PROTEUS EDUCAÇÃO PATRIMONIAL 22 ANOS

PROTEUS EDUCAÇÃO PATRIMONIAL 22 ANOS

quinta-feira, 8 de agosto de 2024

História de Vida - Carlos Henrique Rangel

 HISTÓRIA DE VIDA

PARTE I
Meu nome é Carlos Henrique Rangel, filho de Zilá Costa Rangel e Carlos Athayde Rangel.
Nasci na Rua Salinas, bairro Santa Teresa, Belo Horizonte, em 12 de maio de 1958, no mesmo dia de nascimento do meu pai.
Moramos depois na rua Silvianópolis, de frente para o ''Isolado'' um hospital de tuberculosos no bairro Santa Tereza.
Minha mais antiga lembrança vem desta morada.
Marcante é a lembrança do causo dos fantasmas associados ao ''Isolado''. Diziam que após a meia noite, fantasmas de dois enfermeiros carregando uma maca atravessavam os muros altos do hospital.
O engraçado é que, sempre que lembro da estória, consigo visualizar a cena.
Outra lembrança é a do nascimento da minha irmã Tereza Cristina.
Quando ela nasceu - criança que éramos - ouvimos o choro e saímos correndo para fora de casa para ver o avião que a jogara para dentro do quarto e até o vimos.
Tereza nos foi apresentada ainda com machas de sangue e aquilo só provava que o avião a jogara de qualquer jeito.
Depois mudamos para o Bairro Sagrada Família - Rua Genoveva de Souza onde morei até os meu dez anos.
Minha lembrança mais marcante é da minha gata e seus três filhotes.
Eles foram sumindo um por um e acabei descobrindo o mistério quando só restava o ''Amaro".
Em uma noite, vi meu pai saindo de casa e pegar o Amaro. Ele abriu o portão e saiu em direção ao Campo do Sete de Setembro, mais tarde conhecido como ''Independência''. O culpado era meu pai. Quando chegou nos altos muros do campo, ele jogou o pobre gato para dentro do campo.
Voltei para casa antes dele e já sabia o que ia fazer no outro dia.
Bem cedo, fui ao campo e achei o Amaro, levando-o de volta para casa.
A surra que levei compensou.
Pai e mãe acabaram por me deixar ficar com o gato, mas disseram que seria o único que teria.
Quando mudamos para o Vale do Jatobá - em 1968 - levamos o Amaro.
A verdade é que não era por ruindade que meus pais não queriam que eu tivesse um gato.
Eu tinha sérias crises de asmas e apesar de várias simpatias realizadas com presteza por minha mãe, elas não passavam.
- Escarrar dentro de um cará que seria enterrado foi uma delas.
Um dia, minha mãe me fez comer uma carne muito salgada.
O estranho ou a coincidência, é que, nesse mesmo dia, o Amaro desapareceu e nunca mais voltou.
Até hoje não sei se era carne de coelho ou a carne do Amaro.
Mamãe nunca deixou isso muito claro.
Quando mudamos para o ''Vale'', o bairro de casas populares da COHAB ainda não tinha nem água e nem luz.
As casas pequenas e iguais nos faziam perder e errar a casa várias vezes quando íamos à bica buscar água.
Eu e minhas irmãs, Fátima, Simone e Tereza, começamos a contar as casas para encontrarmos a nossa.
Apesar de pobres, lembro de ter televisão em casa desde os sete anos.
Aquele período sem assistir TV nos atormentava mais que a escuridão iluminada por vela ou lamparina.
A luz foi se instalando no bairro aos poucos, começando lá no alto da rua 240, onde morávamos.
Então, de noite, para assistirmos a novela ficávamos no muro de uma casa olhando a televisão de um privilegiado morador.
Não ouvíamos nada, mas as imagens nos reconfortava.
Com o tempo água e luz chegaram e a vida foi se normalizando.
Outras boas lembranças desta época foram se acrescentando com o tempo e abordarei em outra postagem.

