo Horizonte, que contemplou as escolas estaduais, Barão do Rio Branco, Barão de Macaúba, Olegário Maciel, Afonso Pena, Instituto da Educação e D. Pedro II.

OS PROJETOS REALIZADOS

- Projeto em Paracatu – 2007/2008.

- Projeto em Pitangui – 2008/2009.

- 2009 – Trabalho com os alunos do “Projovem” vinte e quatro professores e alunos envolvidos.

- Projeto Escolas Tombadas 2008 a 2010.

- Projeto em Entre Rios, São Brás e Jeceaba – 2008.

 - Projeto em Pirapora – 2009.

- Projeto em Sacramento – 2010.

- Projeto em Sabará /Ravena e Berilo – 2010.

1 - Os objetivos dos projetos:

- Promover a sensibilização cultural através de ações junto às comunidades (palestras, cursos, cartilhas e boletins), para que absorvam os conceitos e conheçam a realidade local com relação ao Patrimônio Cultural e possam desenvolver coletivamente ações para valorização e preservação das produções culturais em conjunto com o IEPHA/MG.

- Estimular a apropriação e o uso, pela comunidade, do Patrimônio Cultural que ela detém.

- Estimular o diálogo entre a sociedade e os órgãos responsáveis pela identificação, proteção e promoção do Patrimônio Cultural, propiciando a troca de conhecimentos acumulados sobre estes bens culturais.

- Levar as questões relativas à preservação do patrimônio Cultural para dentro das escolas, contribuindo para que o corpo docente atue como agente multiplicador.

- Incentivar a participação das comunidades nas decisões referentes à preservação revitalização e conservação dos marcos culturais.

- Estimular a autoestima dos vários segmentos sociais através da valorização e reconhecimento de suas produções culturais.

- Propiciar o fortalecimento da identidade cultural individual e coletiva.

- Promover o estudo e a compreensão da cultura local, destacando sua importância e sua singularidade.

- Promover o estudo sobre os bens culturais e seus problemas, buscando soluções.

- Incentivar atividades que ampliem a participação de diversos segmentos da comunidade visando ao prosseguimento das ações do projeto.

- Promover a participação das comunidades nas atividades a serem desenvolvidas pela instituição.

- Tornar acessível, aos indivíduos e aos diferentes grupos sociais, os instrumentos e significados.

- Experimentar e desenvolver metodologias de Educação Patrimonial, que permitam um processo contínuo de conhecimento e compreensão e avaliação dessas ações.

- Promover a produção de novos conhecimentos sobre a dinâmica cultural e seus resultados, incorporando-os às ações de identificação, proteção e valorização do Patrimônio Cultural no nível das comunidades locais e das instituições envolvidas.

2 - O trabalho consistiu das seguintes etapas:

2.1 - Etapas Preliminares: Definição das ações a serem desenvolvidas.

  • Preparação do material didático a ser trabalhado: apostilas, folhetos explicativos, boletins informativos, cartilha e outros.
  • Reunião da equipe da Diretoria de Promoção com o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural, a Secretária de Cultura e Educação dos municípios para explicar as intervenções do IEPHA/MG e definir as ações do programa junto às comunidades.

2.2 - Etapa I: Definição da área de atuação /público-alvo e cronograma.

  • Escolha das escolas e comunidades a serem trabalhadas.
  • Pesquisa e montagem de dossiê sobre a comunidade a ser trabalhada.
  • Definição do cronograma das atividades.

2.3 - Etapa II: Contatos e Divulgação.

  • Reunião com os representantes dos educadores, comunidades, conselheiros e agentes culturais para definição dos participantes da oficina, (em sua maioria agentes culturais, conselheiros e professores).
  • Divulgação do Projeto e ações: Utilização dos meios de comunicação disponíveis para a divulgação da intervenção em todas as suas etapas, através de convites, ofícios, matérias e entrevistas em jornais, rádio, televisão.
2.4 - ETAPA III: ATIVIDADES JUNTO À COMUNIDADE: OFICINAS E PALESTRAS
  • Planejamento e realização de oficinas e palestras para agentes culturais e educadores preparando para as intervenções nas escolas e comunidades.

As oficinas teriam duração de 16 horas com exposição de conceitos, dinâmicas de grupo, visitas orientadas a locais pré-determinados com mapas e folhas didáticas contendo exercícios para serem realizados em campo e a elaboração em conjunto de projetos a serem desenvolvidos nas escolas e nas comunidades.

O destaque nos exercícios da Visita Orientada são as folhas com detalhes de edificações situadas ao longo do trecho a ser percorrido, para serem descobertos e identificados pelos participantes da oficina.

