A IMATERIALIDADE NOS BENS TOMBADOS
2 - A Cultura e dos Bens Culturais
“Todo bem cultural tem em si uma
evocação, representação, lembrança, isto é, sobre a materialidade do bem existe
uma grandeza imaterial que exatamente lhe dá o conteúdo cultural. O bem
cultural pode ser uma cachoeira, uma casa ou uma obra de arte, mas a sua
qualidade cultural não está na materialidade, e sim no que ela representa. Não
é o material da casa, nem a água da cachoeira, nem a tela e as tintas que
revestem a materialidade de valor cultural, mas o que de forma intangível o ser
humano lhe atribuiu, seja como beleza, seja como evocação mística ou lembrança
histórica. Portanto, todo valor cultural é uma imaterialidade. Muitos bens culturais, para existir, dependem de um
bem material, que chamamos de suporte. Outros, porém, existem independentemente
de um suporte material, como a língua, a religião, as festas, o conhecimento.
Para preservar os com suporte, é necessário preservar os respectivos suportes,
mas para preservar os sem suporte, é necessário lhes dar um suporte adequado. É
claro que a língua, por exemplo, é mantida de geração em geração,
independentemente da escrita, mas para preservá-la é necessário torna-la gráfica,
anotando a pronúncia e o significado, o mesmo se dá com a dança e com o
conhecimento em geral. Daí a importância dos dicionários, enciclopédias e
almanaques.
(...)
Portanto, todo bem cultural é
imaterial, mas alguns estão intrinsecamente ligados a um suporte de tal forma
que sua preservação depende da preservação do suporte único, como é o caso
típico da arquitetura, da pintura e da escultura." (Grifos nossos).
FONTE:
(FILHO SOUZA, Carlos Frederico
Marés de. 10 – Tombamento e Registro:
Dois Instrumentos de Proteção.
Revisitando o Instituto do
Tombamento/ Coordenadores: Edésio Fernandes; Betânia Alfonsin. Belo Horizonte:
Fórum, 2010. P.165,166)
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