PARTE 2

Continuando a minha estada no Vale do Jatobá, uma boa lembrança de fim de semana eram os nossos passeios à Cachoeira do Coquinho que fica - se não me engano - no município de Betim.
Subíamos a rua 240, passávamos a caixa d’água do bairro, entravamos em uma trilha no mato.
Descíamos morro. Subíamos morro e novamente descíamos chegando em um pequeno riacho com uma pequena cachoeira onde nadávamos um pouco. Fazíamos um lanche e voltávamos cansados quase ao fim da tarde.
Erámos como bandeirantes desbravando o interior.
Um bando de famílias com crianças de 12 a 6 anos avançando arriscadamente em mato escorregadio.
O ponto alto era o túnel feito de pedra que chamávamos de Túnel dos Escravos.
Pouco depois da boca, havia uma escadaria cheia de musgo devido a água que vinha do seu interior.
Meninos que éramos, não arriscávamos muito além da boca, com medo do que abrigava.
Até hoje não sei o que era ou a que servia.
Outra diversão era pescar na lagoa que havia no início do bairro.
Eu costumava pescar até uns vinte peixes de uns dez centímetros, que punha em uma lata com água, para em casa colocá-los no barril com água que tínhamos em casa.
Um dia mais feliz de pescaria, eu havia adquirido bastante peixe. Cheguei em casa animado, mas ao despejar o conteúdo no barril constatei que havia sido roubado, me restando apenas uns três peixinhos.
Nunca mais confiei nos colegas de pescaria.
Outra lembrança, essa um pouco sinistra e cruel: As caminhadas para a Escola Sesi Minas – onde estudava - em época de migração de sapinhos que saiam do córrego e caminhavam às centenas para a lagoa seguindo no encostamento da estrada.
Saímos pisando-os, nos deliciando com o barulho que faziam ao serem esmagados pelos pés destes pré-adolescentes cruéis.
De triste lembrança foram as caçadas que fazia com a minha espingarda de chumbinho que ganhei do Tio Haroldo.
Ainda bem que não era muito bom de mira e matei poucos passarinhos.
Uma vez persegui um casal de coruja por todo o mato indo e voltando, para, por fim, acertar uma delas. A maior ave que já matei.
Cedinho, mesmo nas manhãs frias ouvia o grito do padeiro cortando o silêncio.
- Padeirooo!
Aquele grito, no início me parecia sobrenatural, solto no ar. Sem uma boca e garganta que o emitia.
E era mágico.
Sempre após a sua passagem, sabia que ia encontrar na sacola de pano previamente esquecida no lado de fora da porta da cozinha, uma bisnaga de pão ainda quente.
Minha mãe recolhia a sacola e logo íamos tomar café nos preparando para ir para a Escola.
Um dia o grito do padeiro ganhou boca, garganta e corpo, quando o vi pela janela.
Uma figura de jaleco e boné brancos carregando uma enorme cesta abarrotada de pão.
Seria de se esperar que a magia se diluísse após esse encontro da boca que gritava a palavra mágica, que fazia surgir o pão que nos alimentava todas as manhãs.
Isso não aconteceu. Só aumentou o respeito e a curiosidade por essa pessoa boa que entregava pão de casa em casa.
Devia ser muito rica e sem muito o que fazer para sair com chuva ou com escuridão para levar pão para todo mundo.
Havia outras mágicas e constantes presenças sem as quais o dia não nasceria bem.
Logo depois do padeiro, vinha o Luís e o seu tradicional assovio chamando os seus três cachorros.
E então o dia podia nascer com todos os seus sons, Sol e correria para ir para a Escola.
Eu corria para ir para o Colégio SESI Minas "Hamleto Magnavacca", onde chegava às seis e meia, antes de todos os alunos e professores.
Encontrava o portão fechado sempre, já que a aula só começava às sete horas.
Fazia isso desde o grupo e depois continuei a fazer quando estudei no IMACO.
Era o primeiro a chegar na porta do Colégio escondido no meio das árvores do Parque Municipal.
A diferença é que no IMACO eu tinha concorrência. Um outro aluno queria me destronar do posto de “primeiro a chegar”. De certa forma isso animava o dia. Ter um concorrente nessa disputa sem prêmio ou troféu. Mas isso foi alguns anos depois, quando voltamos para a Sagrada Família.
O Vale do Jatobá sempre foi um lugar diferente e mágico para nós crianças.
Logo quando mudamos para lá - em 1968 - não havia água nem luz e as casas da COHAB eram todas iguais.
Com o tempo, humanos que somos, fomos deixando nossas marcas nas casas.
Uma cortina, uma cor diferente, um cercado de arame.
O bairro deixou de ser um pombal homogêneo.
Depois do Vale, nunca mais vi aquele tipo de padeiro.
*Carlos Henrique Rangel.