O exercício tem como objetivo estimular a percepção do espaço, muitas vezes ignorado no cotidiano.

Na conclusão das oficinas, os participantes eram divididos em grupos de acordo com suas afinidades profissionais para que desenvolvessem projetos de Educação Patrimonial conforme a metodologia aplicada pelo IEPHA.

Esses projetos seriam posteriormente, monitorados pelos técnicos do IEPHA.

  • Palestras para a comunidade em vários momentos do programa para esclarecer, informar e divulgar os trabalhos e obter aliados para a causa da preservação.
  • Utilização de Cartilhas e Folhetos Explicativos, Boletins Informativos sobre a instituição, o trabalho a ser desenvolvido e suas etapas, mantendo a comunidade informada sobre todas as ações do IEPHA/MG. Folhetos e/ou cartilhas foram distribuidas em locais públicos e no local onde ocorria a intervenção.
2.4- ETAPA IV: MONITORAMENTO DOS PROJETOS:
  • Acompanhamento, monitoramento e orientação das atividades dos projetos elaborados em grupo durante a oficina, por meio de e-mail e telefone e reuniões pré-definidas.
  • Palestras para as comunidades envolvidas a serem realizadas em vários momentos dos projetos.
  • Utilização de Cartilhas e Folhetos Explicativos, Boletins Informativos sobre o trabalho a ser desenvolvido e suas etapas, mantendo a comunidade informada sobre todas as ações do Programa.
  • Visitas periódicas dos monitores do IEPHA/MG, pré-definidas em cronograma para acompanhamento e avaliação das atividades dos projetos

2.6 - Etapa V: Conclusão dos trabalhos:

  • Todos os projetos monitorados pelo IEPHA/MG culminaram em um grande evento realizado em local público das cidades.
  • Avaliação dos Projetos e definição de novas etapas do Programa.

2.7 - Etapa VI: Relatório Final.

  • Produção de Relatório de Avaliação e Conclusão referentes às etapas desenvolvidas.
  • Produção de documento sobre as ações a serem desenvolvidas em defesa do Patrimônio Cultural.

CONCLUSÃO:

O grande diferencial deste Programa foi a descentralização e a efetiva liberdade de atuação e criação dos projetos de Educação Patrimonial pelos agentes culturais envolvidos, permitindo o surgimento de quatro a cinco projetos por cidade ou escolas tombadas.

Esse Programa, assim como outros similares, após 2010 não teve continuidade apesar do seu sucesso em todos os projetos executados. Esse é o grande problema: A falta de continuidade devido a mudanças de gestão ou de direção.

Quem sabe um dia a Educação Patrimonial aconteça como realmente deve acontecer.

Os projetos e mesmo o Plano de Educação Patrimonial, continuam colocando os óculos dos técnicos e dos professores/multiplicadores, nos olhos do público-alvo (em sua maioria crianças).

Esquecem que o grau deles é outro.

Ou seja: Educação Patrimonial não é vomitar conceitos e visões pessoais na cabeça dos envolvidos e sim dar toques e lampejos que despertem os sentidos para que possam ouvir, cheirar, tocar, sentir o bem.

Há mais de vinte e cinco anos repito que os bens culturais falam.

E falam diferente para cada um de nós.

A educação patrimonial ou - Educação para o Patrimônio - é essa pílula sensitiva que vai acabar com a miopia, com falta de sensibilidade na pele. Educar o olfato, retirar a cera dos ouvidos e refinar o paladar dos participantes das atividades.

Então, eu continuo repetindo o mantra tentando, com os meus parcos recursos intelectuais, sensibilizar os agentes culturais municipais para criarem atividades que mexam com os sentidos dos participantes para que recordem, lembrem e passem a ouvir o que os bens culturais lhes têm a dizer sobre a sua coletividade e principalmente a cada um deles. Há poucas atividades realmente originais, criativas e interessantes. São sempre as mesmas. E não há continuidade ou aprofundamento.

Projetos surgem, duram um período e desaparecem, nunca mais voltando ou continuando com a comunidade envolvida.

Educação Patrimonial é um processo lento e contínuo que deveria acontecer em sintonia com as atividades escolares; na realização do Inventário de reconhecimento de bens culturais; na elaboração de processos de Tombamento e Registro do Imaterial, nas vistorias técnicas, nos projetos de restauro e revitalização.

Educação Patrimonial deveria acontecer em todas as atividades culturais de uma comunidade, trabalhando a identificação, reconhecimento, sensibilização, difusão e promoção dos acervos detectados em conjunto com os envolvidos.

Uma revolução que devia ser permanente, até que se torne tão natural como o respirar.

*Carlos Henrique Rangel.





 

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