segunda-feira, 24 de junho de 2024

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL

 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL

Em uma oficina ministrada no IEPHA, a ex-diretora do Museu de Petrópolis - Maria de Lourdes Parreira Horta - aproveitou o intervalo do lanche para mostrar a importância da Educação Patrimonial.
Chamou três das alunas e pediu que cada uma pegasse um dos três pães de queijo que havia colocado em um prato.
- Agora cada uma de vocês dê uma boa olhada no seu pão de queijo - Pediu a professora.
As alunas assim fizeram.
Logo em seguida, Maria de Lourdes pediu que colocasse os pães de queijo de volta no prato e virasse de costas.
Ela então, misturou os pães de queijo e pediu que cada uma pegasse o seu.
Então, logo depois perguntou a uma da meninas:
- Porque você escolheu esse pão de queijo?
Como sabe que esse é o ''seu'' pão de queijo?
A aluna sorriu e respondeu:
- O meu tem essa macha que o diferencia dos outros dois. -Disse a moça.
Maria de Lourdes então, concluiu:
- Só podemos reconhecer, valorizar e considerar nosso, o que conhecemos.
A Verdade é que, não há nada igual.
Nem mesmo os pães de queijo que nos parecem, a primeira vista, iguais.
Basta uma boa observação e familiaridade para que as suas particularidades nos sejam reveladas, tornando-os de certa forma, especiais para nós.
Assim acontece com os nossos bens culturais.
Quando nada sabemos sobre eles, nada nos dizem e pouco nos importam.
Mas a partir do conhecimento, vivência e familiaridade, toda a nossa relação com esses guardiões da memória, se transforma.
*Carlos Henrique Rangel.


quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

O FEIJÃO COM ARROZ DA PRESERVAÇÃO:

 O FEIJÃO COM ARROZ DA PRESERVAÇÃO: 

Esse está sendo o problema das instituições de preservação. 

Não há evolução na lida com a preservação. 

Não há planejamento e propostas para uma atuação efetiva nos conjuntos urbanos ou rurais. 

A mesmice impera na maioria das instituições, desde os anos 1990 e não vejo uma mudança deste quadro a curto e médio prazo. 

É cômodo tocar o barco fazendo o feijão com arroz azedado de sempre, fingindo preservar e apagando muito mal os incêndios que sempre acontecem quando não há fiscalização efetiva, um plano de preservação e a utilização eficiente  dos instrumentos como o tombamento, o inventário e outras leis federais. 

O futuro da preservação legal do patrimônio cultural está nas mãos de um grupo medíocre e apático, sem o mínimo interesse de repensar a atividade. 

Não há autocrítica e nem interesse de mudar as coisas. 

Estão acomodados na sonolenta mesmice de décadas e criando escola. 

Não vejo luz no fim do túnel. 

Na verdade, o próprio túnel está ameaçado. 

Penso que a solução para se avançar nos mecanismos da preservação seria a realização de seminários internos nas instituições, avaliando a sua atuação e evolução durante a sua existência. 

Isso deveria ser feito com total honestidade nos estudos e diagnósticos  sobre a atuação e desenvolvimento das atividades de proteção do patrimônio cultural e seus erros e acertos ao longo das décadas. 

Isso permitiria levantar problemas e possíveis soluções destes e a melhor forma de atuar e avançar na proteção e preservação dos suportes da memória. 

Este seminário, se bem elaborado, permitiria até mesmo a reestruturação das atividades e a elaboração de Programas de Preservação, Proteção, Revitalização e Promoção do Patrimônio Cultural.

Por não mudarmos  continuamos fazendo as mesmas coisas mal e porcamente, repetindo erros e até mesmo aumentando-os. 

A ideia não é julgar o passado, mas aprender com ele para avançarmos em uma forma melhor de atuar na proteção do patrimônio cultural. 

Mas para isso precisamos de mentes abertas e dispostas a sair da mesmice cômoda, acomodada e burocrática de funcionário público.  

*Carlos Henrique Rangel.

domingo, 3 de setembro de 2023

PROGRAMA DE PROTEÇÃO E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL ESTADUAL - ESBOÇO DE PROPOSTA

 

PROPOSTA:

ESBOÇO PARA UM PROGRAMA DE PROTEÇÃO E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

 

CONSIDERAÇÕES INICIAIS:

Não se pode pensar o Patrimônio Cultural apenas como o construído ou mesmo com o acréscimo da natureza, sem se pensar nos seres humanos atuais e suas vivências cotidianas e produções imateriais. 

O dia a dia que produz a cultura renovada, de forma lenta e dinâmica que vai além das coisas do passado. 

Afinal, as coisas do passado e as coisas naturais estão aqui e agora e são agregadoras de novos significados a todo instante.

Sem o ser humano que lhe dê significado e utilidade contemplativa e prática, não se pode falar de Patrimônio Cultural. 

Patrimônio não se sustenta sem seus vivenciadores/criadores. 

A verdade é que, os processos de proteção devem ser mais amplos. 

O ideal seria a existência de apenas um processo de Proteção que abarcasse o Patrimônio material, imaterial, espaços de convivência e patrimônio natural. 

Ou seja, um processo de Tombamento/Registro com amplo envolvimento das comunidades vivenciadoras/criadoras e que pensasse a atuação manutenção, educação patrimonial e salvaguarda a curto, médio e longo prazo. 

 O Processo já deveria conter um Plano de salvaguarda, revitalização, recriação, restauro e educação com ampla participação da comunidade envolvida. 

A verdadeira proteção deve se firmar sobre pilares: Conhecimento, proteção, conservação, preservação, fiscalização, revitalização e envolvimento das comunidades.

A seguir tomo a liberdade de apresentar um esboço de uma Proposta para um Programa de Proteção e Preservação que deverá ser detalhado, com a construção de um cronograma técnico.

 

      1- Programa de Proteção e Preservação:

           Elaboração de um Programa de Proteção e Preservação com as seguintes ações:

 

1.1 - Pesquisa e Conhecimento - Plano de Inventário de Conhecimento e Proteção do Patrimônio Cultural:

 

Para se proteger o Patrimônio Cultural do Estado de Minas Gerais temos que inicialmente, conhecê-lo e isso se faz com pesquisa e inventário de Conhecimento e proteção.

 

Faz-se necessário para a realização deste trabalho, a elaboração de um Plano de Inventário dividido em regiões previamente estudadas e identificadas, priorizando as regiões com pouca ação da instituição de proteção.

Esse Plano deve levar em conta o banco de dados do IEPHA/MG que contém   informações coletadas pelas diretorias ao longo dos anos; pedidos de avaliação para Proteção encaminhado à instituição e do acervo dos Inventários Municipais encaminhados para o Programa ICMS Patrimônio Cultural.

 

Este Plano, com cronograma bem definido para ações a curto, médio e longo prazo deve ser cumprido com seriedade e objetividade, identificando os bens culturais – materiais e imateriais que devem ser objeto de proteção em nível Estadual.

 

Educação Patrimonial: 

Para a execução do Plano é necessário um trabalho de educação realizado pela equipe da Gerência de pesquisa e identificação e Gerência específica de educação patrimonial, promoção e difusão com parceria com as comunidades envolvidas para que elas participem e colaborem na identificação destes bens culturais e nas definições da proteção mais adequada a cada bem identificado. 


 1.2 - Plano de Proteção: 

Identificados os bens culturais e definida as proteções adequadas, se efetivará a devida proteção legal de acordo com as prioridades regionais, as especificidades e características dos bens identificados. 

Essa proteção se dará por meio de Tombamento, Registro do Imaterial e outras formas de acautelamento e proteção definida em cronograma de Ação de Proteção do Plano de Proteção, aprovado pelo Conselho da Instituição, para atuação em, no mínimo quatro (4) anos, podendo ser revisto de acordo com o surgimento de necessidades imediatas.

- Os processos de proteção seguirão a metodologia adotada pela instituição para cada proteção legal.

- Os processos identificarão por meio de laudos/diagnóstico de estado de conservação, e planos de salvaguarda, as necessidades dos bens culturais. Este conhecimento do estado de conservação e necessidades serão a base para as ações de conservação, manutenção, intervenção, restauração e reabilitação dos bens culturais na próxima fase do Programa.

- Os estudos e elaboração dos processos envolverão as comunidades imediatamente afetadas por meio de um Plano de Educação Patrimonial.

 

 1.3 - Preservação Preventiva e Efetiva: 

1.3.1 - Plano de Preservação, Conservação e Revitalização:   

O Plano de Preservação dos bens culturais terá como base o diagnóstico e planos de salvaguarda definidos nos processos de proteção de cada bem e nos laudos de Conservação, Restauro e Revitalização. 

Serão realizadas ações de conservação preventivas e de restauro de acordo com as prioridades a serem definidas tecnicamente e aprovadas pelo Conselho da Instituição, tendo em vista os recursos disponíveis. Minuciosamente definidos em Cronograma para ações a se realizarem no mínimo em quatro (4) anos.

Esse Plano também levará em conta a utilização adequada do bem cultural. 

Essas ações contarão sempre com o envolvimento das comunidades imediatamente afetadas, motivadas a participarem por um Plano de educação patrimonial que acompanhará a intervenção em todas as suas fases.

 

1.3.2 – Fiscalização: 

- Plano de Fiscalização: 

Os bens culturais protegidos serão fiscalizados anualmente pela Gerência responsável, por equipes de técnicos divididas por região contando com o devido apoio das Secretarias de Cultura Municipais e setores de Proteção do Patrimônio Cultural. 

Para isso será realizado um Plano de fiscalização com cronograma anual.

Com Base nos laudos e diagnósticos elaborados, serão definidas as ações futuras do Plano de Preservação e Conservação.

Todo esse trabalho será realizado em parceria com as comunidades, envolvidas e previamente comunicadas e incentivadas a colaborarem e ajudarem conforme suas possibilidades.

 

1.4 – Promoção e Difusão: 

1.4.1 – Plano de Educação Patrimonial: 

As atividades de Educação Patrimonial serão realizadas em todas as ações do Programa de Proteção e Preservação.

Será elaborado um Plano de Educação Patrimonial em parceria com todos os setores da instituição prevendo projetos e ações durante a realização do Inventário. Proteção legal, preservação e fiscalização, envolvendo as comunidades, Secretarias de Cultura e Educação e Conselhos locais de forma efetiva e participativa.

Esse plano também conterá ações de promoção e difusão utilizando:

- A mídia local e regional na divulgação e promoção.

- Palestras e oficinas nas escolas e comunidades.

- Elaboração de folhetos explicativos e ou cartilhas.

- Publicações promocionais sobre o bem cultural e a intervenção a se realizar, etc.

 

2 – Dos recursos: 

2.1 – Recursos próprios da Instituição: 

A instituição de Proteção deverá ter recursos orçamentários próprios que serão utilizados para as viagens, manutenção das equipes e para a aquisição de material de trabalho.

Convênios e Parcerias com os municípios devem ser realizados para o bom desempenho e desenvolvimento do Programa.

2.2 - Fundo Estadual do Patrimônio Cultural:

Para a realização do Programa de Proteção e Preservação, se fará necessário a criação, alimentação e funcionamento de um Fundo Estadual de Patrimônio Cultural, com fontes de recursos previamente definidos em Lei: Orçamento próprio, Doações, multas etc.

- Recursos para Proprietários de Bens Culturais:

O Fundo deve prever a disponibilização de recursos para proprietários de bens culturais de acordo com as suas condições.

Proprietários sem recursos: Os proprietários comprovadamente sem condições econômicas para realizarem intervenções em seus bens receberão ajuda integral do fundo.

Proprietários com Recurso: Proprietários que tenham condições de arcar com os custos ou com parcela dos custos de uma obra ou intervenção, receberão recursos do fundo por meio de empréstimos a serem pagos em parcelas definidas a juros baixos ou sem juros.


                                                                                                                          03/09/2023.

Elaboração: Carlos Henrique Rangel – Historiador.


segunda-feira, 24 de abril de 2023

PISANDO EM OVOS - A PROTEÇÃO DE IMÓVEIS PARTICULARES

 PISANDO EM OVOS:

Quando o assunto é preservação de imóveis particulares de interesse de preservação, pisam em ovos.
Não só os órgãos municipais como os Estaduais e o Federal.
A política sempre ditou as regras das escolhas do que tombar e preservar.
Enquanto isso, os técnicos se acovardam e evitam discutir formulas e soluções para um problema recorrente da política de preservação.
Encontros e mais encontros sobre a preservação do Patrimônio Cultural, nunca abordam a questão como deviam e devem, de forma prática, realista e corajosa.
E há soluções, porque não é uma questão de uma solução e sim de várias. Desde isenções, políticas urbanísticas (leis de uso e ocupação do solo/planos diretores). tombamento de conjuntos, utilização de fundos destinados a bens culturais e outras que possam surgir se realmente começarem a se debruçarem sem medo sobre o assunto.
Ou fazemos isso ou assumamos que continuaremos com a prática de "onde der e a política deixar, protegeremos os bens particulares".
(Carlos Henrique Rangel).

NOVAS VELHAS REFLEXÕES SOBRE A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL PARTICULAR:

Quando se trata de imóveis particulares, os Conselhos Municipais do Patrimônio Cultural e a equipe técnica - por questões políticas e de sobrevivência - não mexem nesse vespeiro.
No caso de Belo Horizonte, há trauma com relação a tombamentos de conjuntos, devido a derrotas do passado.
Mas erros e falhas do passado não justificam a inação e morosidade na proteção do patrimônio cultural.
No entanto, não sejamos ingênuos.
As instituições refletem os seus governantes e isso vale para as instituições Estaduais e municipais responsáveis pelo patrimônio cultural.
Seja esse governante quem for, não vai querer se indispor com a iniciativa privada.
Os dirigentes, por melhores que sejam, se submetem aos prefeitos, secretários de cultura e à política destes governantes.
Sem contar as deficiências técnicas, de recursos econômicos, deficiências jurídicas e de leis de incentivos praticas para empreender a proteção, restauração e revitalização de imóveis particulares. Infelizmente, para se proteger o patrimônio cultural temos que estar dispostos e preparados para o confronto.
Os dirigentes não desejam esse confronto.
Então, a tendência é ficarmos limitados à proteção dos bens públicos e assistirmos o arruinamento dos bens particulares.
E isso não é privilégio de Belo Horizonte.
Ocorre em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, etc.

* Carlos Henrique Rangel.

quarta-feira, 12 de abril de 2023

CENTELHAS

 1280

SOBRE SOLUÇÕES DE PROBLEMAS

Há problemas e problemas. 

Alguns são de fáceis soluções. 

Outros são um pouco mais difíceis.

E há aqueles que a solução é a não resolução. 

Mas nada dura para sempre. 

Todos os problemas passam de uma forma ou de outra. 

Com ou sem solução. 

Nos cabe decidirmos se vamos tentar resolvê-los com lágrimas ou sem lágrimas. 

Com dores, menos dores ou sem nenhuma dor. 

Nos cabe remoermos e recriarmos os problemas em nossas mentes ou dedicarmos o tempo necessário para a busca de suas soluções, com calma, paciência e confiança.

De uma forma ou de outra o problema vai se diluir. 

Você já viu isso acontecer com ou sem ajuda.

Acredite. 

Vai passar.

(Irmão Paulo de Paz).


3027 

A CONSTRUÇÃO DIÁRIA

Todo dia parece igual...
Toda semana...
Mas não há nada igual...
As coisas que acontecem , acontecem a cada minuto...
Para o bem e para o mal...
É difícil fazer e construir o que é bom...
Mas destruir o que é bom e implantar o ruim é fácil...
Todos sabem do que estou falando...
Em pequenos atos e ações se destrói o que demorou anos para se construir.
Por isso a importância de se estar sempre atento ao que fazemos em pensamentos, ações e palavras.
Cada segundo importa.
Mesmo na inação, podemos construir e propagar o bem, o certo, a paz e o amor.
(Irmão Paulo de Paz).

1 - A MENTIRA E A VERDADE:
A Verdade não deixa de ser Verdade se quem a repete é uma mentira.
Uma mentira que muitas vezes está tentando se lembrar que é a Verdade.
Mas nesse processo de esquecimento e lembrança, muito mal pode ser feito, atrasando a transmissão da Verdade.
É necessário tropeçar para se erguer em novas bases.
É necessário cair para se saber em construção e ainda distante da Verdade.
(Armon Iaepaz).

3028
ONDE TUDO SE ENCONTRA:
"Não espere nada do dia.
Não espere nada dos outros ou da Vida.
Viva.
Responda aos acontecimentos e ao ritmo da existência com calma, atenção e respeito e amor.
Sem expectativas ou desejos.
Aceitando a novidade que se constrói diante dos seus olhos.
Não há nada a desejar a não ser sermos melhores que o dia anterior.
A não ser estarmos mais pertos do despertar, da lembrança do que realmente somos.
Tudo mais, de ordinário para que a Vida transcorra com a regularidade saudável e pacífica, virá.
A Vida é maior que o simples desejar e a felicidade não se constrói com coisas e pessoas externas a nós.
Não se fie em pessoas, objetos, títulos, funções para se achar feliz. Não deposite sua visão de felicidade em pessoas, coisas, lembranças ou expectativas futuras imaginadas.
Vá para casa...
Para o canto acolhedor do seu interior onde tudo o que precisa se encontra.
Você já é feliz, só precisa lembrar."
(Irmão Paulo de Paz).

3029
RELIGIÕES, DOGMAS E RITOS:
Ritos importam enquanto elos tradicionais de ligação entre os membros de uma religião ou seita.
Atribuir-lhe um valor igual ou maior que a busca pela Verdade e autoconhecimento, leva ao sectarismo dogmático que destrói a razão inicial do surgimento do agrupamento religioso, acirra o fanatismo e alimenta o ódio e o preconceito.
Um mestre definiu as cerimônias religiosas como "bolhas de sabão resplandecentes para divertir os bebes."
É o que são.
Lindas de se olhar e participar, mas pouco ou nada contribuem para a evolução e iluminação de seus membros.
O apego incondicional a uma seita ou religião e a seus rito, dogmas e lideres, não contribui para a descoberta da Verdade, que só pode ser despertada no interior de cada buscador.
Na intimidade daquele que entende o lugar das tradições e manifestações externas.
A Verdade, não necessita de religiões, dogmas e ritos para se fazer conhecida.
Lembre-se: Religiões são como um dedo apontando para a Lua.
Não se apegue ao dedo.
Olhe para a Lua.
(Irmão Paulo de Paz).

3030
LUZ E ESCURIDÃO:
Precisamos conhecer e entender nossas sombras e escuridões para abrirmos caminho à nossa luz.
Onde a luz entra não cabe mais a escuridão.
(Irmão Paulo de Paz).

3031
A PAZ E A HARMONIA
Queremos todos a paz, a harmonia, a felicidade...
Então, de onde vem a desavença, a desarmonia, a infelicidade?
Pois é... Desejamos "bons dias", "boas tardes" e "boas noites", mas a maioria de nós apenas repete palavras vazias e sem o real sentido.
Para termos paz precisamos ser pacíficos.
Para termos harmonia, precisamos sermos harmoniosos.
Para sermos felizes precisamos espalhar felicidade, fazendo outros felizes.
Para sermos queridos e amados, precisamos querer bem e amar aos que estão perto de nós e aos que estão distantes.
O egoísmo nos afasta da paz e harmonia que dizemos desejar. Paremos de desejar e comecemos a partilhar.
Partilhemos nossa companhia, nossa atenção, nosso respeito, nossa paz, nossa solidariedade, nossa harmonia e nosso amor.
Claro, para partilharmos tudo isso precisamos sermos e termos tudo isso em nós.
Pensem no que estão transformando o seus lares e os ambientes que frequentam.
(Irmão Paulo de Paz).

3032
PORTAS ABERTAS:
Somos humanos. frágeis, inseguros e carentes que não se conhecem de verdade.
Procuramos respostas fora, quando as respostas estão onde nascem as perguntas.
Algumas destas respostas insistem batendo à porta, mas fingimos não as ouvir.
Preferimos inconscientemente, a dor, as lágrimas o colo de nós mesmos.
É necessário total atenção, calma e observação para abrirmos as portas e deixarmos fluir as respostas.
Em nós se encontram todas as respostas aos nossos dramas.
(Irmão Paulo de Paz).

3033
PERDAS:
Só se perde aquilo que se tem.
Não somos donos de ninguém e nem mesmo das coisas que pensamos ser donos.
Sós viemos e sós iremos sem levar nem mesmo uma roupa. Amantes não são posses.
Se tiver essa visão em uma relação amorosa já está começando errado.
Filhos não te pertencem...
Um dia terão que bater asas e partir.
Pais e mães, no caminho natural das coisas, irão partir e você ficará. Você não é dono de ninguém e ninguém é o seu dono.
Desapego é importante para avançar no caminho com desenvoltura.
(Irmão Paulo de Paz).

3034
O QUE PLANTAMOS:
E desejamos uma Vida tranquila, pacífica e harmoniosa...
O que estamos fazendo para que ela assim seja?
Como estamos tratando nossos companheiros de caminhada?
Estamos tendo paciências para as suas falhas?
Estamos entendendo seus rompantes de raiva e desarmonia?
Ou, ao contrário, estamos nos deixando contaminar pelas energias negativas e estamos rebatendo as ofensas, as mágoas, as humilhações?
Só somos ofendidos se nos sentimos ofendidos.
Só somos magoados se nos sentimos magoados.
Só somos humilhados se nos deixamos humilhar e nos sentimos humilhados.
O mal que vem de fora só nos atinge se ele encontra uma porta aberta para entrar e nos contaminar. Espinhos e ervas daninhas são colhidas por quem planta espinhos e ervas daninhas.
Distribuamos boas sementes e teremos bons frutos.
(Irmão Paulo de Paz).

3035
ESTEJA NO ATO:
Tudo o que fizer, esteja no ato de fazer.
Difícil em mundo onde tudo acontece rápido e ao mesmo tempo.
No entanto, quem vive fazendo duas coisas ou três ao mesmo tempo, na verdade, não está fazendo nenhuma delas com o potencial que deveria.
Faça tudo com amor e com respeito ao momento, aos seres envolvidos e ao Mundo.
Tenha total atenção, respeito e compreensão a todos os seres que lhe cruzarem o caminho.
Seja feliz hoje, vivendo intensamente o hoje acontecendo.
(Irmão Paulo de Paz).

ALGUMS COISA:
Sempre faltará alguma coisa,
se essa coisa for procurada fora de nós.
(Armon Iaepaz)


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL - TEXTO: LEMBRAR

 1 - LEMBRAR :

Toda lembrança é idealizada.
Lembrar é recriar e muitas vezes inventar o passado com as cores do presente.
Assim, quando despertamos as lembranças por meio das coisas de lembrar, estamos despertando a releitura atual do que passou.
Sempre atual.
Diferente de outras lembranças anteriores e futuras.
A lembrança é alimentada, lapidada, ampliada com as emoções, situações e motivações do presente acontecendo.
Nesse sentido, as coisas de lembrar, sejam elas materiais ou imateriais, são motivadoras emocionais capazes de recriar e inventar mundos e sensações.
Os objetos e coisas de lembrar são despertadores de ideais, de frustrações, mágoas, alegrias, esperanças e de utopias.
Falam a todos os seres humanos de formas e graus diferentes todos os dias, individual e coletivamente.
Tendo essa visão da lembrança, as coisas de lembrar: Igrejas, casarões, ruas, praças, parques, fazendas, espaços diversos, objetos individuais e coletivos, ritualísticos ou do cotidiano, festas, ritos, celebrações, músicas e os fazeres tradicionais, não falam de um passado real que passou, falam das impressões deste passado em nós.
Falam do que somos hoje e do que gostaríamos de ter sido e queremos ser.
O passado passou e não pode ser lembrado como passou.
Será sempre uma idealização dinâmica.
Coisas de lembrar falam do que somos e sentimos agora.
As lembranças são motivadas sempre pelo agora.
Coisas de lembrar são caixas de surpresas de nós mesmos, para o bem ou para o mal.
Lembranças são dinâmicas, individuais e sempre contemporâneas.
E se somam às lembranças dos outros indivíduos dos nossos grupos menores e dos grupos maiores da sociedade.
Definem e ditam a relação com a coletividade e as coisas de lembrar.
Coisas de lembrar são obras abertas que estão sempre prontas para nos falar.
Não nos esqueçamos, que somos nós do presente, que atribuímos valores ao bens culturais por meio do passado que habita em nós através das lembranças sempre ressuscitadas e idealizadas no cotidiano.
Deixem que os bens culturais falem.
Deixem falar as lembranças.
(Carlos Henrique Rangel).

2 - LEMBRE-SE:
A principal razão e motivo da preservação dos chamados bens culturais, é te religar à origem individual e coletiva, te lembrando de onde veio, como veio e o que está fazendo aqui.
O censo de pertencimento se fortalece com as lembranças e as lembranças se avivam com as coisas que fazem lembrar, sejam elas materiais ou imateriais.
Nisso se reside o poder dos denominados bens culturais:
O de de fazer lembrar de nós mesmos e de nosso elo com a nossa coletividade.
Lembrar é uma ação individual única e intransferível, já que cada vivência, mesmo que compartilhada com um grupo, é diferente de indivíduo para indivíduo e está sempre sujeita a mudanças dependendo do estado de espírito de cada um.
Ninguém lembra igual e com os mesmos sentimentos, um acontecimento, um momento, ainda que vivido coletivamente tendo como palco um lugar ou um espaço construído.
Nenhum objeto de lembrar falará da mesma forma aos indivíduos de uma comunidade, por mais homogênea que seja.
Que poder tem um bem cultural...
Singelo que seja, um objeto de lembrar possui a capacidade de tocar dezenas, centenas, milhares, milhões de seres de formas e maneiras diferentes, sendo, com tudo, elo de ligação destas individualidades irmanadas no ato de lembrar de algo caro a todos.
Assim, o bem cultural tem o poder de realçar o senso de cumplicidade coletiva.
Por isso preservamos.
Para continuarmos vivendo com qualidade de vida e nos sentimos parte de algo maior e mais importante.
Lembre-se: Essa é a razão de se preservar aqueles bens que uma comunidade atribuiu o título de Patrimônio Cultural.
(Carlos Henrique Rangel).

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